Viagens Pelos
Mundos – 3
Por Antonio
Bencardino
Prólogo
- Como sabe que estou apreensivo pelas
informações?
- E como sabia que tranquei a casa e
fiquei de guarda a noite inteira?
- Como pode afirmar que Marriete está
bem?
- Poucos são aqueles que conseguem
enxergar além de seus horizontes e por isso já estou me acostumando a
interpretar as pessoas como seres descrentes. Portanto, somente provando de
maneira contundente, que será possível fazer com que vejam suas realidades de
outro campo de visão mais aprimorado e, só assim conseguirei meus intentos. Não
importa o tempo, nem o estado e nem o lugar..., é sempre a mesma coisa... Posso
ler as suas mentes! - Sei exatamente o que pensam neste momento, portanto
é de suma importância que acreditem no que digo. - Não duvide Jean, o nome do
seu pai era Harry Fleury e sua mãe Marie de Costele. - Sua senha de acesso na
Tetramicro Javier é o nome da sua mulher mais o nº 5. - E você Marcele quer
aproveitar a costela que está no freezer para o jantar de amanhã.
- Quem é você menina?
Introdução
O Universo está repleto de vida e não
obstante, muito parecidas com a que aqui conhecemos. De certo, ainda não
possuímos essa certeza, pelo simples fato de não termos a nossa disposição
equipamentos que possam comprovar a veracidade de tal informação. Entretanto,
ao olharmos o firmamento, não podemos crer que tudo se configure apenas para
nos recriar as vistas e deslumbrarmos de forma apaixonada, tão belo espetáculo
da criação. Apesar de não termos tecnologia que venha nos elucidar sobre
tão fabuloso acontecimento podemos intuir que, dia menos dia, obteremos essas
certezas, não só em relação às buscas que fazemos, mas também a mesma busca
feita por parte de outros seres em condições similares as nossas. Este
prazo tem data certa para seu vencimento e não tardará a proximidade de tais
contatos, momento este em que nossa civilização deixará de pensar como sendo
única, integrando-se de forma iniciativa, a vastidão de mundos completamente
habitados por seres de inteligência de igual, superior e inferior a
nossa.
Podemos começar a compreender tal
afirmação, se vasculharmos desde o passado remoto, os relatos que nos são
trazidos até os dias atuais, sobre contatos de Deuses e seres de natureza
desconhecidas, muitas vezes relatadas como sendo divindades, por ocasião do
desconhecimento que nossos ancestrais possuíam.
Por outro lado, também podemos concluir
que esses seres por algum motivo, deixaram de se comunicar de forma expressiva
como faziam, por entenderem que ainda estávamos muito distantes de suas
expectativas, não compensando assim suas interferências.
Hoje, nos encontramos em patamares de
compreensão bem acima do que tínhamos outrora, mostrando com que desta forma,
suas intervenções possam ser mais coerentes e quiçá justificadas em outras
esferas.
Partindo
deste princípio, podemos até mesmo supor não estarmos aptos a tais encontros, mas
de mentes abertas e alertas a estas questões, certamente conseguiremos nos
transportar a novos mundos realizando assim o descobrimento de muitos mistérios
que cercam nossa existência.
Sinopse
De acordo com a própria evolução humana,
no Século XXVII, Isabele Constantine se propôs a uma saga no mínimo
surpreendente e inusitada.
Os homens já se comunicavam
telepaticamente e ao se entregar a estudos e pesquisas desenvolveu um
equipamento capaz de transportá-la a qualquer parte do incomensurável Universo.
Descobriu inicialmente que este mesmo
Universo está repleto de vida e não obstante, habitados por seres humanos,
pessoas como nós vivendo experiências que se diferenciam apenas no estado
evolutivo comprometidas apenas com épocas diferentes em relação há seu tempo.
A oportunidade de poder estar presente
entre estes seres, obviamente permitiu o equívoco de a considerarem como Deusa.
Relutante, ela tenta mostrar e provar que seus feitos não são divinos, mas
oriundos dos efeitos causados por esta mesma evolução em curso, o que no
futuro, também serão alcançados por eles.
As questões de
religiosidade e fé transformaram-se em dilemas obrigando a protagonista a tomar
decisões espetaculares interferindo significativamente no adiantamento desses
povos.
Capítulo 25
De volta ao ano
2601
Isabele voltou a Terra e em seu âmago
tinha a sensação de missão cumprida, pelo menos até aqui, enquanto faz
reflexões dos momentos vividos em Yron e Thronos. Ela possuía plena convicção
do que vinha fazendo e não se deixaria levar por circunstâncias que pudessem
interferir em seus propósitos. Sua capacidade de separação dos fatos ocorridos
entre suas proezas e sua vida afetiva lhe davam condições de manter-se
equilibrada, não apenas em suas atitudes, como também em relação à forma abrangente
que observava a constituição do “Todo”. No século em que realmente vivia, a
vida na Terra estaria logicamente bem mais avançada, motivo pelo qual, as
questões políticas e religiosas também estariam em conformidade com as leis
humanas, onde direitos e deveres estavam completamente comprometidos com o bem
estar de todos. Por esta razão, a ordem, o respeito e a sinceridade, em
parceria com a integração e a inclusão eram os elementos básicos que
correspondiam ao elevado conhecimento dos seres viventes deste período.
A predominância feminina em praticamente
todos os setores da constituição humana era infinitamente maior, não só em
números, como também em capacidade, em virtude do alto grau atingido pelas
mulheres nos últimos 500 anos. Isso se deveu a uma peculiaridade à concentração
nos estudos, onde os homens acabaram se rendendo a supremacia delas, sendo
extintivamente subjugados as suas vontades. A força bruta não cabia mais dentro
da sociedade e os homens passaram a corresponder colaborativamente a seus
propósitos. Interessante ressaltar que nesta época, em função dos
esclarecimentos, avanços tecnológicos, extinção de moléstias e concordâncias de
pensamentos, Deus era considerado Criador e Governador apenas deste mundo e na
Terra não havia mais seitas e religiões de diferentes tribos, mas Deus seria
único para todos, sem distinção ou proteção. No entender deste povo, Deus não
intervém nem a favor e nem contra, não privilegia ou condena, muito menos
submete seus filhos a algum tipo de revés. O livre arbítrio é a chave certa
para abrir as portas dos caminhos procurados por todos.
Ao
comprovar a existência de outros mundos regidos por outros Deuses, Isabele
chegou à conclusão de que o Universo é comandado por um “Grandioso Ser”, aquele
que estaria acima dos Deuses regentes de vários planetas habitados de graus
evolutivos em patamares consoantes aos seus conhecimentos. Assim, teríamos
vários Deuses comandando mundos diferentes, onde para nós, nos é inacessível,
assim como o “Grandioso Ser” também o é para estes mesmos Deuses. Em razão as
diminutas proporções em relação ao Universo, todos os seres pensantes estão
diretamente ligados ao Criador, que tem como principal objetivo conduzir seus
filhos ao estado mais próximo possível da perfeição. Isto logicamente não
acontece em apenas uma existência, portanto sua verdadeira essência deve
transpassar por diversas vidas em mundos correlatos, até que sua
perfectibilidade seja desenvolvida dentro dos parâmetros pretendidos por seu
Criador, no caso dos terráqueos, Deus. Isabele até então, seria a única a ter
tido contato com seres de outros Planetas e sua tese, neste sentido, iria
exatamente ao encontro do fechamento de um quebra cabeças há muito buscado
pelos cidadãos da Terra. Esta teoria vinha avalizada por acontecimentos reais e
não tardou para que pudesse ser difundida e largamente aceita em suas esferas.
