segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Viagens pelos Mundos ( parte 4 ) O Planeta Segoy


Viagens pelos Mundos - Segoy I
Por Antonio Bencardino

Prólogo
- Se você sabe quem somos nós, então irá morrer... 
E mesmo antes de terminar a frase, ela usa dos poderes adquiridos em Segoy I e desapareceu levando junto seus amigos para fora da sala. Trancou os malfeitores naquela cobertura, que mesmo não compreendendo a situação atiravam em vão em todas as direções. Ela não se deu conta, mas um tiro a atingiu na perna e segundos depois uma dor lancinante seguida de ardência agora lhe assaltavam o membro inferior direito fazendo com que perdesse os sentidos. 
Os bandidos foram cercados por seguranças e policiais que se faziam presentes e, após intensa troca de tiros, dois foram mortos e os outros três presos e levados à zona distrital de Urva, onde certamente cumprirão as duríssimas penas regidas por aquela sociedade. 
Ao despertar, Isabele estava num hospital e ainda convalescendo levou a mão ao ouvido e percebeu que o chip não estava em seu poder.
Introdução
O Universo está repleto de vida e não obstante, muito parecidas com a que aqui conhecemos. De certo, ainda não possuímos essa certeza, pelo simples fato de não termos a nossa disposição equipamentos que possam comprovar a veracidade de tal informação. Entretanto, ao olharmos o firmamento, não podemos crer que tudo se configure apenas para nos recriar as vistas e deslumbrarmos de forma apaixonada, tão belo espetáculo da criação. Apesar de não termos tecnologia que venha nos elucidar sobre tão fabuloso acontecimento podemos intuir que, dia menos dia, obteremos essas certezas, não só em relação às buscas que fazemos, mas também a mesma busca feita por parte de outros seres em condições similares as nossas. Este prazo tem data certa para seu vencimento e não tardará a proximidade de tais contatos, momento este em que nossa civilização deixará de pensar como sendo única, integrando-se de forma iniciativa, a vastidão de mundos completamente habitados por seres de inteligência de igual, superior e inferior a nossa. 
Podemos começar a compreender tal afirmação, se vasculharmos desde o passado remoto, os relatos que nos são trazidos até os dias atuais, sobre contatos de Deuses e seres de natureza desconhecidas, muitas vezes relatadas como sendo divindades, por ocasião do desconhecimento que nossos ancestrais possuíam. 
Por outro lado, também podemos concluir que esses seres por algum motivo, deixaram de se comunicar de forma expressiva como faziam, por entenderem que ainda estávamos muito distantes de suas expectativas, não compensando assim suas interferências. 
Hoje, nos encontramos em patamares de compreensão bem acima do que tínhamos outrora, mostrando com que desta forma, suas intervenções possam ser mais coerentes e quiçá justificadas em outras esferas. 
Partindo deste princípio, podemos até mesmo supor não estarmos aptos a tais encontros, mas de mentes abertas e alertas a estas questões, certamente conseguiremos nos transportar a novos mundos realizando assim o descobrimento de muitos mistérios que cercam nossa existência. 
Sinopse
De acordo com a própria evolução humana, no Século XXVII, Isabele Constantine se propôs a uma saga no mínimo surpreendente e inusitada.
Os homens já se comunicavam telepaticamente e ao se entregar a estudos e pesquisas desenvolveu um equipamento capaz de transportá-la a qualquer parte do incomensurável Universo.
Descobriu inicialmente que este mesmo Universo está repleto de vida e não obstante, habitados por seres humanos, pessoas como nós vivendo experiências que se diferenciam apenas no estado evolutivo comprometidas apenas com épocas diferentes em relação há seu tempo.
A oportunidade de poder estar presente entre estes seres, obviamente permitiu o equívoco de a considerarem como Deusa. Relutante, ela tenta mostrar e provar que seus feitos não são divinos, mas oriundos dos efeitos causados por esta mesma evolução em curso, o que no futuro, também serão alcançados por eles.
As questões de religiosidade e fé transformaram-se em dilemas obrigando a protagonista a tomar decisões espetaculares interferindo significativamente no adiantamento desses povos.

Capítulo 1 
 “O olho da mente”
Ao chegar do Planeta Zywamner Isabele vai diretamente a seu apartamento, sua base central, onde são feitos os estudos laboratoriais e também o lugar secreto onde mantém seus equipamentos de última geração para obtenção e suporte às suas viagens. Zywamner foi o terceiro Planeta visitado e agora, depois de três semanas afastada de sua verdadeira casa resolve estar sozinha para pesquisar e por em prática novas facetas, mas não sem antes desfrutar de uma merecida ducha revigorante. Ela despendeu muita energia de sua mente ao transmitir aos habitantes daquele Planeta, todo o conhecimento que lhes eram cabidos contribuindo de forma significativa para o incremento da redução de mortes causadas pelo famigerado câncer e também a revelação para o avanço sistemático da comunicação em rede dando o impulso inicial a tais desenvolvimentos. 
Após a ducha e uma breve reflexão dos últimos acontecimentos, ela recorreu a “Magno” e se deixou levar pela mesma melodia que havia encantado os yronianos, quando da sua segunda aparição naquele incrível Planeta. Esparramou-se na cama e a melodia junto a tais pensamentos fizeram-na imaginar como estariam seus amigos, Alex e Velma, depois de sua passagem por lá. Por um instante, sentiu saudades e quando este sentimento a aprisionou, logo se desvencilhou e reflexos da imagem de Seleno, agora perambulavam em sua mente brilhante. Isabele tinha consciência que havia feito um bom trabalho durante o período de suas incursões, mas uma dúvida pairava, por não saber se deveria voltar ou continuar explorando novas situações. Naquele momento e agora já relaxada foi vencida pelo sono e sem relutar entregou-se confortavelmente afagando o travesseiro e sendo acariciada pela brisa natural que sutilmente invadia seu quarto.
Ao despertar observou poeira nos móveis e por não querer estranhos em seu apartamento decidiu fazer uma faxina por conta própria. Abriu todas as janelas para que o ambiente pudesse ser renovado e passou grande parte do seu dia presa aquela atribuição. Ao terminar deu-se por satisfeita e só então, resolveu se aprontar para sair e jantar. 
A princípio pensou em algum restaurante ali mesmo em Copacabana, mas sua vontade era saborear frutos do mar e preferiu usar dos poderes de seu chip, para fazer uma pequena viagem à Cabo Frio, indo diretamente aos arredores de um pequeno estabelecimento muito conhecido na região pelos pratos que serviam. 
O frio do inverno neste período do ano, não contribuía para o movimento da Cidade que literalmente estava vazia e por este motivo, Isabele é uma das poucas pessoas que estavam no restaurante. 
- O que vai comer senhorita? 
- Talharim com frutos do mar e, por favor, traga água mineral. 
Enquanto aguardava seu pedido, um senhor se aproxima e lhe dá as boas vindas ao estabelecimento: 
- Seja bem vinda à Casa de Fernando senhorita, muito prazer meu nome é Armando Frejim, dono do restaurante. 
- Isabele Constantine. 
- Você é daqui de Cabo Frio? 
- Não, sou do Rio e estou de passagem. 
