segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Viagens Pelos Mundos ( parte 2 ) o Planeta Thronos


Vida! Viagens Pelos Mundos. Vol.2
Por Antonio Bencardino

Prólogo
Ao segurarem sua mão, Isabele passou e lhes falar telepaticamente e lhes mostrou através do pensamento o que verdadeiramente aconteceria no caso da guerra ter sido deflagrada. A visão do inferno estava agora em suas mentes e antes mesmo que pudessem fazer alguma pergunta, ela desapareceu instantaneamente de suas vistas e quinze segundos depois reapareceu com uma flor típica e única em Turynon entregando-a a Rainha Ava. Naquele momento, Ava deixou sua arrogância de lado e compreendendo que os feitos de Isabele estavam realmente acima da sua compreensão agradeceu pela flor e generosamente a abraçou deixando um comentário final. 
Introdução
O Universo está repleto de vida e não obstante, muito parecidas com a que aqui conhecemos. De certo, ainda não possuímos essa certeza, pelo simples fato de não termos a nossa disposição equipamentos que possam comprovar a veracidade de tal informação. Entretanto, ao olharmos o firmamento, não podemos crer que tudo se configure apenas para nos recriar as vistas e deslumbrarmos de forma apaixonada, tão belo espetáculo da criação. Apesar de não termos tecnologia que venha nos elucidar sobre tão fabuloso acontecimento podemos intuir que, dia menos dia, obteremos essas certezas, não só em relação às buscas que fazemos, mas também a mesma busca feita por parte de outros seres em condições similares as nossas. Este prazo tem data certa para seu vencimento e não tardará a proximidade de tais contatos, momento este em que nossa civilização deixará de pensar como sendo única, integrando-se de forma iniciativa, a vastidão de mundos completamente habitados por seres de inteligência de igual, superior e inferior a nossa. 
Podemos começar a compreender tal afirmação, se vasculharmos desde o passado remoto, os relatos que nos são trazidos até os dias atuais, sobre contatos de Deuses e seres de natureza desconhecidas, muitas vezes relatadas como sendo divindades, por ocasião do desconhecimento que nossos ancestrais possuíam. 
Por outro lado, também podemos concluir que esses seres por algum motivo, deixaram de se comunicar de forma expressiva como faziam, por entenderem que ainda estávamos muito distantes de suas expectativas, não compensando assim suas interferências. 
Hoje, nos encontramos em patamares de compreensão bem acima do que tínhamos outrora, mostrando com que desta forma, suas intervenções possam ser mais coerentes e quiçá justificadas em outras esferas. 
Partindo deste princípio, podemos até mesmo supor não estarmos aptos a tais encontros, mas de mentes abertas e alertas a estas questões, certamente conseguiremos nos transportar a novos mundos realizando assim o descobrimento de muitos mistérios que cercam nossa existência. 
Sinopse
De acordo com a própria evolução humana, no Século XXVII, Isabele Constantine se propôs a uma saga no mínimo surpreendente e inusitada.
Os homens já se comunicavam telepaticamente e ao se entregar a estudos e pesquisas desenvolveu um equipamento capaz de transportá-la a qualquer parte do incomensurável Universo.
Descobriu inicialmente que este mesmo Universo está repleto de vida e não obstante, habitados por seres humanos, pessoas como nós vivendo experiências que se diferenciam apenas no estado evolutivo comprometidas apenas com épocas diferentes em relação há seu tempo.
A oportunidade de poder estar presente entre estes seres, obviamente permitiu o equívoco de a considerarem como Deusa. Relutante, ela tenta mostrar e provar que seus feitos não são divinos, mas oriundos dos efeitos causados por esta mesma evolução em curso, o que no futuro, também serão alcançados por eles.
As questões de religiosidade e fé transformaram-se em dilemas obrigando a protagonista a tomar decisões espetaculares interferindo significativamente no adiantamento desses povos.
Capítulo 17 
Entre o Céu e a Terra 
Depois volta a Terra, Isabele se mantém incógnita e remodela seu apartamento para um pequeno laboratório, se aprofundando em pesquisas científicas e estudos inovadores que possam lhe garantir melhor aproveitamento quando de sua estada em outros Planetas. Ela decidiu definitivamente estar ligada ao movimento evolutivo de civilizações que se encontram em estado similar ao vivenciado em Yron e, portanto, dependeria de novos instrumentos e máquinas que pudessem lhe auxiliar nesta nova missão. Durante este último ano, voltou a Yron incognitamente por três vezes e constatou o quanto seus préstimos foram importantes para o legado que lá deixou. Concluiu ter sido bem compreendida, não se fazendo serem mais necessárias outras aparições o que justificaria sua intenção em desbravar novos mundos, fato determinante para sua reclusão. Fez oito aparições em novos Planetas, todos com breve passagem e de acordo com o que viu apenas o quarto Planeta chamado de Thronos, há 1500 anos luz da Terra lhe pareceu estar em conformidade com seus planos. Thronos, depois de Yron seria o Planeta de sua nova aventura. 
Capítulo 18 
O Planeta Thronos 
O Planeta Thronos está situado na nebulosa NGC7000, distante da Terra 1500 anos luz, na constelação de Cisne. É um Planeta alaranjado e suas dimensões correspondem ao raio equatorial similar ao de Marte, ou seja, tem aproximadamente a metade do tamanho da Terra. Thronos é iluminado pela estrela Deneb, tão grandiosa que está classificada dentre as vinte mais brilhantes visíveis aqui da Terra. É uma estrela gigantesca, sendo 110 vezes maior que o Sol. Por não possuir Lua, as noites de Thronos, são iluminadas pela Poeira Cósmica da Nebulosa América do Norte, que se expande nesta mesma Constelação. A intensidade da luz noturna permite excelente visibilidade e um lindo visual à parte. Seres com as mesmas características humanas são residentes neste Planeta, eles acreditam no Deus Mor e no Deus Aton. A divisão territorial do Planeta está constituída apenas por duas “Pátrias” denominadas Bacary e Turynon, onde a primeira, situa-se ao Norte louvando ao Deus Mor e destaca-se em armamentos. A segunda em religião, que louva o Deus Aton, mas não é desprovida de armas, apesar de não estar à altura das de Bacary. Bacarynos e turynosenses travam batalhas sangrentas desde os primórdios pela discordância na distribuição de renda, devido às terras do Norte se constituir na supremacia do extenso predomínio de terras ricas em jazidas de ouro e diamantes, enquanto que no Sul, a pobreza impera numa terra aparentemente estéril e desolada em termos de riquezas naturais. Seleno, Rei de Bacary exerce seus poderes na região há oito anos e neste período formou seu exército a partir da distribuição de uma parcela destas riquezas aos seus legionários, enquanto Argon exerce soberania em Turynon, se utilizando de recursos religiosos e políticos, a fim de expandir e adentrar na terra vizinha. Thronos é um mundo medieval e ambos os povos se expressam em língua semelhante à portuguesa. 