Por dois anos, participou de simpósios e palestras não só em seu País, como em
vários outros, sendo aclamada por onde passava o que lhe rendeu méritos das
mais altas honrarias dentre as melhores academias do globo terrestre. Não
obstante, sentia-se incomodada em não estar fazendo novas viagens e de certa
forma participando efetivamente no auxílio aos Planetas que obviamente
precisavam de um pequeno empurrão. Decidida, comunicou as hordas em que se
encontrava que iria continuar trabalhando em intervenções que julgasse
necessária a sua contribuição ao desenvolvimento de Planetas ainda em estado
evolutivo comprometido por questões ainda não esclarecidas.
Capítulo
26
O Planeta
Zywamner
Na constelação de Sagitário encontramos
a Nebulosa Laguna (Messier 8, NGC 6523).
Mas na verdade, essa nebulosa é uma
gigantesca nuvem interestelar, um verdadeiro berço de estrelas, que esconde aos
nossos olhos o centro da Via Láctea. Ali, também se encontra o Planeta Zywamner
há 4.500 anos luz distante da Terra. Zywamner em muito se assemelha ao nosso
Planeta, em dimensões, geografia e em números pelos seres por ele habitados.
Nunki (Sigma Sagittarii) é a estrela orbitada pelo Planeta Zywamner. As Luas
Flow e Dyn, estão em seu campo magnético, sendo a primeira maior que a segunda,
que de acordo com as regras estabelecidas pela própria natureza, Dyn é vista
durante o dia e a noite o espetáculo fica por conta de Flow, que por estar tão
próxima se agiganta parecendo colidir com o Planeta.
Assim
como na Terra, Zywamner é dividido em vários territórios que constituem Nações
de diversas etnias e religiões. O formato, o estado evolutivo e a centralização
do poder correspondem exatamente ao que vivenciamos entre o final do século XX
e começo do século XXI. As Nações de Zywamner também são divididas entre
grandes, médias e de pequenas potências tendo a frente governos de acordo com a
capacidade intelectual da média de seus habitantes. Portanto, os mais poderosos
distinguissem dos mais pobres, que além de sofrerem de doenças e moléstias,
ainda são comumente ultrajados pela má distribuição de renda, mortalidade,
fome, racismo e reveses causados principalmente por descasos e corrupções nos
meios políticos. Existem vários Deuses em Zywamner, onde cada povo se manifesta
de maneira diferente, de acordo com os princípios religiosos que lhes foram
trazidos desde tempos remotos até os dias atuais. Conflitos são frequentes e se
estendem por séculos causando dor e morte, onde aparentemente não são
encontrados antídotos que possam realmente mudar tal situação. Os avanços
tecnológicos estão em curso, mas apesar disto, muitos ainda estão excluídos e
as diferenças sociais continuam gritantes, motivos suficientes para roubos,
assaltos, latrocínio e desventuras descabidas em outras esferas. As nações mais
ricas já possuem computadores, mas ainda não descobriram a “internet”. Apesar
dos pesares, Zywamnerianos tem em sua maioria um povo tranquilo e esperançoso,
procurando conciliar de forma surpreendente seus reveses e o bem viver num
Planeta de extrema beleza e acolhimento dos seres que ali se encontram.
Capítulo
27
Isabele chega a
Zywamner
Uma tormenta castigava a Cidade Urva,
que fica no centro da capital de Nepan, a maior Nação de Zywamner. Entre raios,
trovões e ventania, ali chegou à desbravadora de novos mundos, sem saber que
encontraria uma tempestade de magnitude beirando a furacão. Isabele se juntou a
um grupo de pessoas que corriam a procura de abrigo e em meio à confusão pode
perceber que o idioma empregado era o francês. Subitamente o grupo se dispersou
e agora Isabele encontrava-se sozinha caminhando por ruas desconhecidas
procurando manter-se ereta face aos ventos de mais de 100 km/h. que assoviavam
rispidamente em seus ouvidos. Por um momento, agarrou-se a uma grade e pensou
em retornar, mas antes mesmo que pudesse levar a mão ao ouvido foi segurada por
um homem, que abriu o portão daquela casa e com voz firme disse:
Venha comigo, entre, esta é minha casa.
Ela agradeceu, aceita o convite e entra sem pensar duas vezes deixando lá fora
aqueles ventos uivantes e o frio que estava sentindo. Logo, uma presença
feminina apareceu trazendo-lhe uma toalha. Pediu que se agasalhasse e se
recompusesse o mais breve possível sugerindo-lhe que tomasse um banho quente e
trocasse rapidamente aquelas roupas encharcadas. Mais uma vez Isabele agradeceu
e atendeu também ao pedido daquela mulher, que prontamente lhe emprestou roupas
secas e limpas quando ela adentrou no banheiro.
Jean Fleury e Marcele de Fleury são
casados há 30 anos, não possuem filhos e vivem em Urva desde que se casaram e
constituíram suas vidas naquela localidade. Jean acabara de completar 53 anos e
Marcele aos 48 anos formavam um belo casal e procuravam demonstrar a todo custo
que estavam preocupados com o bem estar daquela mulher recém-chegada. Já
recomposta, Isabele saiu do banheiro disparando agradecimentos pelo acolhimento
que havia recebido:
- Merci, merci! Chamo-me Isabele
Constantine e não tenho palavras de gratidão que possam retribuir ao carinho
que vocês me dispensaram.
- Eu sou Jean esta é Marcele minha
esposa. Sinta-se a vontade. Foi preciso à passagem de um furacão em Urva, para
que pudéssemos ter a presença de uma jovem em nossa casa.
- Vocês não têm filhos?
- Bem que tentamos, mas não conseguimos!
- Você mora aqui em Urva?
Sem ter tido tempo de pesquisar, Isabele
limitou-se a dizer poucas palavras, mas questionada pelo casal se viu em
situação embaraçosa para explicar de onde realmente viera.
- De onde você vem? - somos viajados e
provavelmente conhecemos sua cidade natal.
- Sou do Rio de Janeiro, conhecem? -
Moro em Copacabana, no Sudeste onde fica minha Nação.
- Conhecemos todo o Sudeste, mas nunca
ouvimos falar desta Cidade, nem deste lugar. - E o que veio fazer em
Urva?
- Vim à procura de trabalho e conhecer
pessoas interessantes.
- Ah! A juventude. Os sonhos são
coloridos e os dias infindáveis. Exclamou Marcele em tom saudoso.
- Você tem onde ficar Isabele?
- Na verdade acabei de chegar e não pude
procurar um lugar condizente as minhas posses.
- Seja nossa hóspede!
- Não quero atrapalhar e assim que a
tormenta passar irei procurar um hotel para que eu possa me instalar.
- Não é necessário! - Temos quartos
vazios e as portas da nossa casa estão abertas a você. Fique o quanto quiser
menina.
- Obrigada Jean, Marcele. Vocês são uns
amores. Muito obrigado.
- Gosta de sopa?
- Sim. Gosto muito, ainda mais com o
tempo frio.
- Então, hoje teremos sopa para o
jantar.
- Marcele? - Posso te fazer uma
pergunta?
- Claro Isabele! Faça.
- Porque me tratam como se fosse um
membro da família?
Jean olhou para sua esposa e fez um
sinal afirmativo usando a cabeça.
- Você em muito nos faz lembrar nossa
adorada filha, que se estivesse viva, teria mais ou menos a sua idade. Nós a
perdemos há cinco anos em um acidente de carro.
- Eu sinto muito.
- Mas devo lhes dizer que onde quer que
esteja à vida segue em curso, pois ela não termina com a morte.
- Não a veremos mais e isto em muito nos
entristece.
- Não deixem que sua partida interrompa
o sequenciar de suas próprias vidas. Existem muito mais coisas além de nossa
compreensão, que nos impedem de distinguir as diferenças entre o mundo dos
vivos e mundo dos mortos.
- O que você sabe com tão tenra
idade? - Após a morte, somente o vazio e nada mais.
- Me desculpe Jean, mas você tem alguma
garantia disto?
- Sim. Eu nunca vi um morto voltar à
vida e essa é minha certeza.
- Marriete repousa nos braços do Deus
Sião. (Replicou Marcele).