- Posso lhe fazer companhia enquanto aguarda seu pedido? 
- Claro! Sente-se, por favor. 
- A Casa de Fernando tem 613 anos, foi fundada em 1988. Sou descendente de Fernando Frejim e desde então, minha família a mantém de geração em geração até os dias atuais. 
- Incrível e ao mesmo tempo excepcional. É muito gratificante saber que me sento num lugar onde milhares de outras pessoas já sentaram e ter a certeza que desfrutarei de um excelente jantar, pois atravessando tantas gerações, não posso sequer imaginar outra hipótese. 
- Este é nosso orgulho e também nossa tradição. 
- O senhor sempre trabalhou aqui ou tem outra atividade? 
- Eu sempre trabalhei aqui, mas divido meu tempo com os estudos. 
- Me desculpe por perguntar Sr. Armando, mas qual é a sua idade? 
- Completei 93 anos em maio. Nasci em 2508, cinco anos antes da comunicação telepática, que alias é por ela a quem me dedico a mais de 60 anos. 
Neste momento o garçom interrompeu a conversa para servir a comida e de pronto, Armando Frejim levantou-se e antes mesmo de dizer qualquer coisa, Isabele se interpõe: 
- Por favor, Sr. Armando acompanhe-me no jantar. Acredito que temos muito ainda por falar. 
- Não quero incomodá-la, faça a refeição. Vou averiguar algumas coisas e depois conversamos, está bem assim? 
- Então está certo, estou ansiosa para experimentar essa delícia. 
- Bom apetite. A refeição viera servida acondicionada numa tigela de barro, com um pequeno fogareiro aceso, que mantinha a temperatura não só do talharim, como também dos frutos do mar no calor ideal para ser degustado. Estava realmente uma delícia e este era um dos segredos da longevidade daquela Casa. Tão logo terminou, Armando voltou e assim puderam continuar conversando. 
- Gostou? 
- Muito. Voltarei outras vezes. - Certamente. 
- E você Isabele o que faz? 
- Sou Engenheira de computação e trabalho diretamente com a comunicação telepática. O que o senhor conseguiu através dos seus estudos nestes sessenta anos? 
- Muito mais do que eu mesmo podia esperar. Não costumo abordar os clientes que frequentam este estabelecimento, mas você é diferente e especial, a pessoa certa para saber do meu aprendizado. 
- Mas porque sou diferente, porque o senhor pensa assim? 
- Porque eu sei dos seus segredos, sei das suas viagens, dos seus amores e das suas descobertas. 
- Sim. O senhor leu algumas matérias sobre mim? 
- Não. Nunca li nada a seu respeito. - Eu consigo ler e interpretar os pensamentos, mesmo sem estabelecer algum tipo de comunicação. Da mesma forma como você já conseguiu com alguns seres em estado evolutivo inferior a este que vivemos. 
- Um momento Sr. Armando, está querendo dizer que... 
- Não. Não sou viajante de outro mundo, como você está pensando. Simplesmente, aprendi e desenvolvi minha mente para extrair da mente de outras pessoas antecipadamente toda a diversidade de suas vidas sem estabelecer qualquer tipo de comunicação telepática. Sim, eu sei. Você quer provas, assim como aqueles que foram incrédulos das suas palavras em outros Planetas. Pois bem, quer que eu lhe fale sobre Seleno em Thronos, o rei medieval? - Prefere que eu fale dos irmãos em Yron ou do seu ex-namorado Gabriel? 
- Estou pasma Sr. Armando. Perplexa e ao mesmo tempo feliz em poder dividir e compartilhar desta conversa. 
- Nunca falei com ninguém sobre isso, você é a primeira e certamente será a única, portanto e de antemão sei que posso confiar e te transmitir tais ensinamentos. Eles serão bem compreendidos e repassados a frente de maneira não só segura como benfazeja. 
 - Obrigada Sr. Armando. 
 - De acordo com o que extrai da sua mente posso lhe assegurar que suas intenções são as melhores possíveis, porém as incursões ainda não lhe permitem confirmar os verdadeiros resultados. Já pensou em viajar não só utilizando a velocidade do pensamento, mas também a variação do tempo. Passado, presente e futuro? 
- Meu equipamento não me permite tal façanha. 
- Porque não está totalmente acabado, mas aqueles que recebeu de Naomi, sim. Nos 10% faltantes foram inseridas todas as programações que podem te levar a qualquer lugar e a qualquer tempo. Obviamente e felizmente, nem ela nem ninguém tem consciência do poder desta realização, agora só você e eu. Ademais, o chip é apenas o receptor e servo dos seus comandos. Tua mente faz o resto. 
- Devo apenas me concentrar? 
- Não, pois se assim o fosse ela ou outra pessoa, já estariam se beneficiando e usufruindo de tais poderes. 
- De que maneira então devo agir? - Calma. - Primeiro terá que extrair da minha mente toda consciência e o aprendizado para depois inserir no chip um código criptografado de segurança para que outros não consigam ter acesso evitando assim o uso mal intencionado.
- Devo usar os métodos convencionais para penetrar em sua mente? 
- Não. Desta forma só consegue extrair os pensamentos momentâneos. A consciência e o aprendizado só podem ser extraídos olhando para o “olho da mente” e cada ser tem o “olho da mente” escondido num lugar secreto do seu corpo que primeiro deve ser descoberto e depois acessado. O seu, por exemplo, está na garganta, bem próximo ao seu queixo e é através dele que encontrarás os olhos dos outros. 
Isabele colocou a mão na garganta e tateou o queixo na tentativa de sentir e localizar o tal “olho da mente”, mas nada diferente sentiu e logo se pronunciou: 
- Mas como poderei enxergar através deste olho? 
- Concentração e vontade. Dei-te a dica de onde ele está agora você terá que acessá-lo, só assim poderá descobrir o meu e ter acesso a estas informações, não existe outra maneira. 
- Posso pelo menos segurar suas mãos e tentar? 
- Pode, mas não vai conseguir. Saberá onde encontrar o meu olho, mas não terá acesso. Experimente! Como previsto, ela descobriu que o “olho da mente” de Armando estava situado na nuca, mas por mais que se esforçasse não obteve sucesso. Largou as mãos do seu mais novo amigo e concluiu: 
- É muito difícil! 
- Mas não impossível, então enxergue com seu “olho da mente” e não com o pensamento. Vamos, concentre-se. 
Ela cerrou seus olhos e se concentrou em seu “olho da mente”: 
Primeiro veio à escuridão e a seguir uma intensa claridade tridimensional que a fazia enxergar além do plano físico transformando aquele momento num ato considerado sublime. Aos poucos, tudo em seu entorno foi tomando forma e a imagem de Armando agora nítida e contornada por uma irradiação amarela se fazia presente mostrando em sua nuca um olho aberto e receptivo onde finalmente pode ver e acessar as memórias mais profundas do ancião. Assim, uma espécie de download se processou e Isabele adquiriu todas as informações que inacreditavelmente jamais pode imaginar. Todas as recordações, sentimentos, consciência e aprendizado, agora estavam presentes em sua mente, armazenados e devidamente compartilhados entre um e outro. Abriu os olhos, voltando a enxergar com seus olhos naturais e uma lágrima de felicidade escorreu por sua face. 