O Mar divide o Planeta em dois hemisférios: 
O povo de Turynon se especializou na construção naval, enquanto o de Bacary tem suas fronteiras reforçadas e espera de possíveis ataques a sua região. Em outros tempos, Bacary fora invadida por Turynon, mas foram expulsos daquelas terras, pelos comandantes de outrora deixando as civilizações seguintes em alerta a essas possíveis invasões futuras. Seleno tinha plena consciência de que um novo ataque era eminente, pelo fato de manter em terras estrangeiras, espiões infiltrados junto aquela Nação e novos confrontos não tardariam a acontecer. 
Capítulo 19 
A escolha de Isabele 
Isabele fez várias investidas em Thronos com o objetivo de estar preparada antes de se estabelecer por determinado período naquele Planeta. Estudou a era medieval vivenciada na Terra, hoje considerada idos de um tempo remoto e absorveu tudo que podia aprendendo e resgatando personagens daquela ocasião. Sentindo-se preparada e devidamente produzida ela fazia os últimos ajustes em “Magno”, seu inseparável micro computador de bolso, para lhe auxiliar nesta nova missão. Assim, concentra-se em Thronos e prontamente desaparece do seu apartamento  deixando para trás seu Planeta de origem indo diretamente as cercanias de Turynon. Idealizou um lugar ermo próximo ao povoado que centralizava a maior concentração de turynosenses, por onde julgou ser melhor começar sua investida. Lá chegando, deparou-se com uma floresta repleta de árvores que se distinguiam daquelas conhecidas na Terra. Eram árvores avermelhadas, de frutos e flores distintos, de cores e sabores surreais. Usou o GPS de “Magno” que lhe indicou exatamente a localização do povoado e buscou esta direção. Isabele tinha ciência de que nesta época a mulher não tinha nenhuma expressão e não raro era submetida e subjugada aos desejos masculinos, motivo que a levou a se vestir e a usar truques de maquiagem facial para tornar-se desfigurada e feia aos parâmetros de beleza, a fim de não ser desejada sexualmente pelos homens daquele tempo.
Infiltrada junto aos camponeses, pode perceber o quanto aquela sociedade era desprovida de recursos básicos. Moravam em cabanas, mulheres e crianças trabalhavam no campo recolhendo algo parecido com o trigo, enquanto os homens ficavam na esbórnia, celebrando e contando vantagens uns aos outros, cercados de farto vinho e prostitutas a seu bel prazer. Outros ensaiavam lutas ou manipulavam suas espadas, prontos para defender suas terras ou aos interesses de Argon, seu Rei. 
Se fosse só isto seria bom demais, pessoas morriam as pencas: Homens em batalhas ou por ferimentos mal tratados. As mulheres que eram obrigadas a usar o famigerado “cinto de castidade”, que possuía apenas os dois orifícios próprios as suas necessidades, não permitia asseio adequado, onde fezes e urina contribuíam com doenças irreversíveis levando as infelizes à morte, sem contar com maus tratos e doenças infecciosas. Por fim, as crianças, que quando vingavam de um parto completamente inadequado, normalmente viravam órfãos de suas mães e eram abandonadas a seu destino. Os meninos que conseguissem chegar à adolescência, quando de muita sorte, eram recrutados por cavaleiros conseguindo assim tornarem-se homens (futuros cavaleiros), completando este círculo vicioso de horrores, por extenso período de tempo. 
Obviamente, Isabele estava imune a todas as doenças desta época e sua intenção era pelo menos colaborar de forma que tais sofrimentos fossem abrandados com sua intervenção. Após constatar essa triste realidade, decidiu conhecer de que maneira o outro povo vivia e tomada por um breve impulso certificou-se não estar sendo observada e partiu para as terras do Norte. Da mesma forma como em Turynon, surgiu em Bacary em um lugar ermo e pacato que a primeira vista lhe pareceu ser um milharal. Isabele agora estava nas extensas terras de Seleno. Mais uma vez pediu ajuda a “Magno”, que como uma bússola, apontava para um monte, cerca de dois quilômetros de onde se encontrava. Desapareceu e apareceu mais próxima do lugar indicado pelo aparelho, mas ainda dentro da jurisdição daquele milharal, evitando assim se expor ao intenso Sol que estava a pino. Ao aproximar-se do monte, viu um castelo e no seu entorno muitos camponeses trabalhando sob aquele intenso calor. À medida que adentrava na comunidade percebeu que todos a olhavam, como se quisessem saber quem era aquela estranha. Ouviu o trotar e dois cavaleiros que a cercaram: - Quem és tu e o que fazes aqui? 
- Sou de outra Província e procuro trabalho. 
- O que sabes fazer? 
- Sei ler e escrever. - Aprendi com mestres da escrita em minha juventude. 
- Venha conosco, me dê a sua mão e suba no lombo do cavalo. 
Isabele lhe deu a mão e quando se deu conta, já estava sentada no animal com as pernas para o lado. Riu consigo mesma ao deduzir que tinha sido mais rápido que a viajem com o chip. 
Os cavaleiros subiram o monte e adentraram no castelo levando Isabele a presença de seu Rei. 
- Meu Rei, esta mulher diz saber ler e escrever, por isso a trouxemos até vossa presença. 
- Sabes ler e escrever mulher? 
- Sim Senhor. Exclamou Isabele. 
- E como te chamas? 
- Isabele. 
- Tens um belo nome para uma mulher tão acabada. 
- A vida não tem me sido fácil Senhor. 
Seleno pegou um pergaminho e entregou-o a Isabele dizendo: Prove-me que sabes ler e estarás empregada aqui no castelo para ensinar meus filhos. Agora leia! - Não espere! - Os dois retirem-se! - Leia! 