- Que Deus Sião que nada, isto é coisa
de mulher. Você sabe muito bem que não acredito em Deuses ou em religiões. Não
me venha com essas baboseiras novamente.
A partir dali iniciou-se uma discussão,
onde Marcele revida aos ataques de Jean, tentando mostrar-lhe uma realidade
religiosa, enquanto Jean se defendia usando da razão e de sua incredibilidade.
Em uma breve pausa, Isabele se interpõe:
- Amigos, percebam:
Os dois estão certos. Jean pela razão e
Marcele pelo coração. Temos em nosso âmago o sentimento de fé e esperança, mas
nos colocamos de pronto alerta, quando a razão nos exige questionamentos
daquilo que não compreendemos ou que sejam embasados por certezas contundentes.
Muitas vezes somos levados a crer no desconhecido ou sobrenatural, com a
esperança de termos nossos corações aquietados em se tratando de sentimentos de
perda, mas também não podemos descartar a própria realidade em si, ou seja,
esta é uma discussão sem fim, pois nossas certezas não são absolutas.
- A minha certeza no Deus Sião é
absoluta. Por isto tento mostrar a Jean que sua incredulidade não o fará ver
nossa filha novamente.
- Lá vem você de novo com esse mundo
imaginário. Eu não quero mais participar desse teatro.
Isabele pede desculpas ao casal, por ter
iniciado tal discussão e se diz arrependida de ter tocado em ferida ainda não
cicatrizada.
- Não tem por que se desculpar Isabele,
estamos envelhecendo e ficando ranzinzas. E eu gostei da sua resposta,
finalizou Jean. Agora, vou assistir ao Jornal.
- Venha Isabele, me ajude na cozinha.
Após o jantar, Marcele mostrou o quarto
onde Isabele se acomodaria enquanto estivesse naquele lugar. Era um cômodo
simples, mas requintado e equipado com televisão, computador e uma ótima
suíte.
- Posso usar a TV e o computador
Marcele?
- Fique a vontade minha filha. O quarto
é seu.
- Obrigada e boa noite.
- Boa noite, Isabele.
Assim que Marcele fechou a porta,
Isabele liga “Magno”, que automaticamente detecta não existir em Zywamner
conexões de rede. Ela já havia suspeitado, mas agora tem certeza. Acessou o
computador que ali se encontrava transferindo vários dados, implantou um
“feijão” no PC e outro a conexão telefônica, suas intenções estavam apenas
começando. Em seguida, desligou o equipamento e voltou para “Magno”, que além
de fazer diversas análises, também lhe passou informações de suma importância.
Tão logo concluiu seu trabalho apagou as luzes e deu por encerrado seu primeiro
dia naquele Planeta.
Pela manhã tomou café com o casal e
descontraidamente falou:
- Sou formada em engenharia da computação.
Vocês acham que conseguirei um bom emprego aqui em Urva?
- Sem dúvida nenhuma Isabele.
Apesar dos avanços, Urva ainda é bem
carente neste tipo de tecnologia. Os computadores só servem para as crianças
brincar de jogos.
- Eu tenho um amigo que trabalha na
Tetramicro e posso te apresentar a ele, quem sabe consiga uma vaga de
estagiária e você vai à frente.
- Merci Jean, gostaria imensamente poder
conhecê-lo.
- Seu nome é Javier Russeole. Assim que
terminarmos o café entrarei em contato com ele.
- Merci, merci.
Jean levantou-se e ficou por alguns
minutos ao telefone, mas quando retornou a mesa não tinha boas notícias.
- Sinto muito Isabele, a empresa não
está contratando e não precisa de estagiários.
- Sem problemas Jean, não se preocupe
darei um jeito. Será que o tempo já melhorou?
- Está bem melhor que ontem, mas ainda
chove e faz frio. Você pretende sair? Indagou Marcele.
- Preciso vender algumas bijuterias
porque estou sem dinheiro.
- De quanto precisa? - Eu te empresto e
depois você me paga.
- Eu não sei. O suficiente para me
locomover e conhecer Urva. Não se incomode Jean, assim que o tempo melhorar eu
vou até a galeria mais próxima e certamente conseguirei vender este
brinco.
- Mas é uma peça de ouro! Isso vale
milhares de Cotins. Dá até para viajar pelo mundo.
- Então, posso fazer melhor: Dê-me
dinheiro suficiente para que eu não tenha problemas e fique com o brinco como
forma de agradecimento pelo o que estão fazendo por mim.
- E Quanto você acha suficiente Ct 1000,
Ct 2000? - Isto seria uma bagatela comparada ao valor do que tens em
mãos.
- O suficiente Jean, não quero seu
dinheiro, apenas me locomover e não ter problemas.
- Isabele, está peça vale mais de Ct 100
mil.
- Certo. Dê-me Ct 1000. Venda o brinco e
troque seu carro. Faça uma viagem com Marcele e aproveite a vida, isto é o
mínimo que posso fazer para lhes ajudar e retribuir o carinho que vocês me
deram. - Tome. Fique com ele.
- Obrigado menina, muito obrigado.
Jean levantou-se e foi para seu quarto.
Voltou com Ct 2000 e entregou a Isabele.
- Este é o dinheiro que economizei por
30 anos de trabalho. Nunca pude imaginar que se multiplicaria com espantosa
velocidade. Merci Isabele. Conte conosco para o que precisar.
- Eu sei meus amigos. Não se preocupem e
desfrutem da vida.
Obviamente, Isabele não precisava de
dinheiro, mas agora aqueles Cotins eram o álibi que precisava para ir e vir sem
levantar nenhum tipo de suspeita por parte do casal. Ficaram durante todo o dia
conversando e se conhecendo a espera da melhora do tempo, até que ao final da
tarde já escurecendo, a luminosidade de Flow invadiu aquele recinto causando
surpresa a Isabele:
- Que luz intensa é essa?
- Você é de outro mundo, nunca viu Flow?
- Respondeu Marcele.
- Ah, claro. Flow.
- E por causa do vendaval seu brilho
está até mais fraco.
- É mesmo!
Isabele se dirigiu a janela e pode
observar aquele imenso satélite, afinal nunca poderia imaginar que a Lua de
Zywamner estivesse tão próxima se agigantando as suas vistas.
- Que maravilha!
- Não olhe por muito tempo. Dizem que
Flow costuma hipnotizar aqueles que a admiram. Nunca ouviu essa lenda?
- Sim, minha avó me contou histórias
parecidas...
- Isabele, amanhã irei a uma loja de
penhores para avaliar a peça de ouro. Quer ir comigo?
- Claro Jean. A que horas?
- Logo pela manhã.
- Combiné!
Após o jantar, Isabele dá boa noite aos
seus amigos indo direto para seu quarto, com a intenção de pesquisar possíveis
outros elementos constantes naquele Planeta para não ter mais surpresas que
pudessem deixá-la em situação embaraçosa, como a que ficou quando questionada a
respeito de Flow.
Enquanto isso, Jean procurava nos mapas
e logicamente não encontrou em parte alguma do seu mundo um lugar chamado Rio
de Janeiro. Então, ele relata a sua mulher que há algo de estranho com Isabele
e sente que pode ter cometido um grave erro em ter dado suas economias aquela
estranha. Assim, certificou-se de ter trancado a casa toda e diz que passará a
noite de plantão receoso pela fuga daquela mulher.
Às sete horas da manhã, Isabele está
pronta para sair e após os três tomarem café juntos, Jean retirou seu velho
carro da garagem e partiram rumo ao destino que previamente combinaram.
Lá chegando, um homem chamado Ozanan
lhes dá boas vindas e diz estar pronto para atendê-los;
- No que posso lhes ser útil?
- Quero avaliar uma pequena peça de
ouro.
- Vamos até minha sala, entrem e fiquem
a vontade.
- A peça é esta aqui.