- Incrível Senhor Armando, jamais poderia esperar ser presenteada com tão sublime acontecimento. 
- Esperei por esta ocasião por mais de vinte anos e agora poderei morrer para esta vida com a certeza de ter cumprido minha missão. Tudo o que você precisar para por em prática e o que nesta noite conversamos, agora está em sua mente. Sei que utilizará do meu aprendizado com responsabilidade e não me decepcionarei por ter lhe ensinado. Agora vá para sua casa, você precisa descansar. Não se preocupe com a conta, pois é cortesia da Casa. 
Ela o abraçou carinhosamente, agradeceu e saiu. 
Capítulo 2 
Um emaranhado de vidas 
Isabele realmente estava cansada, afinal, a limpeza em seu apartamento e a noite repleta de novas emoções com a inserção espetacular de uma vida inteira em seu cérebro, não podia ser diferente. Simplesmente deitou-se e dormiu. Depois das seis horas habituais de sono, revigorada e bem disposta só tem em mente por em prática os conhecimentos de Armando, utilizando-se de um dos chips, que fora presenteada por Naomi quando ainda estava em Yron. Ligou “Magno” e inseriu várias configurações. Certificou-se de estar tudo de acordo fazendo os testes de rotina, restando apenas criptografar escolhendo uma senha que julgasse ser invulnerável. 
Usou a Bíblia e recorreu aos nomes históricos e personagens presentes daquele Livro, preferindo o nome de “Barrabás”, aquele escolhido pelo povo e que fora anistiado da pena de morte pelo indulto da Páscoa, levando Jesus a crucificação. 
Modificou o nome usando a tecla “/” no lugar do prefixo “barra” e assim ficou /bas adicionando o ano de seu nascimento, 2568 de trás para frente mais a tecla “alt” com o número 105, inserido o símbolo “i” duas vezes, iniciais do seu nome e sua origem italiana concluindo a senha: /bas8652ii.
Para verificar o “olho da mente” nas pessoas, naquela mesma manhã dirigiu-se a uma praça onde várias crianças brincavam sob os olhares atentos de mães e babás com o intuito de observar e encontrar nas pessoas os “olhos da mente” escondidos e não sabidos por elas mesmas. Sentou-se no canto de um banco e dali e sem que ninguém pudesse notar, esquadrinhava pelos corpos como num sistema de raios X um olhar disfarçado de simples contemplação. O mais difícil, no entanto, foi se concentrar sem cerrar seus olhos, para enxergar apenas com o seu “olho da mente”. Depois de algumas tentativas a praça se iluminou e finalmente pode ver através do mesmo, aqueles “olhos esbugalhados” em diferentes lugares dos corpos que estavam agora sendo analisados. Encontrava olhos escondidos em pés, mãos, dedos, barrigas, peitos, cotovelos e até nos próprios olhos. O mais fascinante foi perceber a receptividade, pois quando os olhos se encontravam, de pronto era estabelecido uma espécie de liga que se unia, tentando transmitir o que fosse necessário. 
A título de curiosidade deixou seu olho se unir ao de uma garotinha e logo ficou sabendo que se chamava Flora e que tinha apenas cinco aninhos, seu maior desejo era brincar no balanço e quando a babá a levou até ele pode sentir uma felicidade indescritível pelo prazer daquele momento. 
Era verdadeiramente uma experiência fascinante poder sentir os desejos e prazeres, alegrias e tristezas, reações e condutas de outras pessoas. Não bastasse, também poderia saber quando se encontrava diante de verdades e mentiras, enfim, todo o conjunto segregado na mente humana. 
Capítulo 3 
A primeira viagem no tempo 
Isabele manteve-se concentrada, levantou e começou a caminhar de volta para casa enxergando tudo e a todos através do seu “olho da mente”. Não pode deixar de perceber que parecia flutuar enquanto andava, a rua parecia um túnel e o tempo passava mais devagar. As cores ficaram mais realçadas e os sons amplificados, ela podia ver o ouvir de forma bem mais abrangente que o habitual e por este motivo, passou a observar coisas rotineiras que nunca se predispôs a observar. Era como se antecipasse os acontecimentos. Quando se aproximou do seu prédio, desfez a concentração voltando a ver com suas vistas e observou naquele instante que a caminhada durou apenas dez minutos, mesmo tempo que gastou para ir até a praça, no entanto parecia ter andado por muito mais tempo. 
Em seu apartamento, fez um sanduíche e continuou suas pesquisas. O fato de agora poder viajar no tempo fez com que pudesse ao menos tentar por em prática uma vontade que há muito apenas imaginava: 
Será que realmente poderia colecionar memórias? - Poderia estar com ilustres do passado e resgatar ou desvendar mistérios? 
Abriu seu guarda roupas e escolheu as vestes mais adequadas para viajar a um tempo remoto, mais jamais esquecido pela humanidade. Pronta e determinada concentrou-se em seu “olho da mente” e estabeleceu a visão, depois ao ano de 1516 próximo a Paris, pôs as mãos nos ouvidos e partiu. 
Sua missão agora era encontrar Leonardo da Vinci. Isabele falava o idioma francês fluentemente e este não seria um obstáculo em sua comunicação com o povo daquela região. Idealizou um lugar ermo para não causar nenhum tipo de surpresa e assim que chegou pode visualizar o Castelo de Aboise. Partiu naquela direção e ao aproximar-se do Castelo perguntou a um homem do povo onde ficava o Solar de Clos Lucé. O homem lhe passou as informações que precisava, ela agradeceu e se pôs em marcha até chegar ao local indicado.
O encontro com o Senhor Da Vinci
Isabele chegou às portas do château entusiasmada e ao mesmo tempo nervosa, afinal, este seria o primeiro contato com um ser do passado e também por tratar-se de um ilustre nada mais nada menos conhecido como Leonardo da Vinci. 
Bateu palmas a frente da entrada e aguardou por alguns momentos até que um rapaz veio atendê-la. Enquanto aguardava sua aproximação observou que seu “olho da mente” estava escondido em seu antebraço direito e pode saber de imediato que se tratava de Francesco Melzi, amigo e aprendiz de Leonardo que o acompanhava desde tenra idade, hoje com 26 anos de idade: 
- No que posso lhe ajudar? 
- Eu gostaria de encomendar um trabalho ao Senhor Da Vinci. 
- E quem é você? 
- Sou Isabele Constantine, entusiasta dos seus trabalhos. 
- O Mestre não costuma fazer trabalhos para desconhecidos. 
- O Senhor Giovanni Bellini de Veneza faria o trabalho, mas sua morte no mês passado interrompeu meu pedido e por este motivo estou aqui. 
- Por favor, entre. 
- Obrigada. 