Tão logo os cavaleiros saíram, Isabele começou a leitura do pequeno trecho que dizia: 
- “Meu Rei, o ataque dos turynosenses já está planejado. Eles embarcam em três dias”. 
- Não comentes com ninguém o que acabou de ler. Escreves com a mesma destreza com que leste? 
- Sim meu Senhor! - Aprendi na província de Alboin com mestres da escrita, quando ainda era jovem. 
- Aqui será tua morada e terás um aposento só para ti e livre trânsito no castelo. Compartilharás da nossa comida e nada lhe faltará, entretanto, não me decepcione ou conhecerás minha outra face. 
Seleno assoviou estridentemente e dois jovens imediatamente se fizeram presentes, eram Argeu e Silas, seus filhos que aparentavam idade de 12 e 14 anos respectivamente. 
- Esta é Isabele, ela vos ensinará a ler e a escrever, não meçam esforços neste aprendizado. Agora, mostrem-na o castelo e deixe-a escolher um aposento. Amanhã pela manhã, já quero ver os dois empenhados nos seus ensinamentos. Vão! 
- Sim meu pai! - Vamos Isabele. 
- Obrigado Senhor. 
Isabele ficou no primeiro aposento que lhe fora mostrado dizendo ali estar ótimo e de acordo com sua vontade. Silas, o mais velho, lhe mostrou um banheiro próximo ao seu quarto e logo depois fez questão de apresentar alguns serviçais do castelo, cada um com atribuições próprias e específicas ao trabalho de limpeza, cozinha e também aqueles ligados diretamente aos serviços dos soldados que moravam em suas dependências, com o objetivo próprio de proteção ao mesmo. 
Quando a noite caiu, Isabele participou do primeiro banquete naquele Planeta. Foi servida uma carne de sabor adocicado, que em muito se assemelhava ao carneiro, batatas assadas e uma espécie de verdura com sabor parecido ao da couve. A mesa, apenas o Rei, seus filhos e Isabele. Apesar de rudimentares, os talheres cumpriam suas funções adequadamente e tão logo, Isabele os usou, o Rei se pronuncia: 
- Sabes usar os talheres com as mesmas destrezas que lês e escreves, nota-se uma mulher com habilidades e princípios diferentes dos habituais. 
- Sim, meu Senhor. Apesar dos reveses por que já passei, também tive a oportunidade de aprender como me comportar junto à realeza, pois que as leituras que estudei, ensinavam por teorias estes procedimentos. O jantar transcorreu em silêncio e tão logo terminaram a refeição, todos se recolheram aos seus aposentos. 
Da janela do seu quarto, Isabele observava a noite. O céu, muito estrelado se confundia com a extensa poeira cósmica, que rebrilhava ao infinito mostrando a ondulação do imenso “milharal” que sacolejava como ondas trazidas pelo vento de Thronos. Era realmente um visual magnífico e singular visto do castelo. 
Ao amanhecer, se preparou e iniciou aquilo que agora seria sua rotina pelo menos durante o tempo necessário não só ao aprendizado dos meninos, como também aos planos que havia idealizado. Não raro, Seleno participava das aulas e estava fascinado principalmente com os ensinamentos das aulas de matemática tornando-se o aluno que mais perguntava sobre aqueles fundamentos. 
 Aos poucos, Isabele ganhava confiança e seus méritos reconhecidos pelo Rei, mas Seleno se mostrava irritado por ter que interromper seu aprendizado, para cuidar dos detalhes da invasão dos turynosenses. 
A travessia do Mar de Thronos em conformidade com aquelas naus era de pouco mais de trinta dias e já se haviam passados a metade desse tempo, este era um motivo mais do que suficiente para as preocupações do Rei, que doravante passa a verificar pessoalmente as estratégias esboçadas pelos mais competentes guerreiros de seu exército.
Naquela noite durante o jantar, após Seleno se vangloriar do seu exército dizendo que seus inimigos não teriam a mínima chance e que certamente seriam massacrados, Isabele se arrisca a uma pergunta: 
- Meu Senhor, esta guerra não pode ser evitada? - Afinal, muitos bacarynos também  irão perecer? 
- O que sabes sobre guerras? - Perderemos pessoas do povo e alguns soldados, mas eles perderão muito mais e nossas terras serão preservadas. 
- Perdoe-me Senhor, não é minha intenção questionar ou duvidar de suas sábias palavras, nem tão pouco interferir ou me opor a sua disciplina, mas já se indagou se o exército de Argon não vem em número maior de soldados e que certamente o ataque agora iminente vem sendo planejado há muito tempo, isso não poderia colocar em risco todo o território bacaryno? 
- Serão sumariamente massacrados, não tenho dúvidas disto. 
Percebendo que suas palavras em nada mudariam as concepções de Seleno, Isabele termina seu jantar e pede licença para se retirar aos seus aposentos. Ela estava inconformada de como a brutalidade se sobrepunha ao discernimento e não vendo mais alternativa resolve agir por conta própria. 
Capítulo 20 
A primeira intervenção no Planeta Thronos 
Era o décimo sexto dia da viagem de Argon pelos mares de Thronos e uma esquadra de aproximadamente cem navios cruzava o oceano com a determinação própria de um povo sacrificado e cansado disposto a mudar o rumo da história, entretanto, jamais poderiam imaginar os fatos que estavam por vir. 
Disfarçada de guerreiro, Isabele infiltra-se no navio de Argon e já estando com tudo previamente elaborado ela aguarda o momento certo para por em prática uma aparição espetacular.
O Mar estava calmo e o silêncio era quebrado apenas pelo movimento das águas e por intenso burburinho daqueles homens que contavam casos enquanto enchiam a cara de vinho e trocavam desaforos como forma de rolar o tempo. Era uma noite bem limpa e tudo parecia estar de acordo com os planos elaborados.
De um lugar privilegiado tomou “Magno” em suas mãos e o apontou a sua frente atribuindo-lhe vários comandos: 
Repentinamente aquela calmaria foi rompida. Primeiro com fortes relâmpagos seguidos de estrondosos trovões, depois por uma luz branca que se expandia e diminuía motivo pelo qual fizesse com que todos os navios fossem parando até o silenciar absoluto daqueles homens que se entreolhavam estupefatos diante a tais acontecimentos. Por fim a luz se elevou e expandiu até transformar-se em uma imagem humana gigantesca, que agora pairava sobre as águas apesar de medir incríveis 20 metros de altura.