- É uma bela peça. - Deixe-me
observa-la. Ouro 18 k. Nunca vi uma peça assim onde 75% de seu teor é ouro puro
e o restante de outros metais muito nobres, normalmente avalio peças de 14 k e
pago 3000 Ct a grama, mas esta tem 25 g de 18 k. Avalio em 102 mil
Cotins. Ct 4080 por grama.
- O que me diz de Ct 4200 por
grama?
- Ct 4150, o máximo que posso pagar. Ct
103750.
- Fechado.
- Então, vamos tratar da papelada e
também do pagamento.
Ao saírem dali, Jean Fleury agora um
homem rico e bem mais tranquilo põe a mão no ombro de Isabele e diz que
precisam conversar. Sugere que sentem no banco do jardim, na praça em frente à
loja de penhores.
- Isabele, muito obrigado mesmo.
Entretanto, preciso te confessar uma coisa: Depois que te entreguei os míseros
Ct 2000, eu busquei por Rio de Janeiro nos mapas e não encontrei em lugar
nenhum. Fiquei preocupado e fiz um julgamento equivocado a seu respeito. Eu
desconfiei de você e por esta razão quero te devolver a quantia que recebi,
pois não estou me sentindo confortável, pela maneira que agi diante tal
situação.
- Jean, você é um homem de bem, me
acolheu em sua casa numa hora difícil e mesmo eu sendo uma estranha, não se
negou a me entregar todas as suas economias, mas uma vez pensando em me ajudar.
Portanto não me deves desculpas e te entregar o brinco era o mínimo que podia
fazer para retribuir seu gesto de carinho e acolhimento. Ademais, não pude
dizer exatamente de onde venho, mas não menti a este respeito e certamente, no
momento propício as cartas serão postas a mesa.
- Vem cá menina, me dá um abraço.
- Só se pagar meu almoço.
- Vamos lá. Vou te levar a um
restaurante de primeira.
Trocando
ideias atravessaram três ou quatro quarteirões e chegaram a esquina do
restaurante que ficava em frente a um prédio de mais ou menos 20 andares.
Isabele olha para o alto do prédio e vê a inscrição “Tetramicro” e a título de
não ter dúvidas pergunta se é ali onde trabalha seu amigo Javier Russeole. Jean
lhe responde que sim no 14º andar e por fim adentraram no restaurante e fizeram
seus respectivos pedidos.
Capítulo
28
O projeto de
Isabele para a Tetramicro
No dia seguinte, agora conhecedora do
local onde Javier trabalha, Isabele acordou cedo e avisou a seus amigos que
iria sair em busca de um novo emprego. Pediu a Marcele que mantivesse o
computador ligado até que voltasse para casa, pois seu novo emprego dependeria
de uma experiência que vinha testando. Por volta das 8 h estava na portaria do
prédio, onde pede informações sobre Javier e se dirige ao andar indicado com um
crachá de visitante. Ela sabia que não seria fácil conseguir uma entrevista,
motivo pelo qual se apresentou dizendo ser amiga de Jean Fleury e que tem
assuntos pessoais para transmitir a Javier Russeole.
- O Sr. Russeole, pediu que o aguardasse
por alguns momentos.
- Merci! Vou aguardar. Esperou por dez
minutos e logo a seguir a secretária a levou a sala do executivo.
- Bom dia! - Muito prazer. Sou Isabele
Constantine.
- Que notícias têm a respeito do meu
amigo Jean?
- Jean está bem, na verdade muito bem.
Eu sou a pessoa referida na ligação que ele te fez, como a empresa não está
recrutando amadores preferi vir pessoalmente para lhe dizer que tenho
conhecimentos que poderão mudar os caminhos desta empresa.
- Entendo, mas estamos com todos os
cargos ocupados, realmente não temos vagas.
- Mesmo em “tecnologia da
informação”?
- Como sabe sobre o projeto? - Como ficou
sabendo sobre TI?
- Venho me aprofundando nesta área e
descobri por conta própria que é possível a transferência de dados em
rede.
- Me desculpe como é mesmo seu
nome?
- Isabele Constantine.
- Isabele, você tem como me provar o que
está dizendo.
- Sim, claro. Só preciso de um
computador.
- Sente-se aqui no meu e mostre-me o que
pode fazer.
Isabele sentou-se em frente ao
computador e fez rápidas configurações, que em instantes lhe mostrou fotos da
família Fleury, inclusive uma em que Javier está abraçado a seu amigo Jean e
isso no computador que está no seu quarto na casa de Jean.
- Fantástico.
- A transferência só não é mais rápida,
por causa da comunicação telefônica que não é boa.
- Você pode me aguardar um momento? - Eu
já volto.
- Por favor, Sr. Russeole não chame por
ninguém, esta conversa deve ser restrita a nós dois.
- Mas não posso lhe dar um emprego se
meus superiores não concordarem com sua proposta.
- Na verdade, não preciso de emprego.
Hoje, eu vim aqui apenas lhe conhecer pelo fato de você ser amigo de Jean. Sei
que trabalha aqui por mais de 25 anos, entretanto e apesar de seus esforços,
não têm reconhecimento. Eu realmente gostaria de lhe conhecer mais a fundo e
saber se posso entregar valiosas informações a pessoa certa. O suposto emprego
seria mais um álibi, que uma intenção.
- Não tenho autonomia para contratar
novos funcionários, mas posso tentar junto ao departamento de pessoal.
- Não perca seu valioso tempo com
empecilhos burocráticos. Encontraremos outras soluções.
Então, ela desfez as configurações
inseridas no PC de Javier levantou-se e estendeu a mão a ele, quando as mãos se
encontraram, ela conseguiu extrair os sentimentos mais enraizados da mente
daquele homem. Agradeceu pela recepção e foi embora.
Ao chegar a sua nova moradia, Jean e
Marcele lhe perguntaram se conseguiu alguma entrevista, ela disse ter estado
com Javier e que ele faria o possível para conseguir uma vaga na Tetramicro,
mas que por hora não havia como.
- Eu te falei Isabele, se estivesse ao
seu alcance, você certamente estaria empregada.
- Fui até lá, apenas para que me
conhecesse pessoalmente e demonstrar meu projeto. Acho que ele gostou
muito.
Ao toque do telefone, Jean atende a
chamada.
- Alo!
- (...)
- Opa Javier, estávamos falando de você.
Soube que conheceu Isabele.
- (...)
- Sim, está morando conosco.
- (...)
- Venha jantar conosco esta noite.
- (...)
- Te aguardamos, até.
- Ele disse que ficou
impressionado com você Isabele e hoje à noite nos fará uma visita.
- Que ótimo Jean.
- Javier é um homem obstinado e de pouco
tempo. Se vier a nossa casa é porque realmente viu algum potencial em
você.
- Como vocês se conheceram?
- Somos amigos desde os tempos de
escola. Crescemos juntos e frequentamos os mesmos lugares. Dividimos acampamentos
e trocamos confidências. Nunca tivemos desavenças e somos praticamente irmãos.
- Muito legal, hoje em dia é difícil ver uma amizade assim.
- Marcele também era muito amiga de
Juliet, sua esposa, falecida há dois anos. Depois de sua morte deixamos de fazer
excursões que normalmente costumávamos frequentar e de lá para cá nos
encontramos apenas em visitas como a que teremos esta noite.
- Então, hoje será uma noite
especial!
- O encontro com Javier é sempre
especial.
Por volta das 19h, Javier chegou à casa
de Jean e os velhos amigos se confraternizaram numa demonstração de afeto e
profunda estima. Marcele serviu o jantar: feijão, arroz, bife e fritas, prato
comum e predileto do convidado.
- Como sempre, uma delícia,
Marcele. Obrigado! Como conheceram Isabele?
- O vendaval de anteontem nos trouxe
essa bela jovem e nós a acolhemos. Será nossa hóspede por tempo indeterminado e
se você precisar posso te garantir que não terá problemas em admiti-la.
- Ela tem conhecimentos que ninguém em
Zywamner possui, não será difícil conseguir trabalho. Mas...