 Ao adentrar no château, Melzi lhe pediu que aguardasse ali mesmo naquele salão, enquanto iria chamar seu mentor. Aqueles quatro ou cinco minutos pareceram à eternidade. Ainda ansiosa, não sabia se observava os detalhes do salão ou mantinha-se concentrada com a eminente presença de Da Vinci. Ouviu passos que rangiam o assoalho e um arrepio eriçou os pelos dos braços. Respirou fundo e ali estava Leonardo di Ser Piero da Vinci em carne e osso. A primeira coisa que observou foi o “olho da mente” que se localizava em sua testa, desviou o olhar para que a comunicação não se estabelecesse e fez uma rápida leitura de sua compleição física: 
Da Vinci era alto e tinha os olhos castanhos, cabelos e barba esbranquiçados pelo tempo que mesmo assim não diminuíam sua altivez e beleza natural. 
Isabele sorriu como costumeiramente e falou: 
- Bom dia Senhor Da Vinci! - Me chamo Isabele Constantine, muito prazer em conhecê-lo. 
- Bom dia Madame Isabele, no que posso lhe ajudar? 
- Vou completar 32 anos no próximo mês e gostaria imensamente de retratar meu rosto. Estive com o Senhor Giovanni Bellini em Veneza e até havia pagado pelo serviço antecipadamente, mas o seu falecimento, impediu que o serviço fosse prestado. 
- Éramos bons amigos, sentirei sua falta. - Mas diga-me, porque quer retratar tua face? 
- Quero estampar minha felicidade neste momento maravilhoso da minha vida. 
- Estou trabalhando exclusivamente para o Rei Francisco I e sinceramente não sei até que ponto isto poderá interferir na minha rotina. 
- Por favor, Senhor Da Vinci não recuse meu pedido. 
Isabele sabia que Da Vinci era um homem de princípios e adorava as artes, dificilmente recusava trabalho. Apesar dos seus sessenta e quatro anos era comum agir com tolerância e se preocupar com os sentimentos das pessoas. 
- Está bem, vou trabalhar para você, mas por apenas dois dias. Depois volto aos meus afazeres. 
- Muito agradecida e quando começaremos? 
- Ainda hoje depois do almoço aqui mesmo no château. Entretanto gostaria que almoçasse conosco, pois gosto de conhecer as pessoas que retrato. 
- É um convite irrecusável e estou ao seu inteiro dispor. 
- Melzi, por favor, deixe-nos a sós. 
- Por favor, senhorita sente-se e fique a vontade. Sabe por que aceitei seu pedido? 
- Não! 
- Porque acho muito difícil encontrar pessoas, principalmente mulheres felizes neste tempo. - Eu me considero uma pessoa muito feliz senhor Da Vinci. Sou jovem, livre e disponho de excelente saúde, além de não ter problemas financeiros. 
- Você é da monarquia? 
- Não, mas tenho dons ainda ignorados por muitos. Dons que me permitem estar aqui neste momento conversando com um dos, senão o maior gênio da humanidade. 
- Fala como se já me conhecesse e porque me credita tal genialidade? 
- Suas obras e todo o seu legado entrará para história e será reconhecido mundialmente. 
- Que embasamento tem para afirmar tal questão? 
Ela o olhou fixamente e simplesmente respondeu: 
- Sou do futuro!
Ele não se surpreendeu com a resposta. Levantou e calado andou em círculos e quando parou fez outra pergunta: 
- De que ano no futuro? 
- 2601. 
- Temos muito que conversar. Sempre fui fascinado pelo futuro e tenho vários projetos que um dia desejo ser realizado. 
- Mas o Senhor sabe que eles se realizarão. Por favor, Senhor Da Vinci eu posso extrair a verdade da sua mente, mas não o farei sem o seu consentimento, então, conte-me com suas palavras suas experiências nestes 64 anos de vida. 
- Você pode ler meus pensamentos? 
- Não só ler, como armazená-los em minha memória. 
- Diga-me algo que somente eu sei, então terei certeza de poder confiar meus segredos. 
- O Senhor também viajou ao futuro para ano de 1975. 
- Não estou surpreso com seus dons, pois há muito espero por este momento: 
O diálogo com seres de outras realidades, outras capacidades, mas isto é realmente fascinante. Enfim alguém com quem eu possa dividir e partilhar conhecimentos. 
Era o ano de 1476 e eu havia completado 24 anos. Fui acusado injustamente de sodomia, sem provas fui absolvido, mas envergonhado fiquei recluso no ateliê em Florença, quando numa tarde de domingo dois homens bateram a porta. Eu não os conhecia, mas como fui chamado pelo nome eu os atendi. Os dois eram mais altos que eu e se apresentaram como Elieser e Lucca. Disseram que tinham assuntos a tratar de suma importância sobre o futuro da humanidade, que estavam diretamente ligados a mim, então eu os convidei a entrar. Sem rodeios foram diretamente ao assunto: 
- Somos seres de outro mundo, especificamente do Planeta Segoy I, estamos estudando você a Dez anos do seu tempo e agora verificamos que está pronto para receber informações que em muito contribuirá para o estado evolutivo aqui da Terra. 
- Mas o que querem dizer com isto e como posso crer na veracidade do que estão falando?
- Não se assuste Leonardo provaremos o que estamos falando. 
De súbito Lucca pôs a mão na minha testa e tive a oportunidade de obter uma sensação indescritível e quando dei por mim estava numa cidade movimentada e bem diferente de Florença. Aliás, tudo era bem diferente da minha realidade: Desde a iluminação ao contingente, os transportes e as vestes, assim como máquinas velozes e barulhentas, além de telas gigantes com pessoas em seu interior em movimento. Perguntei onde estávamos e Elieser disse-me que em Roma no ano de 1975. Perplexo, senti medo, mas logo fui acalmado pelos segoyanos, que me mostraram telepaticamente não só os benefícios do conhecimento sobre o futuro, como o resultado de algumas mudanças. Instantes depois eu estava de volta à velha Florença. Daqueles homens, nunca mais tive outros contatos ou notícias. Foi um breve momento, porém inesquecível até os dias atuais. 
- Quanto tempo durou esta viagem? 
- Acho que uns cinco minutos, não mais que isso. 
- E nesse breve instante o Senhor conseguiu captar informações suficientes que puderam contribuir ao longo da história com a evolução humana. Várias anotações e desenhos, um acervo verdadeiramente fantástico. 
- Esbocei tudo aquilo que tive a oportunidade de observar e aprender. 
“Nunca o homem inventará nada mais simples e nem mais belo que uma manifestação da natureza, dada à causa, a natureza produz o efeito no modo mais breve em que pode ser produzido”. 
Leonardo Da Vinci. 
- E quanto à escrita reversa? 
- Quem acreditaria nessa história? - Não vi outra maneira senão usar de alguns subterfúgios que pudessem encobrir certas verdades. Além do mais, ao regressar do futuro com a transmissão telepática que recebi dos segoyanos, também deixaram implantados alguns dons que antes eu não possuía, como a escrita reversa e a capacidade não só de perceber certas intenções das pessoas, como também identificar na natureza certas composições e as propriedades de elementos, que até hoje utilizo em minhas pinturas. 
- Isso explica a diferença encontrada nas tintas usadas na tela “Anunciação”, elaborada em parceria com Lorenzo di Credi a qual o Senhor pintou apenas o “Anjo”. A composição da tinta utilizada foi objeto de estudos por longo período de tempo. 
- Senhor Da Vinci, o Senhor me permite captar suas memórias? 
- Isso vai doer? 