- Voltem as suas terras, de onde nunca deveriam ter saído.
Argon pensou que aquele ser colossal era o Deus Aton. 
- Senhor, nossas terras são desoladas e nosso povo está morrendo, enquanto os bacarynos são prósperos e nada lhes falta. 
- Em suas terras, somente as mulheres trabalham, não tendo forças para cultivar, enquanto vocês, só pensam em tomar o que é de direito dos outros. Pois eu vos digo, suas terras não são desoladas e a riqueza que tens é maior do que podem imaginar. 
- Não temos ouro, nem diamantes, como podemos crer que nossa riqueza é maior? 
- Cultivem a terra e nunca tereis fome, enquanto outros não poderão comer do ouro e do diamante. Agora façam o que vos ordeno, voltem as suas terras ou conhecerão minha ira. Subitamente, aquela imagem desapareceu como num passe de mágica. Atônitos os comandantes aguardavam o pronunciamento de Argon: 
- Homens de Turynon, é o desejo de Aton que não entremos em combate com bacarynos. Então, assim o faremos. Vamos voltar!
Isabele ficou ali por cerca de mais uma hora até que todos os navios retomassem o curso para o Sul e não tendo mais o que fazer voltou ao castelo de Seleno.
Inconformados, Argon e sua esquadra voltaram a Bacary enquanto os rumores do que havia acontecido em alto mar era comentado por todos até chegar aos ouvidos de um espião de Seleno, que sem perda de tempo, lhe enviou um mensageiro explicando desta forma o motivo pelo qual o ataque fora interrompido.
Seleno acreditou ser a interferência de Mor, seu Deus junto ao exército de Argon, que o fez retroceder e em sua louvação expede um pergaminho dirigido a todos bacarynos consagrando aquele dia como sendo feriado oficial. 
Chamou seus filhos, os homens do alto comando e também a Isabele para participar da  pequena reunião. Sua intenção era obter a opinião pessoal de cada um deles a respeito da suposta aparição do Deus de Argon. Com todos os presentes, assim inicia a confabulação: 
- Como todos sabem o que aconteceu em alto mar com a esquadra de Argon, independente de ser falso ou verdadeiro, evitou a perda de muitos homens, mas eu os convoquei com a intenção de saber a opinião pessoal a respeito dessa suposta aparição. O que me dizes Silas? - Meu Pai! Acho que o Deus deles não queria essa batalha. 
- E você pequeno Argeu? 
- Ele era muito grande e ficou com raiva. 
- Herades o que achas? 
- Meu Senhor! Não acredito em tal aparição, inclusive acho que os turynosenses ficaram com medo e desistiram de nos atacar. 
- E você nobre Percival? - Creio em Mor, não em Aton. Assim como Herades, avalizo suas palavras. 
- E tu Rogel? 
- Baboseiras, tudo baboseiras, Meu Senhor! 
- Isabele? 
- Senhor! - Não acredito ser o Deus Aton quem apareceu a Argon e seus homens, mas sim uma divindade conciliadora, com o propósito de não permitir o derramamento de sangue entre as duas Nações. 
- E porque achas ser uma divindade e não o Deus Aton? 
- Porque os Deuses, por mais que supliquemos não podem nos dar ouvidos. A resposta de Isabele estava diretamente ligada aos pensamentos de Seleno, pois que apesar das intensas súplicas, teve a morte de sua amada mulher, Lucila em seus braços sem nada poder fazer. Naquele instante Seleno pediu que todos se retirassem menos Isabele, que ficou ali a espera de novas indagações por parte do Rei. 
- Eu supliquei a Mor, com todas as minhas forças e não obtive nenhuma resposta quando Lucila me deixou, por isso, suas palavras foram as de maior relevância para aquilo que penso. 
- Senhor! Se me permites a ousadia, Vós não a perdestes, mas a tivestes e isso vale por mil súplicas. 
- És sábia mulher e eu gosto disto. - Diga-me, o que pensas sobre os Deuses? 
- Os Deuses estão muito acima de nossa parca compreensão. Eles não interferem, beneficiam ou nos castigam, apenas regem aos mundos que por Eles mesmos foram criados.
 - Mas como explicas a suposta divindade que apareceu aos Turynosenses? 
- Divindades são entidades justas que exercem o labor de manter em equilíbrio os povos que coexistem num mesmo lugar. 
- Então acreditas que podemos viver em comunhão com outros povos? 
- Desde que o respeito seja bilateral e colaborativo. Seleno colocou a mão no queixo e ficou divagando sobre aquelas palavras. Olhando para o nada, então pediu que Isabele se retirasse. 
Capítulo 21 
Um tempo de paz 
Argon estava convencido de que tal aparição ocorrida em alto mar era o Deus Aton e agora pregava nova conduta por parte do seu povo tendo em mente as palavras proferidas por Ele.
- Povo de Turynon. Aton nos falou em alto marque nossas terras não são desoladas e que não comeremos ouro nem diamantes. Entendo que Ele quis dizer que devemos cultivar nossas terras e trabalhar para que não nos falte alimentos  prosperando assim por nossos méritos. Homens de Turynon, suas batalhas doravante deve ser no campo, no plantio e na colheita junto a suas mulheres e filhos. Deveis deixar suas espadas em casa e só usá-las se necessário for defendendo vossa honra e a de suas famílias. Quando Ele nos ordenou para que voltássemos,  nós não cometemos ato covarde e hoje entendo que por esta razão, nenhum homem sucumbiu nos campos de batalhas. Agora os vejo com seus filhos nos braços junto as suas mulheres. Estamos intactos e firmes em nossos propósitos, cientes e obedientes ao Deus Aton. Nossos inimigos não nos incomodam e desta forma vivemos em paz. Eles não podem comer o ouro ou o diamante e cedo ou tarde, eles precisarão dos nossos alimentos. Nesse tempo, nos pagarão com seus metais preciosos. A prosperidade chegará ao povo de Turynon.