- Amigos, na verdade eu planejei este
encontro, assim poderei explicar de uma só vez, algumas coisas que infelizmente
não posso relatar aos quatro cantos do Planeta. Preciso que acreditem em
mim.
A você Jean: Digo-te que em nada
adiantou fechar as portas e ficar com as chaves passando a noite em claro, pois
se eu quisesse teria saído assim mesmo.
A você Marcele: Reafirmo-te que Marriete
está muito bem.
A você Javier: Digo-te que meus
conhecimentos vão além do que presenciou pela manhã em seu escritório.
Não sou exatamente o que pensam que sou.
Cumpro uma missão imposta por mim mesma em ajudar o sistema evolutivo dos seres
humanos que habitam os vários Planetas distribuídos por todo o incomensurável
Universo.
- Que história é essa Isabele, a
vida se resume somente a Zywamner e...
- Não Jean, a vida não se resume apenas
ao que você acha e sim a uma forma muito mais abrangente e diversa do que
podemos supor ou imaginar.
Quanto a você Javier tenha paciência.
Sei que este assunto parece não lhe interessar, pois está inquieto em saber de
como pude acessar outro computador, mas saberá a seu tempo.
- Como sabe que estou apreensivo pelas
informações?
- E como sabia que tranquei a casa e
fiquei de guarda a noite inteira?
- Como pode afirmar que Marriete está
bem?
- Poucos são aqueles que conseguem
enxergar além de seus horizontes e por isso já estou me acostumando a
interpretar as pessoas como seres descrentes. Portanto, somente provando de
maneira contundente, que será possível fazer com que vejam suas realidades de
outro campo de visão mais aprimorado e, só assim conseguirei meus intentos. Não
importa o tempo, nem o estado e nem o lugar..., é sempre a mesma coisa... Posso
ler as suas mentes! - Sei exatamente o que pensam neste momento, portanto
é de suma importância que acreditem no que digo. - Não duvide Jean, o nome do
seu pai era Harry Fleury e sua mãe Marie de Costele. - Sua senha de acesso na
Tetramicro Javier é o nome da sua mulher mais o nº 5. - E você Marcele quer
aproveitar a costela que está no freezer para o jantar de amanhã.
- Quem é você menina?
- Sou Isabele Constantine do Planeta
Terra. Moro em Copacabana no Rio de Janeiro há 4500 anos luz distante de
Zywamner. Venho do século XXVII, 600 anos a frente deste tempo, neste mundo.
Viajo a velocidade do pensamento e posso produzir coisas inimagináveis, mas
sempre com o objetivo de auxiliar e produzir mudanças, que contribuam com o
avanço evolutivo para os Planetas que visito.
- E eu que pensava já ter visto de tudo
nesse mundo. - Fale-nos mais menina.
- Somos todos seres humanos. Cada qual
vivendo experiências, aprendendo e compartilhando informações necessárias ao
próprio desenvolvimento. Desta forma, a cada existência vamos construindo os
alicerces formadores do nosso caráter e os entendimentos das leis imutáveis da
Criação.
- Mesmo dizendo que consegue ler as
nossas mentes é muito difícil acreditar que realmente possua este dom, na
verdade Isabele, tanto eu quanto Jean somos homens céticos e gostaríamos que
nos desse prova incontestável do que está dizendo.
- Compreendo, mas antes devo lhe
corrigir: Isto não é um dom, mas ciência. Deem-me suas mãos e fechem os olhos.
Eu lhes mostrarei por telepatia um pouco do mundo em que vivo e também vou lhes
conceder um presente. Relaxem...
Primeiro Isabele contou até dez, mas
depois do número cinco, o restante deles já podia ser ouvido de forma
telepática. A seguir o cotidiano na Terra se produziu em belas imagens jamais
vista dentro de seus cérebros. Junto aquela realidade, um misto de furor e
êxtase que beirava a convulsão. Minutos depois, ela soltou suas mãos e aos
poucos os Zywamnerianos puderam recobrar sua realidade de volta. Ao abrirem os
olhos, outra surpresa: entreolharam-se e perplexos viram que haviam rejuvenescido
pelo menos 10 anos. Miraram-se num espelho acima do sofá na sala de jantar e
entenderam que estavam diante a um ser com poderes além de suas compreensões.
Extasiados, não tinham palavras. Não sabiam exatamente se agradeciam ou
questionavam mais alguma coisa. Balbuciavam palavras incongruentes e riam.
Passados mais alguns minutos, agora dentro de certa normalidade voltaram-se a
Isabele que se mantinha tranquila e dona da situação.
- Porque nos escolheu Isabele?
- Você é que me escolheu, quando segurou
no meu braço e me acolheu em sua casa, meu amigo. Daí em diante foram apenas
consequências.
- Engraçado, não me sinto só mais jovem
na aparência, também estou me sentindo mais disposta. Obrigada, minha
filha!
- Quanto a você Javier, os planos são
mais ousados.
Lendo seus pensamentos que faziam menção
às perguntas que teria de responder quanto ao fato de ter rejuvenescido, assim
completa: Diga-lhes que está fazendo um tratamento de rejuvenescimento a título
experimental e que não sabe dos efeitos secundários, o que obviamente não terá
e, que a Empresa está em processo de testes para colocar o produto no
mercado.
- Obrigado Isabele.
- Javier, precisaremos tratar das bases
para iniciar o projeto. Pode tirar um dia de folga?
- Sim, pode até ser amanhã. O que
você acha?
- Jean, Marcele, Javier pode passar o
dia amanhã aqui conosco?
- Claro minha filha, já lhe disse: fique
a vontade.
- Então, combinado Javier.
- Você disse que já viajou a outros
mundos, fale-me sobre isto indagou Jean.
- Estive em dois mundos parecidos com os
nossos, sendo que o primeiro, chamado Yron corresponde ao que vivemos nos idos
do século XVII e Thronos ainda vive uma experiência medieval, mais ou menos
século XIV.
- As pessoas são como nós?
- Exatamente a mesma coisa. As únicas
diferenças são o estado evolutivo e os Deuses que adoram.
- Sião não é o Deus Universal?
- Não, Marcele. Cada Planeta acredita
piamente em Deuses distintos. A minha teoria é que cada Deus rege e governa os
Planetas que criaram e a que foram previamente designados pelo Grandioso Ser,
este sim Deus supremo de toda criação, magnânimo a todos os Deuses, assim como
os Deuses são magnânimos a todos nós. Isto, não lhes tira os méritos, pois
sendo escolhidos pelo Grandioso Ser para executar tão valorosa missão, só lhes
aumentam os créditos. Entretanto, as leis Universais são imutáveis e, portanto
os Deuses não nos privilegiam ou castigam, interferem ou manipulam nossas
vontades, nos deixam ao sabor do livre arbítrio e as nossas intenções.
- Então, para que serve a fé e a
dedicação que temos a Eles?
- Te responderei da mesma forma que já
respondi em outras ocasiões: A fé nos foi incondicionalmente implantada para
que atravessássemos a vida com a certeza em um futuro promissor. Teu Cérebro,
Alma e Espírito são tudo o que você é, ou seja, Corpo, Mente e Coração,
inclusive capaz de operar milagres. A fé que você tem, não é divinatória e sim
particular e apenas sua. Os milagres que conseguiu foi por tua única e
exclusiva vontade, assim como teu sucesso e tuas derrotas vieram do teu esforço
ou inércia, independente de Deuses ou religiões. Ela está diretamente ligada à
felicidade e, portanto, extremamente difícil de ser separada dos sentimentos
que desde sempre nos foram enraizados.
- Como consegue viajar através da
velocidade do pensamento?
- Javier, os caminhos da própria
evolução nos conduzem ao conhecimento, tanto mais estudamos e aperfeiçoamos o
aprendizado, mais próximos estaremos de descobertas inimagináveis e concretas
as realizações.
- Pode nos passar ou ensinar tais
informações.
- Não. Cada qual no seu tempo! - Na
minha concepção, devemos auxiliar no progresso e não interferir no
futuro.