- Nenhum um pouco. 
- Então não há problemas! - Vá em frente.
Isabele deixou que seu “olho da mente” fizesse a comunicação com o “olho da mente” de Da Vinci e imediatamente aquela transmissão foi processada. 
Tão logo acabou a transmissão o almoço foi anunciado e aquela conversa fora interrompida momentaneamente e já que Melzi também estava presente, o assunto ficou restrito a fatos corriqueiros. Terminado o almoço Melzi pediu licença e saiu deixando-os sozinhos novamente e assim concluírem mais alguns assuntos: 
- Senhor Da Vinci, por motivos óbvios a pintura não se faz necessária, até mesmo porque, isto poderia interferir diretamente em resultados futuros, assim como qualquer outra atitude que modifique o que está consumado. 
- Compreendo. - Direi a Melzi que você queria um trabalho muito rico em detalhes e que eu não conseguiria atendê-la em tão curto prazo. 
- Obrigada Senhor Da Vinci, muito obrigada mesmo. - Jamais me esquecerei deste nosso encontro, para mim um privilégio único. 
- Adeus Isabele. 
- Adeus Senhor Da Vinci. 
- Ela o olhou fixamente e enternecida acenou com a mão direita e desapareceu. 
Capítulo 4 
O Planeta Segoy I 
Isabele estava extasiada em ter conseguido extrair a memória de Leonardo da Vinci, na verdade mais que isso, pois além de acessar momentos presenciais, as aspirações, os desejos e as manifestações internas, agora também era detentora dos seus conhecimentos. Entretanto, a manifestação mais presente naquela memória era a curiosidade sobre os dois seres que o levaram ao futuro, permitindo que pudesse expor ao mundo, um aglomerado de informações. Elieser e Lucca estavam marcados de forma significativa em seus pensamentos. Por este motivo, um forte sentimento de averiguação a respeito daqueles seres tomou conta do seu Ser. 
Ela acabara de chegar a seu apartamento e entre alguns afazeres, se deixou levar pelo sono dormindo no sofá. Depois de uma noite bem dormida, despertou e começou a trabalhar sua mente, para mais uma incursão a um Planeta que lhe era totalmente desconhecido. Pelo que ficou registrado na conversa com Da Vinci, ela sabia que estaria diante de uma situação bem diferente das que já havia conhecido, pois se tratava de uma civilização a frente de seu próprio tempo e, portanto estava um tanto quanto receosa em partir, pois não tinha a mínima ideia do que lhe aconteceria. 
O Planeta Segoy I encontra-se na Galáxia UDFJ-39546284, no centro do Aglomerado Fornax, descoberta nos idos dos anos 2011. Naquela ocasião foi constatado ser ela a Galáxia mais antiga do Universo, com cerca de 480 milhões de anos desde o Big-Bang, o que significa dizer que sua luz levou cerca de aproximadamente 13,2 bilhões de anos para chegar a Terra. Segoy I é um Planeta bem parecido com a nossa Terra, assim como seus habitantes e as formas de vida lá existentes. A diferença fundamental entre nós e eles é o estado evolutivo em que se encontram: Cinco mil anos à frente, sendo assim, estão vivendo ao que corresponde ao Século XXXII do tempo de Isabele, diferença muito aquém, do que poderia supor, o que a faria sentir-se da mesma forma como ela própria fora julgada pelos seres dos Planetas inferiores, por onde transitou.
Apesar das circunstâncias e das inimagináveis situações que poderiam advir de sua estada naquele Planeta, por um instante lhe veio à mente um reflexo daquela civilização: Eram seres humanos e independentemente do estado evolutivo em que se encontravam, em sua concepção, não causariam problemas de ordem incompatível com os fundamentos no qual se embasava. Verificou todos os equipamentos e conferiu a “Magno” as programações alternativas de resgate emergencial e não tendo mais nenhuma dúvida partiu.
A surpreendente recepção em Segoy I aconteceu numa terça-feira de Sol escaldante e como sempre, ela chegou a um local ermo com a intenção de averiguar o território onde se encontrava. Sozinha, ela tomou Magno em suas mãos e fez as averiguações pertinentes ao local. Constatou que várias manifestações telepáticas se faziam presentes em seu pensamento e surpreendentemente, mesmo contra sua própria vontade em estabelecer algum tipo de comunicação  ouviu uma voz masculina lhe dizendo: terráquea Isabele permaneça neste lugar estou indo a seu encontro. Em alguns segundos, observou a materialização de um Ser bem ao seu lado. 
- Chamo-me Ghet e patrulho todo o Condado de Sirvor. 
Sempre recebemos a visita de intrusos, porém de características diferentes da sua, seres com capacidades semelhantes as nossas e nunca de degraus inferiores. 
- Por que razão veio aqui? - Anseio por conhecimento e sei que Segoy I ajudou no desenvolvimento da Terra. Ghet sabia exatamente do que ela estava falando: O que aconteceu no passado, com quem, como e de que maneira Elieser e Lucca conduziram Da Vinci para o futuro e principalmente, com que propósito. Ao mesmo tempo fez a leitura das viagens de Isabele e constatou que seus princípios estavam em comum acordo com as diretrizes elaboradas por Dorin, Mestre daquele mundo. 
- Não se assuste, vou leva-la diante a Dorin, nosso Mestre, Ele saberá como proceder. Isabele permaneceu quieta e o segoyano a tocou com as pontas dos dedos em sua testa e subitamente pode sentir a sensação de estar no olho de um furacão e seu corpo como se numa queda em meio ao vácuo do rodamoinho. Durou menos de cinco segundos e agora se encontrava numa sala toda metalizada e diante a um ser de extrema beleza corpórea, tão alto quanto Ghet. 
- Deixe-nos a sós Ghet. 
- Certo Dorin! Estarei nas planícies de Sirvor. (Deu as costas e desapareceu). 
Ele a olhou por alguns segundos e de pronto, assim como Ghet, traçou seu perfil e personalidade indo diretamente ao ponto comunicando-se telepaticamente com a intrusa. 
- Seus princípios são a base iniciativa do que hoje somos. Chegará o tempo que todos descobrirão o êxtase em poder auxiliar civilizações inteiras, assim como fez por onde passou. Todavia, este é apenas o começo, ainda necessitas de aprimoramentos auxiliares e tua curiosidade te trouxe até aqui, mas não sabe qual o desfecho. 
- Eu posso saber? 
- Não, pois o que nos surpreende é o que nos motiva. 
- Posso ficar e aprender? 
- O suficiente para o que lhe cabe. Poderá assistir e presenciar como e de que forma vivemos, mas não conseguirá ir além dos limites do seu campo visual, mesmo utilizando o “olho da mente”, não resgatará nenhuma memória dos segoyanos. 
 - O que poderei fazer? 