Os guerreiros de Argon, agora atiraram suas espadas ao chão proferindo o nome de Argos. Tementes aos presságios constatados pela maioria e que também estavam nos navios de guerra, eles então abraçaram a nova causa. 
Após a breve reunião, voltaram aos afazeres habituais, onde as mulheres retornaram as suas casas e os homens as tavernas se entregando aos vícios e a ebriedade que já era costumeira. Mas naquela noite em especial as conversas foram conduzidas por um pensamento em comum, aquela que expressava o mais profundo sentimento do árduo trabalho que a partir de então, deveria ser executado não só pelas mulheres como também pelos membros masculinos daquela sociedade. De certa forma e por serem tementes a Aton, aqueles homens haviam baixado suas guardas, porém no mais profundo íntimo, o espírito guerreiro se sobrepunha as suas vontades, motivo pelo qual e principalmente após intensa bebedeira, muitos esbravejaram e reclamaram ao seu Deus, principalmente por estarem cientes que aquela vida fácil estava por se encerrar. Outros tantos, de comportamento mais sóbrio planejavam a compra de mais terras e a expansão de seus pequenos lotes territoriais. Alguns deles, se aproveitando dos que estavam mais alcoolizados fecharam negócios naquela mesma noite. As palavras de ordem em Turynon eram “plantio e expansão territorial”. 
Do vasto campo, agora se viam os imensos lotes de terras que prosperavam com as plantações de trigo e vários outros cereais. Guerreiros denominaram-se Senhores e obviamente não fugiam aos olhos dos espiões de Seleno, que o mantinham sempre bem informado e como se encaminhavam as transações daquela região. Argos arregimentou parte dos guerreiros que passaram a receber treinamento básico de estiva, dedicando boa parte do seu tempo na transformação dos navios de guerra para fins de transporte mercantil iniciando desta forma a base para alguns portos em sua extensa Pátria. 
Aclamado nos portos por onde atracava Argos não deixava de relatar a seu povo os acontecimentos sucedidos em alto mar e aquela história então, se configurava uma lenda viva, que impulsionava Turynon a outros patamares sem precedentes e que dignificavam suas proezas e massageavam seu ego. Ele tinha plena convicção de que não tardaria o momento em que as relações comerciais com Seleno em Bacary, se fariam inevitavelmente necessárias e considerava suas viagens internas parte essencial do treinamento aos seus homens.
Em Bacary, Seleno relaxava e seu tempo era dividido em suas atribuições de Rei e ao aprendizado da matemática ministrado por Isabele. Ele gostou tanto que ordenou não ser incomodado no período da tarde, quando então estaria totalmente a disposição de sua mestra para este fim. 
O tempo se arrastava e o relacionamento entre ambos se tornava cada vez mais forte. Várias foram às vezes que durante as aulas, assuntos diversos eram tratados como se Isabele fosse uma espécie de consultora, razão pela qual Seleno não dava passo, sem antes obter a opinião pessoal da “professora”. 
Seleno era um homem alto que beirava os quarenta anos, forte e musculoso, com algumas cicatrizes que não escondiam as batalhas travadas em sua vida, mas que as carregava com orgulho mostrando o lado sombrio dos caminhos que havia percorrido e que hoje dignificavam o posto em que se encontrava. Viúvo de Lucila há dois anos, adquiriu em Isabele a confiança que outrora havia sido ocupada por sua amada esposa. Este sentimento mudaria o rumo da história.
 Capítulo 22 
Seleno se declara a Isabele 
Silas e Argeu passaram mais uma manhã em seus aprendizados e tudo transcorria normalmente no castelo. Isabele se preparava para o almoço e também reunia elementos para o período da tarde, quando seria a vez do Rei como acontecia diariamente. Ao entardecer, os dois adentraram o grande salão e as portas foram fechadas. 
- Senhor! Compreendestes os cálculos de porcentagem? 
- Sim, Isabele. Mas hoje não quero estudar, eu quero conversar com você. Como bem sabes, sinto-me sozinho e tu, tens sido muito importante para mim. O carinho com que nos trata e a confiança que me transmites, levaram-me a conclusão de que preciso de outra chance, outra mulher e tu, Isabele é minha escolhida, o que me dizes? 
- Meu Senhor! Sinto-me honrada, mas tenho consciência de que sou uma mulher feia e acabada e por este motivo mereces alguém que esteja a sua altura, tanto em dignidade como também de melhor formosura. 
- Tu és digna Isabele e a formosura a que te referes, no entanto, são encantos que não aprecio em outras mulheres. 
As palavras proferidas por Seleno tocaram o coração da jovem Isabele, que desde os tempos de Gabriel não ouvia expressões tão profundas e de grande pureza, mas também sabia que tal relacionamento poderia por em risco seus propósitos naquele Planeta. Assim, não vendo melhor alternativa, resolveu lhe dizer toda verdade: 
- Posso te chamar de Seleno? 
- Prossiga. 
- Seleno! Preciso te dizer a verdade. Não sou quem pensas que sou. 
- Como assim? 
- Para mim, é extremamente delicado abordar tal assunto. Preciso que mesmo não compreendendo entendas e acredite no que tenho para te revelar, está preparado? 
- Estou intrigado e quero saber. 
- Não sou deste mundo! 
- Ah! Não me faças rir. Ha ha... Então de onde viestes, do além? 
- Não te assustes, vou ao campo e já volto. Põe a mão no ouvido esquerdo e desaparece diante aos olhos do Rei. Ao retornar, alguns segundos depois traz em suas mãos um ramo de trigo e o oferece a Seleno. 
- Como? - Tu és uma Deusa? - Uma bruxa? 
- De onde venho eu tenho poderes que não podes intuir, mas não sou Deusa e muito menos bruxa. 
 - Mas como podes desaparecer? 
- Posso fazer muito mais que isso. Achas mesmo que foi o Deus Aton que apareceu aos navios de Argos em alto mar? 
- Foste tu! 
- Se não fosse minha intervenção muito sangue teria sido derramado e muitos inocentes estariam mortos. 
- Mas Argos, diz que Aton apareceu em forma de gigante e havia intensa luz seguida de trovões e relâmpagos. 
- De que outra forma poderia lhe convencer a retornar para Turynon? 
- Não compreendo! 
- Por isto, lhe pedi que mesmo não compreendendo procurasse entender e acreditar em minhas palavras. 