- Compreendo.
Flow já estava bem alta quando os
quatro decidiram descansar. Quando Isabele se retirou, os outros três ficaram
por mais um tempo observando as maravilhosas modificações que sofreram e
abismados pelas revelações que lhes foram passadas. Javier se encostou por ali
mesmo e o casal se retirou ao seu quarto, no fundo viveram um êxtase
indescritível e que jamais poderão se esquecer.
Pela manhã em meio ao café preparado por
Marcele, juntaram-se para mais uma jornada ao lado daquela intrigante mulher,
principalmente Javier que seria o alvo de informações que certamente nenhum
outro ser daquele Planeta poderia pensar em obter.
Ansioso, como sempre Javier
indaga:
- Então! Isabele vamos começar? - Eu
trouxe meu computador portátil.
- Sendo assim, vamos trabalhar aqui
mesmo na sala.
Isabele lhe passou as informações
básicas, esclarecendo que iria lhe ensinar através de alguns programas, o passo
a passo de como produzir e interligar os equipamentos fundamentais que deveriam
ser testados para que então, através das configurações corretas, pudessem
estabelecer a comunicação em rede.
Por outro lado, Javier a questiona de
como conseguiu estabelecer tal comunicação sem os devidos equipamentos e ela
prontamente lhe respondeu que usou uma tecnologia terrestre a qual não poderia
ser vista pelos Zywamnerianos em virtude de todo projeto correr o risco de ir
por água abaixo. Javier salvou os desenhos e disse ter compreendido bem o que
Isabele lhe ensinou, entretanto, acredita que terá dificuldade em compreender
sobre as configurações necessárias ao funcionamento depois de aprontar os
protótipos dos equipamentos em questão. Por sua vez, Isabele o tranquiliza
dizendo que em último caso poderá lhe transmitir telepaticamente as informações
precisas. Apesar de Javier ser um homem muito competente, depois de várias
tentativas reconheceu não possuir capacidade de entendimento sobre os
procedimentos para aqueles fundamentos. Desta forma e constatando não haver
alternativa, Isabele segurou as suas mãos e como na noite anterior pediu para
que Javier relaxasse e mantivesse seu foco liberto de quaisquer pensamentos.
Lentamente, ela lhe transmitiu o que ele precisava saber gravando em sua
memória apenas o que lhe cabia ao desempenho de tão valiosas informações. Jean
e Marcele testemunharam aquela cena e puderam observar o estado quase
convulsivo do seu amigo e ao final daquele semitranse, quando Javier recobra
seu estado normal, entreolham-se e perguntam:
- Ontem, nós também ficamos assim, em
transe?
- Eu não fiquei em transe, na verdade
senti certa sonolência, mais nada.
- As descargas cerebrais são tão
intensas, que momentaneamente desfalecemos e o corpo libera adrenalina
suficiente para o restabelecimento das funções vitais.
- E isso tem efeitos colaterais
Isabele?
- Fiquem tranquilos amigos, vocês
viverão por muitos anos.
-
Javier, tente agora fazer as configurações que não conseguia.
Ele as fez rapidamente e como num passe
de mágica, Javier agora tinha não só os conhecimentos técnicos, como também os
práticos e estava apto para desencadear uma revolução que o tornaria uma figura
mundialmente conhecida e logicamente excessivamente rico.
- Já imaginou todos os computadores
ligados em rede Javier? - Uma rede mundial de computadores.
- Espere ai... O que você está
dizendo... Não... Como não pensei nisto? - Na minha ignorância pensei apenas em
jogos e informações internas entre empresas.
- Não Javier, este é um fenômeno de
infinita abrangência e sem volta. Zywamner nunca mais será o mesmo, pois é
exponencial e conecta todo o Planeta. As informações estarão em linha e poderão
ser acessadas de qualquer lugar e por qualquer pessoa em tempo real. É um
avanço tecnológico revolucionário e sem precedentes, onde a comunicação será
guiada completamente virtual.
Javier ouvia atentamente e a cada
palavra novas ideias lhe fervilhavam o cérebro e vendo que não teria como
guardar tantas informações perguntou se poderia gravar aquela entrevista.
Isabele respondeu que não e esclareceu que jamais poderiam saber de sua
presença. Em virtude do despreparo em que muitos ainda se encontravam em
Zywamner poderiam também comprometer suas intenções.
- Que nome foi atribuído em seu Planeta
a tão revolucionário sistema?
- Simplesmente Internet!
- Internet... O que você acha de
Zywamnet aqui para Zywamner?
- É um bom nome para consagrar uma
marca.
- Então, amanhã mesmo vou me reunir com
a diretoria e expor meu aprendizado. Eles ficarão loucos, assim como
estou.
- Só mais uma coisa Javier: Isto não se
dará da noite para o dia. Lembre-se que as informações que te transmiti não
poderão ser compartilhadas da mesma forma. Assim, você terá que ensinar e
doutrinar seus imediatos e também os imediatos de outras corporações, o que
demanda tempo, estudo e perseverança.
- Mas valerá muito a pena Isabele
e o nosso mundo, mesmo não lhe conhecendo, muito ficará lhe devendo.
Obrigado.
- Isto requer um brinde, se manifestou
Jean abrindo uma garrafa de vinho. Então, brindemos: A Isabele!
-A
Isabele!
Capítulo
29
O poder da mente
e as curas
A média de vida dos Zywamnerianos não
ultrapassava os 70 anos. O câncer era a doença que aterrorizava aquela gente e
muitas mortes vinha a ser atribuída a perniciosa doença. Clair de Fontaine,
prima de Marcele beirava os 52 anos, quando foi acometida de tão terrível
moléstia, um câncer de mama. Internada em um hospital público, agora aquela
pobre mulher fazia o único tratamento até então paliativo e conhecido nas
hordas médicas, à bruta quimioterapia. Jean e Marcele preparavam-se para
visitá-la no hospital, após uma ligação que os deixaram muito preocupados.
Percebendo que havia uma crise, Isabele se prontifica a acompanhá-los com a intenção
de tranquilizá-los e tentar restabelecer a harmonia junto ao casal.
Na mesma enfermaria, outras quatro
mulheres convalesciam da mesma doença e entre angústia e sofrimento dividiam
seu pesar. Era a hora própria a visitação e muitos parentes e amigos transitavam
pela enfermaria e rodeavam o leito das doentes. Entre orações e súplicas, O
Deus Sião era mencionado e todos se agarravam aquela fé, procurando irradiar
conforto e serenidade as suas entes-queridas.
O Dr. Michel Appolon, chefe da equipe
médica do hospital adentrou a enfermaria e vai de leito em leito fazer suas
avaliações e, ao mesmo tempo responde as perguntas das pessoas procurando
amenizar seus corações, mas sabe que a probabilidade e expectativa de vida dos
seus pacientes não são boas e por esse motivo usa de termos acadêmicos que são
incompreendidos pela totalidade dos ali presentes. Depois de todas as
avaliações e as respostas dadas, voltou a sua sala para fazer as anotações de
rotina, quando é surpreendido pela presença de Isabele, que o aguardava sentada
na cadeira em frente a sua mesa.
- Boa tarde Doutor Michel! - Eu me chamo
Isabele Constantine.
- Boa tarde! - Eu já dei todas as
informações na enfermaria. Não tenho mais nada a dizer.
- Mas eu tenho e gostaria que me ouvisse
com bastante atenção.
- Já sei o que você vai dizer: que o
hospital é uma bagunça e que nós, os médicos somos descompromissados e
desinteressados pelos pacientes e blá, blá, blá... Mas nada posso fazer, sinto
muito.
- Não. Quero te dizer, que sei como
extinguir esta doença e salvar milhares de vidas.
- Ah! Entendo! - Sabe também qual será o
resultado da loteria no próximo sorteio?
- Não, mas posso te dar 90% de
probabilidades de acerto, se não for sarcástico e arrogante.