- Apenas observar. - Entretanto te darei um presente, pois sei que no momento certo irá precisar. Dar-te-ei o dom do teletransporte aqui empregado, mas só o usará quando realmente for preciso e você saberá. Ele colocou o dedo indicador em sua própria testa e o ambiente foi invadido por uma luz intensa, que se expandiu de tal forma impedindo que Isabele pudesse enxergar além dos seus limites. Ao restabelecer sua visão natural, ela compreendeu que estava em outro lugar e sozinha averiguou e contemplou o que via. Não demorou muito para entender que naquele Planeta não havia transportes e como toda comunicação era telepática, tudo acontecia de forma absolutamente silenciosa. Mas o que mais lhe chamou a atenção foi o fato de não ver e nem ouvir animais ou aves, prédios ou construções apenas o sacolejar da flora acometida pela brisa fresca que ia e vinha com as ondas do Mar.
À natureza ali era exuberante e viva, parecendo ser tratada por exímios jardineiros e não tardou para que presenciasse a aparição de indivíduos encapuzados em vários pontos diferentes que desapareciam em questão de segundos. 
 - São Monges espirituais que se alimentam de nutrientes da própria natureza. 
- Ghet? - Que lugar incrível! - Que tipos de nutrientes? 
- Intercâmbios fluídicos através das manifestações irradiadas por pensamentos que se unem por raios e ondas da mesma sintonia. 
- E que sintonia é essa? 
- O amor. 
- Onde residem e no que trabalham? 
- Os homens de todos os Mundos os conhecem como “Consciência” ou “Anjos da Guarda”, em seu Planeta de “Espíritos de Luz”. Eles estão diretamente ligados à proteção, ao desenvolvimento, a moral e ao nível cultural de cada Ser. São incansáveis controladores e perpetuam o incessante estado evolutivo de acordo com suas missões. Vem aqui, tão somente para se fortalecer continuando aos propósitos a que foram incumbidos. 
- Todo o planeta é assim? 
- Aqui é o Portal da Humanidade. O centro da “Criação”. O Início, o fim e o meio. 
- E Dorin, o que representa neste Mundo? 
- Dorin é o Mestre e representa a vontade do Deus Xéspio, o Governador regente de Segoy I. - Então... 
- Sim! - É isso mesmo. Temos vários Deuses compromissados com os desígnios do “Grandioso Ser”, como assim o denominou. 
- São realmente os Deuses nossos criadores? 
- Somos parte de Suas Criações e participamos de atalhos por Eles elaborados, tendo como constituição a própria vida e a impregnação do amor, fator essencialmente sublime e colaborativo de acordo com seus desígnios.
Isabele compreendeu que não teria como ir além de onde estava e que todo seu conhecimento estaria restrito as esferas inferiores. Por último e apenas por curiosidade fez mais uma pergunta a Ghet: 
- Posso conhecer minha consciência ou “Anjo da Guarda”? 
- Não, mais me creia: “Ele está sempre a seu lado”, inclusive agora, aproveitando o momento para se nutrir. 
- Obrigado Ghet, estas valiosas informações estarão guardadas e certamente em muito contribuirão a minha progressão. 
Olhou mais uma vez para o horizonte e pôs a mão no chip, se concentrou e desapareceu.
Capítulo 5 
Os adeptos as suas estratégias 
De volta a Terra e após refletir sobre suas viagens, ela agora também era detentora de verdades nunca dantes esclarecidas e se propôs a fazer incursões mais incisivas e cada vez mais aprimorada pelos conhecimentos adquiridos. Mas aqui na Terra, a questão mais forte era o de alicerçar os seus conhecimentos e transmitir para as pessoas de que maneira realmente agiam os Deuses para firmar e colaborar com o crescimento individual de cada um. Para isto, deveria provar definitivamente, tais incursões, espalhando Terra afora a verossímil realidade constatada. Apesar de ter reconhecimento amplamente divulgado em palestras e simpósios, as incursões a outros Planetas foram sumariamente censuradas em virtude da desconfiança pelos Órgãos Controladores da reputação decadente da CSLB, a Empresa onde iniciou suas pesquisas. Certamente, sozinha levaria muito tempo e por esta razão decidiu formar uma equipe de colaboradores que seriam os futuros adeptos presenciais do legado que vinha construindo.
Criou um Blog e passou a postar diariamente assuntos pertinentes a vida em outros mundos, em pouco tempo, estava se relacionando com pessoas afinadas as suas teorias e não tardou para conhecer aqueles que trabalhariam em seu projeto. Entretanto seria de suma importância que os colaboradores fossem escolhidos a dedo e para isso lançou as seguintes perguntas:
- Você acredita que irá falar com seres de outros mundos?
-Por quê?
 E também prometeu uma viagem a outro País para as cinco melhores respostas.
Mais de quinhentas pessoas se inscreveram e restringiu a trinta aquelas que passaram no primeiro teste.
Depois marcou uma reunião, que serviria de funil para selecionar pessoalmente aquelas que finalmente seriam selecionadas para o projeto. Pagou o translado, todas as despesas dos concorrentes e alugou um salão onde marcou a reunião para quinta-feira próxima obedecendo ao horário habitual das 18h. Dos trinta convocados, apenas 25 compareceram e assim deu inicio a sessão. Logicamente, Isabele usaria do “olho da mente” para que pudesse obter informações privilegiadas reduzindo assim os riscos de contratar pessoas fora dos padrões não só do projeto, como também inadequadas. 
Após averiguar todos os requisitos escolheu os cinco que fariam parte de sua equipe, dispensando os demais. Assim, estes foram os escolhidos:
Cláudio Raiso Farid, 38 anos, professor de física quântica, moreno de olhos e cabelos castanhos claro, 1,78m. 
Ana Durec Goes, 27 anos, psicóloga, ruiva de olhos amendoados, 1,72 m. 
Mirla Dautre, 30 anos, nutricionista, negra, olhos esverdeados, cabelo comprido 1,73 m. Gastão Donnés, 25 anos, administrador, negro, olhos preto e barbudo, 1,73 m. 
Simone Apin Suez, 43 anos, morena, olhos e cabelos castanhos, 1,70 m. 
Os seis ficaram ali por cerca de mais 1 h e por volta das 20 h, Isabele anunciou que o jantar seria por sua conta, num conhecido restaurante de Copacabana. 
Faminto, Gastão é o primeiro a se manifestar: 
- Então vamos, meu estômago já está pelo avesso. 
Entre risos e brincadeiras, o sexteto vai direto ao restaurante e cada qual faz o seu pedido de acordo com sua vontade. Satisfeitos, indagaram quando seria a viagem prometida. Isabele olhou-os um a um e respondeu fazendo outra pergunta: 
- Estão aqui realmente por uma viagem? - Posso lhes pagar esta viagem e poderão partir amanhã mesmo se assim o desejarem, mas tenho planos de viagens muito além do que possam imaginar. Preciso de colaboradores para o meu projeto e vocês possuem todos os requisitos para viver uma odisseia e não uma simples viagem a passeio. O que me dizem? 
- Com tudo pago? - Questionou Mirla. 
- O meu projeto vai além da esfera financeira, mas de qualquer forma, fiquem sabendo que dinheiro nunca será problema, afinal sei que todos estão aqui não por este motivo. 
- Diga-me Isabele, qual é o seu projeto e o que quis dizer quando falou em odisseia? 
- Me refiro a viagens intergalácticas Cláudio. Viagens a outros Mundos, outras civilizações. 
- Participaremos de alguma missão viajando a velocidade da luz? 