-Tu és a filha do Deus Mor? 
- Não sou filha de Mor nem de Aton como já te falei, muito menos Deusa. 
- O que pretendes, queres nos enlouquecer? 
- Não Seleno! - Minha missão é vos adiantar diminuindo perdas de vidas em batalhas inúteis com fins pueris e brutais, que serão contadas no futuro de Thronos como lendas inexpressivas e descabidas. 
- O que mais podes fazer?  
- O que for necessário ao vosso adiantamento na senda evolutiva do Thronos. 
Posso te adiantar que apesar de toda a riqueza de Bacary, Argos como bem tu sabes vem progredindo sobremaneira e não tardará o momento de bater as portas deste castelo, te oferecendo alimentos produzidos pelo povo de Turynon. 
- Quanto a isto, estou ciente. Mas ainda não respondeste minha pergunta inicial, gosto de você, independente do que sejas ou de onde veio o que me dizes? 
- É a mais pura verdade o que te digo: 
Estou encantada com seu pedido e confesso sentir profunda admiração por você. Até aqui, me sinto muito bem recebida e tenho grande afeição aos seus filhos, mas... Antes que pudesse terminar a frase, Seleno toma-lhe de assalto, lhe abraça e a beija com imensa ternura e amor, até que Isabele se rende entregando-se apaixonadamente ao Rei. Tira seu disfarce e mais uma vez o surpreende ao mostrar sua verdadeira identidade com um corpo esculturalmente bem definido, jovem e bem torneado. Ambos vão à loucura e após o êxtase, Seleno esboça uma pequena frase: 
- Por Mor, quem é você? 
- Sou Isabele e assim me disfarcei, para evitar estupros e grosserias em Thronos. 
- Fizestes bem! - E eu me perdi pelos encantos de uma mulher decadente e ganhei um presente dos Deuses, esta linda mulher que agora tenho em meus braços. 
- Seleno, agora eu preciso me recompor e voltar a ser a “velha” Isabele de sempre. 
- Não é preciso, quero você sempre assim. 
- Então terei que dar explicações a todos neste castelo, por ventura acha mesmo que isto vai dar certo? - Acreditas que as outras pessoas entenderão que sou um ser de outro mundo? 
- Tens razão, vamos pensar e com calma resolveremos este dilema. 
- “Sim Meu Senhor!”. 
Mais uma vez ela pede a Seleno que não se assuste e diz que voltará em alguns instantes depois de se recompor devidamente e simplesmente desaparece dali, indo diretamente a seus aposentos. Quando retornou apareceu com um pouco menos de maquiagem e pede a Seleno que caminhem pelos jardins do castelo. Ele aceitou a proposta e saíram a passeio pelos jardins, onde se iniciou nova conversa. Isabele então lhe passou todas as informações necessárias e condizentes ao grau de entendimento daquele homem e assim que a noite caiu, ela apontou para as estrelas e lhe mostrou de onde vem. Falou sobre a Terra e a situação temporal entre os dois mundos. Depois, esboçou um resumo da era medieval já vivenciada pelos terráqueos e o quanto ainda precisará os thronianos evoluir em seu mundo para que atinjam o discernimento que lhes é cabido. Diante as explicações recebidas, Seleno percebeu como é desprovido de informações que estão muito acima do seu entendimento e neste momento, não se sente Rei, mas um simples mortal subjugado as vantagens daquela surpreendente mulher. 
- Sou Rei de Bacary, porém um menino apaixonado por uma “Deusa”. Teus conhecimentos me relegam ao estado primitivo de homem e não posso crer que será minha Rainha. Encontro-me num dilema sem solução. 
- Sim não posso ser Rainha neste mundo, mas como já te falei em muito posso contribuir com ensinamentos que certamente modificarão os rumos da história. Ademais, onde está escrito ou qual a lei que determina que todo Rei deva possuir uma Rainha? - Os momentos que hoje tivemos, também foram importantes para mim, “Meu Rei”. 
Após este longo passeio, o casal sentou-se num tronco e contemplaram as estrelas enquanto namoraram como dois adolescentes apaixonados. Por este motivo perderam a hora do jantar, porém, isto não foi suficiente para perder o bom humor e continuar por ali até tarde da noite. 
Capítulo 23 
Os planos para Bacary 
Com intuito de estreitar as relações com Argon, Isabele sugere a Seleno que faça um convite ao Rei de Turynon para conhecer o castelo e suas cercanias, onde o foco principal seriam laços comerciais entre as duas Pátrias. Seleno admite ser uma boa ideia e envia um mensageiro com um pergaminho redigido por Isabele. O convite se estende a Rainha Ava e a pequena comitiva com serviçais e auxiliares do Rei. 
À medida que o tempo passava, Isabele diminuía a intensidade de rugas incrustadas em sua face e depois de quarenta dias finalmente Seleno percebeu mudanças em sua fascinante “amiga” e logo pela manhã se manifestou elogiando: 
- Isabele é impressão minha ou estais rejuvenescendo? 
- Meu Senhor! Os bons tratos aqui no castelo estão contribuindo para minha saúde e também tenho segredos caseiros de beleza. 
- É mesmo Pai, Isabele está mais bonita. Completou Silas. 
- Tenho saudades da mamãe. Exclamou Argeu. 
Compadecida com o menino, Isabele acalma seu coração dizendo que sua mãe sempre estará com ele em seus sonhos, até o dia em que ele irá encontrar-se com ela em um mundo mais bonito e lá poderão matar as saudades de todo o tempo que estiveram separados. Enternecido, Seleno sacode a cabeça afirmativamente e agradece por suas palavras, depois já em tom de Rei comunica a seus filhos que já é hora de começar os estudos. 
Os dias voaram e um mensageiro chegou ao castelo de Seleno informando que o navio de Argos já estava no porto de Bacary. Todos os preparativos estavam em fim arranjados para aquela recepção e o Rei pede que todos se arrumem para receber seus convidados. 
Ao chegarem ao castelo, Argon e Ava cumprimentaram o anfitrião e seus filhos e se dizem admirados com a beleza daquela arquitetura e da vista que podia ser apreciada do alto daquele monte. Seleno os convida a adentrarem e todos vão direto ao grande salão, onde sentam e iniciam um diálogo começado por Seleno: 
- Argos, obrigado por aceitar meu convite e vir até nossas terras conhecer nossa gente. 