- Me desculpe Isabele, pois estou cercado
de problemas e tempo neste hospital é um produto de luxo, que não
disponho.
- Que tal jantarmos juntos esta
noite?
Percebendo a insistência e o conjunto
dos atributos femininos de Isabele, Michel interpretou o convite como uma
cantada e hipnotizado por aqueles belos olhos negros:
- Está bem! - Te pego às 9h. Qual o seu
endereço?
- Rua Topic, 135, no Centro.
- Bom trabalho! - Até mais.
- Até.
De volta para casa, ela percebe a
tristeza e a preocupação na face de seus amigos, por saberem que o caso de
Clair era extremamente grave e que certamente não tardaria o momento
derradeiro.
- Não fiquem apreensivos, Clair vai sair
dessa!
- Acho muito difícil minha filha, seu
problema é grave e não tem solução.
- Devemos celebrar a vida e não temer a
morte. O tempo também é o remédio e o elixir da cura de todos os males.
- Gostaria de ter esta certeza e pensar
sempre como jovem, mas sinceramente não consigo.
- Esta é a chave Jean, reflita sobre
isto. - Durante a visitação estive com o Dr. Michel e marcamos um jantar
para hoje à noite.
- Que bom Isabele! - Aproveite a sua
juventude.
- Estou aproveitando! - Obrigado
Marcele.
Pontualmente às 9h. O Dr. Michel chegou
ao seu destino e tocou a buzina de seu carro. Isabele se despediu dos seus
amigos adentrou ao perfumado possante e,
juntos saíram em direção ao restaurante. Fora dos limites do hospital,
Michel se apresentava totalmente diferente daquele médico conhecido há horas
atrás. Era um homem que aparentava cerca de 30 a 35 anos, de rosto angular e
bem barbeado, com cabelos curtos e bem tratado, ao passo que delineava
aparência exótica e ar jovial. Por suas expressões e ao tratamento carinhoso a
Isabele, ela logo percebe segundas intenções naquele encontro.
- Há quanto tempo exerce a carreira de
Médico?
- Cinco anos e você o que faz?
- Sou Engenheira de Computação.
- Gosta do que faz?
- Sim. Eu amo minha profissão e
você?
- Ser médico exige muito estudo e
dedicação à carreira, mas não há reconhecimento, principalmente quando se
trabalha para o governo. A satisfação acontece apenas quando conseguimos salvar
vidas. Mais nada.
- Isso pode mudar, mas depende
suficientemente de acordos e um forte sindicato que realmente esteja engajado
nas causas da saúde, com respostas que mostre ou provem o valor da categoria.
- Há muita corrupção e descaso das
autoridades e isto interfere significativamente em nosso trabalho. Estamos
chegando, que prato pretende pedir?
- Não sei. Qual a especialidade da
casa?
- Risoto de camarões e frutos do
mar.
- Então, pedirei risoto. Eu adoro.
- Não se espante com a bandeja, pois é
muito bem servido. - Vamos lá?
- Vamos!
Depois do jantar, caminharam por algumas
ruas e saíram em frente à praia, onde ali, puderam sentar-se de frente para o
mar, que recebia a visita da exuberante Flow e conversar um pouco mais:
- Você disse que era Engenheira de
Computação, o que sabe a respeito de medicina?
- Autossugestão e convencimento.
- Então, é só dizer: você está
curado, levante-se e pode ir embora.
- Mais ou menos isso. O próprio ser humano
deve aprender a auto imunizar-se se conscientizando do poder da sua mente
estimulando o sistema imune, contra-atacando não só células malignas, como
também os mais variados tipos de doenças.
- De que forma o poder da mente pode
controlar e atacar anomalias?
- Através do seu convencimento de que
está imune fazendo com que o cérebro responda de forma positiva irradiando de
forma sistemática o cumprimento de seus comandos.
- Acha que pessoas possam ser curadas
apenas por terem fé de que serão curadas?
- Se o cérebro entender que este comando
foi ativado, sim. Mas não estamos falando de curas miraculosas e sim de
autossugestão. Desta forma, deve induzir aos pacientes que treinem seus
cérebros a pensar desta maneira. Os resultados são surpreendentes e começam a
mostrar resultados de 3 a 4 dias depois de iniciados. Entretanto, os pacientes
terminais por já estarem significativamente fragilizados, dificilmente
conseguem.
- Eu não sei, acho que esse papo chegou
ao fim. - Quer tomar um sorvete ou beber algo?
- Não. Está tarde e gostaria que me
levasse para casa.
- À noite ainda nem começou. Vamos a uma
casa de dança. Gosta de dançar?
- Me desculpe Michel, mas realmente
preciso ir.
Inconformado pelo encontro não ter
alcançado o objetivo esperado, ele a levou de volta para casa e durante o
percurso resmungou mentalmente mantendo-se calado por toda viagem de
volta.
- Boa noite Michel e muito obrigado por
ter aceitado meu convite. O jantar estava ótimo. Espero que você pense a
respeito do que conversamos.
- Boa noite.
Em casa no conforto do seu quarto,
Isabele irradia pensamentos diretamente a mente de Michel forçando-o a pensar
na conversa que tiveram durante o encontro. Por outro lado, também em seu
quarto, Michel não entendia por que apenas o que aquela mulher lhe falou a
respeito da cura de doenças, não saia da sua cabeça. O que ele não sabia era
que aquela irradiação, também era um sugestionamento cerebral irresistível e o
tornaria um homem diferente a partir daquele momento.
Na manhã seguinte quando chegou ao
hospital, ele voltou a sentir a estranha energia da noite anterior e sem mais
relutar dirigiu-se a enfermaria fazendo os procedimentos de praxe, mas ao
chegar próximo ao leito de Clair, sentou-se a seu lado e inicia uma conversa
com a paciente, a princípio mentindo para ela:
- Sra. Clair, averiguei seus exames e
observei significativa melhora na sua doença.
- É mesmo Doutor? - Que boa
notícia.
- Às vezes precisamos acreditar em nós
mesmos e treinar a nossa mente para que os pensamentos positivos irradiem a
melhora de algumas doenças. A Senhora pensa assim?
- Não, mas esta noite tive um sonho em
que me via bem mais nova e não tinha doenças. Eu me sentia dona do mundo e não
tinha medo de ser feliz.
- Muito bom Sra. Clair. Gostaria de lhe
pedir que pensasse nesse sonho pelo menos cinco vezes por dia durante três
dias, até os próximos exames.
- Vou pensar Doutor.
- Obrigado, agora descanse.
Clair não só pensou no sonho, como
também imaginou a sua cura e no terceiro dia, o Dr. Michel com o resultado da
tomografia em mãos foi até o seu leito e sentou-se novamente a seu lado
dizendo:
- Espantoso Sra. Clair, seu tumor
diminuiu 50% desde a última averiguação.
- Eu vou me curar Doutor, você vai
ver.
- Inacreditável. Pode manter este
pensamento e esta alegria por mais uma semana?
- Claro Doutor, mas os remédios que
estou tomando estão me ajudando muito.
- Certo. Fique atenta aos horários dos
seus remédios, as enfermeiras seguem as minhas recomendações.
- Obrigado Doutor.
- Até amanhã Sra. Clair.
Clair nem desconfiava que tomasse
placebos substituindo os remédios que deveria tomar. Dez dias depois, o tumor
havia desaparecido e Clair estava curada. No final da tarde, Michel vai ao
encontro de Isabele, e bate a porta de Jean. Marcele olha pela portinhola da
porta e pede que aguarde enquanto chama por Isabele.
- Aquele Doutor está aqui Isabele! -
Quer que eu peça para ele entrar?
- Não Marcele. Vou recebê-lo na varanda,
Obrigado.
- Dr. Michel! - O que te traz
aqui?
- Preciso conversar com Você Isabele.
Uma paciente ficou curada em 10 dias. Você pode me ouvir, está ocupada?
- Não, pode falar. O que
aconteceu?