- Não Gastão, pois que neste caso, dificilmente conseguiria adeptos, simplesmente por serem viagens ainda sem volta. 
- Mas então o que será? Retrucou Ana. 
- Tome. Ponha este chip em seu ouvido. Pense no Cristo Redentor e veja o que acontece. Depois pense aqui neste restaurante. Não demore mais que 1 minuto. Vamos, pense! 
Ana desapareceu imediatamente e os outros se entreolharam e ficaram quietos e antes mesmo que alguém perguntasse por algo, ela estava de volta. 
- Extraordinário fantástico. 
- Você foi mesmo ao Cristo Redentor? 
- Sim Mirla eu fui e voltei como num passe de mágica. - Tome o seu chip Isabele. 
- Será que alguém além de nós me viu sumir e voltar? 
- Fique tranquila Ana, ninguém percebeu nada, porém sua preocupação denota grande responsabilidade e esta é uma característica pela qual eu vos escolhi. Sei que todos estão surpresos e querem experimentar o chip, mas aqui não é possível com segurança. Estão cansados? 
- Não! - Assim todos responderam. 
- Então, vamos ao meu apartamento e lá poderemos conversar com mais tranquilidade. Isabele pagou a conta do restaurante e disse-lhes que morava bem próximo e que também nunca havia levado ninguém ao seu apartamento deixando claro que tinha convicção em confiar em seus novos colaboradores. Todos agradeceram pelo voto de confiança e enquanto caminhavam entre uma Rua e outras trocavam informações a fim de se conhecerem um pouco melhor. 
- Sentem-se e, por favor, sintam-se a vontade. - Vou lhes falar do meu projeto e sinceramente espero que abracem essa causa. Entretanto, ninguém está sendo obrigado e, portanto sintam-se encorajados em recusar caso não concordem. 
Há dois anos viajei para o Planeta Yron, minha primeira viagem,... Nesta época o Planeta vivia o que aqui nossos antepassados viveram nos idos dos anos correspondentes ao século XVIII ao século XX... Lá, me estabeleci por cerca de um ano e tive o prazer de... Quando julguei ter preparado aqueles habitantes para o futuro, encerrei as atividades,... Assim foi também em Thronos, um Planeta medieval com Reis e Rainhas disputando por terras e infiltrada... Por fim o Planeta Zywamner que vive o começo da Era de Aquários, onde pude...
 Notem que o Universo está repleto de vida e o que é mais importante: Vivendo similaridades ao nosso e que cada um deles acredita num Deus diferente, portanto, cada Planeta é governado por um Deus de nomes e características diferentes uns dos outros, de acordo com o grau de evolução a que estão subordinados. Meu objetivo é mostrar a estas civilizações que, primeiro: Não estamos sozinhos no Universo. Segundo: Auxiliar no que for preciso e conveniente aos seus adiantamentos. Terceiro: Provar que não somos deuses e que Eles, estão atendendo aos desígnios do “Grandioso Ser”. 
Sei que dos cinco, apenas três estarão ao meu lado e sei também quais aqueles que não aceitarão minha proposta, mas fiz questão de reunir os cinco, para que fique bem claro que assim como a viagem a velocidade da luz não tem retorno, a viagem através do pensamento é viciosa e da mesma forma nos remete a uma constante odisseia. 
- Como pode saber quem não aceitará tua proposta? 
- Tu mesma Mirla e Simone são as desistentes, mas a viagem a outro País que prometi continua valendo. 
Digam-me suas contas bancárias que farei a transferência. Sem ressentimentos. 
- Eu realmente preciso recusar sua proposta. 
- Sim eu sei que está apaixonada e lutando muito por este amor, assim como Simone que pretende cuidar do seu filho de 10 anos, aliás, pagarei pela passagem dele também, para que juntos possam desfrutar de uma grande aventura. 
- Obrigada Isabele. Não sei como você sabe, mas muito obrigada. 
- Quanto a vocês, apenas posso dizer preparem-se, porque estão prestes a viver as maiores experiências já vividas pelos seres humanos. 
- Quando nos reencontramos? 
- Amanhã Ana, pela manhã e vocês também rapazes. 
- Certo! Pode contar conosco. 
- A propósito, posso ir para casa usando chip? 
- Não sem antes fazer um treinamento Cláudio, mas oportunidades não faltarão. 
- Foi só uma brincadeira. Até amanhã Isabele. 
 - Até... A todos.
No dia seguinte logo pela manhã os novos colaboradores foram recepcionados com mesa farta, servido por ótima entrega da região. Serviram-se a vontade e em meio ao café, entre brincadeiras e descontrações, Ana, Cláudio e Gastão, bombardearam Isabele com perguntas pertinentes as missões e mesmo sem saber para onde iriam e as possíveis situações que poderiam advir de suas viagens já confiavam plenamente na anfitriã e mentora que mantinha total controle da reunião. Como as perguntas eram infindáveis, ela então resolveu encurtar a conversa e lhes falou do poder extra que possuía no caso o “olho da mente”. 
- Tenho como lhes mostrar o que vivi e presenciei nos mundos por onde andei. Tal poder, não posso lhes revelar como e de que forma o consegui, mas espero que aproveitem, pois vou transmitir a cada um de vocês um pouco das minhas memórias, então a partir da transmissão saberão antecipadamente o que de fato aconteceu. Assim, concentrou-se e a visão tornou-se imediatamente presente. Para Gastão, o primeiro a se conectar, seu “olho da mente” encontrava-se no tórax e passou as informações sobre Yron. A Ana, cujo “olho da mente” encontrava-se no ombro direito, as informações de Thronos e por fim, a Cláudio as de Zywamner, que escondia seu “olho da mente” no pé esquerdo. Tão logo as transmissões foram passadas, Gastão sai na frente: 
- Fantástico, que experiência maravilhosa. - Devo supor que pelo fato de apenas ter me transmitido o que aconteceu em Yron, minha missão será pertinente a este Planeta, estou certo? 
- Sim Gastão. Quero que se prepare, pois você voltará a Yron. 
- Então, vou a Thronos? - Questionou Ana. 
- Não agora Ana. Por enquanto, ficará comigo. E você Cláudio terá a missão de dar continuidade de onde parei em Zywamner. 
- Estou aqui para o que der e vier Isabele. Conte comigo. 
- Suponho que todos possuem “Magno” em seus bolsos, certo? 
- Sim, todos têm. 
- Ótimo. 
Faremos alguns ajustes cruciais. Ajustes estes que permitirá nos comunicarmos, inclusive independente da distância de onde estivermos. Assim, poderemos não só opinar em tomadas de decisões, como também auxiliar no caso de algum revés. Mais alguma pergunta? - Sim Isabele, porque só eu não viajarei? 
- Porque só tenho dois chips à disposição e você me ajudará na construção do terceiro, que será seu. 
- Entendi. 
- Vamos trabalhar? - Me acompanhem. 
Ela os levou a uma antessala que media aproximadamente oito metros quadrados repleta de equipamentos e computadores de última geração, cada qual de serventia própria e específica a várias atribuições. Ali passaram o resto do dia fazendo as configurações necessárias ao correto ajuste de “Magno” e entre os variados assuntos, idas e vindas da mesa que fora servida pela manhã, eles aproveitavam a descontração ouvindo músicas, porém, sempre atenciosos com seus trabalhos e assim deram por encerrar aquele dia. 