- Caro Seleno, devo lhe dizer que apesar de todos os percalços e os enfrentamentos entre nossa gente, estou honrado em poder estar aqui e traçar novos laços de amizade e porque não os comerciais, assim deixando no passado as desavenças selando a cordialidade e a fraternidade entre nossos povos. 
- Guerras nunca mais! - Vamos celebrar os novos tempos. 
Após a celebração e o tilintar das taças, Seleno bateu palmas por duas vezes e vários serviçais trouxeram as iguarias de Bacary para o grande salão e, se dirigindo a um deles pediu que chamasse Isabele.
Ao ser apresentada como mestra da escrita no castelo, Isabele presta elogios a Rainha Ava, que retribui carinhosamente, mas em tom de superioridade diz que possui conhecimentos e que em seu reino, todos são letrados. Neste momento, Seleno se interpõe dizendo estar aprendendo matemática avançada enaltecendo os conhecimentos de sua mestra. Os Turynosenses se entreolham e Argos quebra aquela conversa pedindo que lhe seja mostrada as dependências do castelo. Prontamente, Seleno levantou-se e pede que o acompanhem inclusive Isabele. Então,  mostrou-lhes com orgulho, inclusive os aposentos em que eles ficariam e parando numa varanda que tinha como vista o vasto milharal retornou a falar de Isabele: 
- Argos como bem sabe sou viúvo e desde que conheci a mestra da escrita e com ela aprendi coisas que jamais pensei aprender, ela se faz parte integrante da minha família e por isso sempre estará presente em nossas reuniões. 
- Pensas em se casar novamente Seleno. 
- Ainda não pensei sobre isto, mas quem sabe? 
- Ainda está jovem Seleno e pretendentes não devem faltar, acrescentou Ava. 
- Obrigado Ava, mas aguardarei o momento e a mulher certa. 
Ficaram na varanda por quase meia hora e depois foram para o jardim a espera da noite que vinha acompanhada de vento sorridente e que despretensiosamente desarrumava os cabelos dos novos amigos. 
Exaustos da cansativa viagem, os convidados pediram licença para se recolher a seus aposentos e Argos faz um último comentário dizendo não ver a hora de desfrutar de uma verdadeira cama. 
Tão logo o casal se afasta, Seleno e Isabele trocam carinhos e o Rei voltou a falar sobre casamento: 
- Te comportas como Rainha e eu te desejo como tal, o que me dizes? 
- Ainda não, Seleno. Temos assuntos mais importantes para tratar neste momento. Argos certamente vem preparado a lhe fazer propostas comerciais, você têm condições de atender suas propostas e manter equilibrado o relacionamento entre os dois Reinos? 
- Certamente Isabele! - Pagaremos com valores justos e sempre acima dos pedidos pelo trabalho realizado ao povo de Turynon. Nós viveremos novos tempos e isso graças a você minha pequena “Deusa”. 
- Era o que eu precisava ouvir. Agora estou mais tranquila. 
Com a chegada dos ilustres convidados, a rotina no castelo também havia mudado. Não era mais diariamente que Isabele ministrava suas aulas e sempre estava presente nas reuniões ou nos passeios a cavalo pelo reino de Seleno, que sempre se mostrava gentil e cordial aos novos amigos. Os dias e as noites transcorriam repletos de novidades aos reis que normalmente trocavam prosas e contavam casos e experiências vividas em suas jornadas.
Vários pergaminhos foram assinados por ambos formalizando desta forma uma espécie de contratos entre as partes, onde a redatora e conciliadora dos negócios era Isabele. 
Muito satisfeito, Argos se diz contente por estar no castelo de Seleno, mas comunica que precisa voltar a Turynon e que encerrará sua visita em três dias. 
Capítulo 24 
Segredos revelados 
Um dia antes da partida dos turynosenses, os amigos se reúnem no jardim do castelo no final da tarde e ali iniciam uma conversa esperando pela derradeira noite daquela magnífica viagem. Porém, não podiam antever que assuntos e fatos relevantes, com segredos e circunstâncias inéditas se dariam por acontecer. 
Seleno se pronuncia: 
- Argos, fale-me você sobre aparição do Deus Aton em alto mar. 
- Era uma noite de calmaria,... 
E conta exatamente o que aconteceu, deixando ao final do relato uma pergunta sobre o Deus Mor: O Deus Mor já lhe apareceu em alguma situação e, assim fazendo com que mudasse seus planos ou o rumo de algum projeto? 
- Não, meu caro amigo, Mor nunca atendeu minhas súplicas ou modificou minha vida. 
- Acredite no Deus Aton, amigo. Eu o vi com meus próprios olhos e Ele falou comigo. 
- Isabele, explique a Argos e a Ava o que realmente aconteceu, conte-lhes a verdade. 
- A verdade? - A verdade consiste no que vi e que todo meu exército presenciou. O que esta mulher pode saber a respeito de Aton? 
- O que vou lhes falar e provar são fatos ainda incompreensíveis em Thronos, portanto, peço que mesmo não compreendendo, não se assustem ou interpretem de forma religiosa, nem tão pouco considerem magia, bruxaria ou atos divinatórios. A questão principal é o estado evolutivo do Planeta onde o equilíbrio entre as duas Nações se faz essencialmente necessário. 
Sou um ser de outra parte deste incomensurável Universo e vim para cá, com a clara intenção de vos ajudar nesta senda. Isabele levanta-se e procura um lugar adequado para exibir a reprise do que aconteceu em alto mar. Calados e acompanhando seus movimentos, os três aguardavam de forma apreensiva os desdobramentos de suas atitudes. Foi para trás de uma árvore e sem que ninguém percebesse posicionou e programou “Magno” entre os galhos, direcionando o mesmo ao muro do castelo. Voltou e pediu que se levantassem e aguardassem por mais alguns segundos. Tão logo estavam apostos, as imagens foram transmitidas e, estupefatos, inclusive Seleno, presenciam a visão do acontecimento que havia mudado o rumo desta história. Ainda assim, ao término da apresentação, Argos logicamente rebate e conclui: 
- Vistes Seleno. Aton se fez presente novamente para lhe mostrar que é o verdadeiro Deus de Thronos e nos mostrar sua Face se utilizando das suas sábias Palavras, nos unindo definitivamente e tornando possível a estabilidade entre nossas Nações. 