- Na noite em que nos encontramos suas
palavras não saíam do meu pensamento. Eu relutei, mas acabei colocando em
prática seus métodos com uma das pacientes e... Deu certo, ela se curou.
- E você pretende continuar com
outros?
- Eu não sei Isabele. Coincidentemente a
Sra. Clair disse ter tido um sonho e este sonho pode ter sido a chave para a
cura. Como farei para que os outros pacientes também tenham sonhos
parecidos?
- Você disse Sra. Clair?
- Sim. Sra. Clair de Fontaine. - Vai ter
alta amanhã.
- Que boa notícia. - Hipnose!
- Hipnose, que hipnose?
- Hipnotize seus pacientes.
- Mas eu não sei hipnotizar ninguém. -
Do que é que você está falando?
- Indução de pensamentos, primeiro você
os induz e depois os sugestiona. - Assim como fiz contigo.
- Como é que é?
- “Na noite em que nos encontramos suas
palavras não saíam do meu pensamento”... Blá, blá, blá...
- Como pode fazer isto? - Eu não entendo...
- Vou te ensinar uma coisa Michel: Antes
de pensar em você pense nas outras pessoas. Cada Ser tem em seu âmago grandes
mistérios, identifique-os mesmo que resumidamente. Concentre-se totalmente em
desvendá-los, depois é só sugestioná-lo.
- Impossível!
- Fiz isso com você naquela noite. Posso
fazê-lo novamente. - Naquela noite, tudo o que você queria era transar comigo,
como não conseguiu, seus pensamentos eram de revolta e tudo o que mais queria
era poder se livrar de mim, me deixando em casa o mais rápido possível.
- Isso foi o que você deduziu... Tá
legal, eu queria transar com você e fiquei chateado, mas isto não quer dizer
que desvendou meus mistérios.
- Mas descobri quais eram suas intenções
por que me concentrei nelas. Deixei todos os seus pensamentos irradiar suas
emoções e invadi sua mente te sugestionando a fazer exatamente o que eu queria,
ou seja, aplicar os meus métodos em seus pacientes.
- Temos aqui duas questões:
1) Eu não sei como fazer isto.
2) Se você pode, eu também posso.
- Ufa! - Finalmente chegou onde eu
queria! - Todos podem. De certo isto exigirá muito tempo de treino e profunda
concentração, mas eu posso te ajudar te dando um empurrãozinho.
- De que forma pode me dar esse
empurrãozinho?
- Fazendo você aprender a se concentrar.
Nossa mente é tudo e nela temos armazenados tudo que vivenciamos e aprendemos,
desde a mais tenra memória, inclusive as experiências vividas em outras
esferas, em outras realidades. Sei que no seu mais profundo íntimo, não
acredita em outras existências, outros mundos. Mas te garanto e posso provar
que digo a verdade.
- Espere um momento, sou médico e me
formei pela Faculdade de Urva. Acredito na Vida e tenho certeza da Morte, como
posso me fiar nesse papo de outras existências e outros mundos?
- Eu sou de outro mundo.
- (...)
- Não eu não sou maluca!
- (...)
- Se você acha melhor ir embora, então
vá!
- Você esta lendo meus pensamentos? -
Como consegue?
- Eu sou de outro mundo.
- (...)
- Não, você não está ficando
louco.
- (...)
- Ei sei que é casado!
- Pare. Por favor, pare. - Eu não sei
como pode saber o que estou pensando, mas preciso saber como consegue fazer
isto.
- Vou te dizer pela terceira e última
vez e gostaria que acreditasse e confiasse em mim, assim como estou confiando
em você. “EU SOU DE OUTRO MUNDO”!
- Mas como?
- Me dê suas mãos.
Quando suas mãos se tocaram e seus olhos
se aprisionaram aos de Isabele, ele pode antever ao mundo a que Isabele se
referia e naquele mesmo instante, um frio lhe subiu a espinha até chegar à
cabeça e umas séries de procedimentos médicos lhe foram passados e aprendidos
instantaneamente. Sem contar é claro que junto, também lhe foi inserido uma
dose de ética e humildade que repeliam qualquer forma de se julgar superior às
outras pessoas.
- Obrigado Isabele. - Este é um segredo
que levarei para o túmulo e jamais me esquecerei desta tarde. Vou por em
prática tudo o que me ensinou e salvarei muitas vidas. Em cada uma delas, em
meus pensamentos seu nome será lembrado.
- Não nos veremos mais Michel, então
quero te dizer uma última coisa: No momento certo e apenas uma única vez, você
passará os conhecimentos que lhe dei a outra pessoa da mesma maneira e fazendo
exatamente os mesmos procedimentos que eu fiz. Esta outra pessoa, passará para
outra, que passará para outra, mas sempre uma única vez e estes aprendizados
nunca serão esquecidos.
- Como terei certeza de estar passando
para a pessoa certa?
- Você saberá! - Adeus Michel.
-
Adeus Isabele.
Capítulo
30
A despedida de
Isabele do Planeta Zywamner
No dia seguinte ao encontro que tivera
com Michel, Isabele passou o dia inteiro conversando e desfrutando da amizade
de Jean e Marcele. Ajudou a fazer o jantar, assistiu ao noticiário local pela
TV com Jean e por volta das 21 h. pediu que seus amigos a acompanhassem a
assistir a beleza natural de Flow que estava incrivelmente exuberante naquela
noite. Assim os três sentaram-se nos bancos da varanda e puderam contemplar sua
beleza e também trocar ideias:
- Amigos! Quero lhes agradecer por tudo
que me ajudaram e em retribuição quero deixar o meu outro brinco para que
realmente possam estar seguros financeiramente, hoje mesmo partirei.
- Mas por que Isabele, está aqui há tão
pouco tempo...
- Cumpri em Zywamner aquilo a que me
propus e não devo ir além.
- Sentiremos muito a sua falta, nos
acostumamos com a sua presença e a este lindo sorriso largo. Você vai voltar
minha filha?
- Não posso prometer, mas certamente
também sentirei a falta de vocês. Nunca gostei de despedidas, mas não poderia
ir embora sem fazê-lo, pois também passei a considerá-los membros de extremo
valor em minha vida.
- Sabemos que não podemos te pedir para
ficar, mas quero que saiba o quanto nos sentimos gratos pelo que nos fez e
honrados por ter tido o privilégio de ter participado de tão maravilhoso e
espetacular momento de nossas vidas.
Eles se abraçaram fortemente. Isabele
olhou para Flow por alguns instantes e colocou a mão no ouvido desaparecendo
instantaneamente...
Jean
e Marcele ficaram por ali abraçados e as lágrimas lhes escorreram dos olhos,
mas agora faziam parte do seleto número de pessoas que puderam comprovar a
existência de outros seres pertencentes a outros mundos.
Fim.
Se o caro (a) leitor (a) teve a
oportunidade em ler os dois primeiros livros da série, então deve estar
percebendo que o crescimento espiritual e a própria vida de Isabele vem se
modificando a cada aventura. Este é um bom motivo para ela considerar as
“viagens” também no Tempo. Mas será que os próximos e surpreendentes acontecimentos
se darão pelo acaso ou haverá um propósito implícito por detrás das cortinas? –
O que você me diz de um encontro com uma Figura Ilustre do nosso passado
estando o mesmo relacionado com Seres Iluminados de outra Dimensão?
Esta
será a nova experiência da protagonista, que particularmente considero como um
salto quântico em sua jornada.
Obrigado por viajar junto comigo e
muitas bênçãos a você!
Antonio Bencardino.
Antonio Bencardino.
Capítulos de Zywamner
Capítulo 25 - De volta ao ano 2601
Capítulo 26 - O Planeta Zywamner
Capítulo 27 - Isabele chega a
Zywamner
Capítulo 28 - O projeto de Isabele para
a Tetramicro
Capítulo 29 - O poder da mente e as
curas
Capítulo 30 - A despedida de Isabele do
Planeta Zywamner
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