- Caro Argos, ainda não compreendeu. Isto foi obra de Isabele! 
- Não Seleno, é obra de Aton e... 
Antes que terminasse sua frase, “Magno” reproduziu outra curta metragem, onde crianças brincavam livremente em jardins floridos na Terra, depois imagens com um casal apaixonado se beijando e por último, cenas de uma batalha medieval muito sangrenta. Enquanto estas imagens eram transmitidas, Isabele tirou o disfarce e volta a se manifestar deixando que Argos e Ava tirassem novas conclusões. 
- Quem és tu mulher? 
- A mesma Isabele de pouco minutos atrás. 
- Não, aquela mulher era velha e tu se mostras jovem. Estou muito confuso! 
- Explique-lhe Isabele, assim comandou Seleno. 
- Acalmem-se. - Eu produzi a aparição de Aton e poderia ter produzido a imagem de Mor ou de qualquer outro Deus, mas preferi lhes mostrar outras realidades para que entendessem que tudo é possível se souberem interpretar os fatos não de forma religiosa, mas como causas possíveis. Os deuses não estão a nossa disposição, nem se mostram ou atendem nossas súplicas. Eles nos deram a vida e isso é tudo. Não devemos consagrar os episódios e acontecimentos como vontades divinas ou intervenções e manipulações do nosso livre arbítrio. A guerra entre Bacary e Turynon era eminente, não havia outra forma de evitá-la se não da forma como intervi utilizando-me dos artifícios que disponho. 
- Mas eu falei aos quatro cantos de Turynon, sobre esta aparição e agora me sinto um Rei mentiroso. 
- Não és mentiroso exclamou Seleno. - Sois Rei e ainda assim está confuso, tu dissestes o que presenciastes. Agora imagine como se sentiriam seus súditos se soubessem desta verdade, que deve permanecer inviolada e restrita apenas a nós quatro. 
- Não posso crer que uma simples mulher vinda não se sabe de onde possa ter o poder dos Deuses, ainda acho que isso é feitiço, sugestionou Ava. 
- Isto não é feitiço Ava, mas ciência. Ato ainda muito distante de vossa pobre compreensão. 
- Prove-me que não és feiticeira. 
- O simples fato de ter evitado uma guerra onde o derramamento de sangue não só de soldados como também de inocentes do povo é motivo mais que suficiente para não ser vista como feiticeira, mas se ainda assim precisas de provas, então segure a minha mão. Vocês dois também.
Ao segurarem sua mão, Isabele passou e lhes falar telepaticamente e lhes mostrou através do pensamento o que verdadeiramente aconteceria no caso da guerra ter sido deflagrada. A visão do inferno estava agora em suas mentes e antes mesmo que pudessem fazer alguma pergunta, ela desapareceu instantaneamente de suas vistas e quinze segundos depois reapareceu com uma flor típica e única em Turynon, entregando-a a Rainha Ava. Naquele momento, Ava deixou sua arrogância de lado e compreendendo que os feitos de Isabele estavam realmente acima da sua compreensão agradeceu pela flor e generosamente a abraçou deixando um comentário final: 
- Seleno, ainda não encontrastes uma Rainha a altura de Bacary? - Isabele é jovem, bonita e além de Rainha, também pode ser considerada uma Deusa, o que me dizes? 
- Eu a pedi em casamento, mesmo antes de saber que era tão bonita e jovem, mesmo sem saber que tinha poderes acima da minha compreensão, mas ela não pode e não deve aceitar, sua missão está além de Thronos, além das estrelas. 
- Obrigado Seleno! - E tu Argos deves manter a fé que tens em Aton, pois isto levará tua Nação a patamares não só de riqueza material, como de crescimento em moralidade, levando aos turynosenses esperança de dias melhores e mais abundantes. 
Perplexos, Argos e Ava se despedem e voltam ao castelo a fim de tratar dos últimos detalhes para o regresso a Turynon. Seleno e Isabele preferiram ficar nos jardins contemplando o esplendor daquela noite. Os dois trocaram carícias, se beijaram apaixonadamente e culminam fazendo amor assistidos pela intensa poeira cósmica e o frescor da brisa que pairava naquele momento. Deitados lado a lado observando o mar de estrelas, Isabele se pronuncia primeiro: 
- Adoro fazer amor com você Seleno! 
- Eu adoro estar contigo Isabele. 
- Esta é nossa última noite juntos. Minha missão em Thronos terminou. 
- Não, por favor, não me deixe! 
- Tu sabes que não posso, ademais, nunca esquecerei os momentos que contigo compartilhei. 
- Compreendo, mas o vazio já se apossou do meu coração. Sentirei sua falta, mas aprendi que não estou te perdendo e posso me considerar um homem de muita sorte, por tê-la havido em meus braços. Eles se abraçaram e assim permaneceram até serem vencidos pelo sono. 
Tão logo Seleno sente o calor dos primeiros raios de Deneb em sua face ele desperta, mas sozinho e tateando ao redor, entende que Isabele havia partido. Como homem e Rei, levanta-se e olha suas terras sabendo que será difícil esquecer aquela mulher, porém sente profundo orgulho de ter vivido a maior experiência de sua vida. 
Fim
Esta foi à segunda história de Isabele e muitas aventuras no Espaço / Tempo ainda estão por vir.
No próximo livro Você vai conhecer Zywamner, um Planeta similar a Terra, porém com nuances significativas como Flow, a surpreendente Lua Gigante do Sistema.
O estado evolutivo de Zywamner corresponde ao que aqui presenciamos no final do Século XX, porém a internet agora dava os seus primeiros passos e nossa protagonista aproveita para dar um empurrãozinho interferindo sobremaneira no desenvolvimento daquele Lugar.
Antonio Bencardino
 Capítulos de Thronos
Capítulo 17 - Entre o Céu e a Terra 
Capítulo 18 - O Planeta Thronos 
Capítulo 19 - A escolha de Isabele 
Capítulo 20 - A primeira intervenção no Planeta Thronos 
Capítulo 21 - Um tempo de paz 
Capítulo 22 - Seleno se declara a Isabele 
Capítulo 23 - Os planos para Bacary 
Capítulo 24 - Segredos revelados 



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