Isabele estava satisfeita com seus colaboradores, mas perfeccionista como era, não poderia dar por encerrado seu dia, sem antes testar o que fora realizado. Colocou a mão no ouvido e partiu para Yron indo diretamente ao descampado. Ficou maravilhada por rever as Luas do Planeta das nuvens cor de rosa, mas sem perda de tempo tomou Magno em suas mãos e entrou em contato com Gastão. 
 - Gastão, você me ouve? 
- Sim, estou te ouvindo bem! 
- Estou testando “Magno” aqui de Yron. - Pelo que vejo, não há ruídos ou interferências. Sente algum atraso? 
- Não. A comunicação está perfeita. 
- Não desligue, vou chamar Ana e Cláudio e depois tentaremos vídeo conferência. 
- Estarei em linha. 
- Cláudio, você me ouve? 
- Perfeitamente. 
- Por favor, não desligue e aguarde enquanto chamo por Ana. - Ok! 
- Ana, você me ouve? 
- Sim Isabele. 
- Estou conectada a Gastão e a Cláudio também. - Todos me ouvem? 
- Nitidamente. 
- Como disse a Gastão, estou em Yron e precisava constatar estar tudo certo. Por favor, senhores acionem suas câmeras para testar em vídeo. 
- Acionado! - Estou te vendo Isabele. 
- Eu também. 
- Idem. 
- Tudo certo pessoal. Deixarei vocês descansarem! 
- Isabele mostre-nos as Luas. 
- Demais. - Vejam as nuvens rosa e aquelas montanhas gigantescas. 
- Certo pessoal. - Vocês terão a oportunidade de presenciar não só Yron, mas outros mundos de belezas singulares. Boa noite a todos. - Câmbio e desligo. 
- Boa noite Isabele. 
Tão logo desligou “Magno” e antes de ser tomada pelo impulso de estar com os irmãos yronianos, ela se concentrou e voltou para a Terra com a intenção de preparar algumas informações a seus colaboradores. Sentou-se a frente do computador central e inseriu várias anotações certificando-se não ter se esquecido de nada. Logo pela manhã, aprontou-se e estava apta a começar mais um dia. Esperou pacientemente pela turma, que antes das 9h se fez presente. 
- Hoje, eu quero abordar um tema com vocês que considero de suma importância dentre as missões que estão por vir. É muito comum nos encontrarmos em situações, onde somos considerados “deuses”, isto acontece simplesmente por estarmos em patamares de evolução degraus acima dos povos que visitaremos. Entretanto e apesar de saber que não é necessário lhes pedir para não se comportarem como tal, eu enfatizo que além de não ser prudente, esta é a única regra que jamais deverá ser descumprida, pois não o somos. Eles vos considerarão como tal e vocês terão de provar que não são. Por esta razão fiz questão de transmitir minhas memórias a cada um de vocês, como forma de saberem como interagir diante a essas questões. Os povos que conhecerão, por mais esclarecidos que considerem, ainda vivem arraigados ao espetacular, ao inacreditável, ao sobrenatural e enfim, aos seus sistemas de crenças. Portanto, não percam de vista estes ensinamentos e criem condições em que a lógica e razão se sobreponha a tais questionamentos. Certamente seus patamares ainda estão aquém dos nossos e todo ato por vocês proferidos serão analisados e interpretados como divinatórios, então estejam atentos e preparados para discordar sem agredir ao intelecto de seus interlocutores. Tenham sempre em mente que nossa supremacia, não passa de um mero reflexo se comparadas à supremacia dos povos que estão a nossa frente. Pensem por este prisma e nossas missões alcançarão o êxito que venho propondo. Alguma dúvida? 
- De posse das memórias do que aconteceu em Yron, eu compreendi perfeitamente o que você quis dizer. (Gastão). 
- O mesmo em Thronos. (Ana). 
- E assim em Zywamner. (Cláudio) 
Sei que estão ansiosos por colocar em prática nossas missões, além de entusiasmados em colocar o chip e fazer viagens a outros mundos, entretanto e apesar de confiar plenamente em cada um de vocês eu lhes peço: Não me decepcionem, pois saberei exatamente o que fizeram longe dos meus olhos. Aqui estão os chips vão e deem continuidade ao que comecei. Gastão apresente-se a Velma e Alex e diga-lhes o que agora será preciso fazer. E quanto a você Cláudio bata a porta de Jean e Marcele e certifique-se como vai o desenvolvimento do Planeta. 
- Como devo me concentrar? 
- Sem esforço nenhum Gastão. Use somente à vontade e pense no lugar e nas pessoas a quem deverá se dirigir. Em segundos estará lá diante daqueles que pensou. Simples assim. 
Gastão fez exatamente o que foi recomendado e instantaneamente desapareceu. 
Cláudio perguntou se também deveria partir, mas Isabele pediu que aguardasse pelo menos um dia até obter notícias de Gastão. Também pediu para que ele tirasse o dia de folga e dirigiu a palavra para Ana, que apenas observava e mantinha-se calada esperando pelas diretrizes de sua mentora. 
- Vamos Ana. - Ainda hoje quero aprontar o seu chip. Sua missão em Thronos requer maiores esclarecimentos. 
- Certo Isabele! Estou pronta para seguir suas recomendações. 
Assim, Isabele e Ana passaram o dia conversando sobre Thronos, enquanto aprontavam o chip. Na verdade a feitura do mesmo era tão somente um pretexto para que Isabele explicasse a Ana o que realmente desejava que fosse feito naquele Planeta. 
Capítulo 6 
Desordem em Yron 
Ao chegar a Yron, Gastão dirige-se a Casa da Moeda passando pelo Mercado Popular, como era de se esperar ali também era um lugar de intensa movimentação onde através de gritos e sinais a comunicação das vendas era feita. Vale ressaltar que com a aquisição das memórias de Isabele, ele tinha plena consciência e entendimento não só da língua como os sentimentos yronianos. Plantou-se junto à entrada do estabelecimento e ficou ali por alguns minutos. Em seu âmago pairava a dúvida de como iria se apresentar aos irmãos. Encheu-se de coragem e finalmente e por sorte foi abordado por um funcionário da Casa: 
- No que posso lhe ajudar? 
- Meu nome é Gastão e preciso falar com Alex e Velma. 
- Posso saber qual o assunto, para então poder anunciá-lo? 
- Por favor, diga-lhes apenas que vim de muito longe e tenho notícias de uma pessoa muito querida. 
- Espere um momento.
O funcionário transmitiu exatamente o que fora recomendado deixando os irmãos surpresos e ao mesmo tempo curiosos em saber de quem se tratava. 
- Por favor, traga-o aqui. 
- Sim Sra. Velma. 
Ao adentrar na sala, ele foi praticamente dissecado tal a forma como fora observado por Velma e Alex, que realmente nunca tinham visto um homem com aquela estatura, além de ser negro, o que era uma característica pouco comum em Yron. Cordial, Alex sai à frente: 
- Por favor, sente-se... 
- Gastão! 
- Então Gastão, o que lhe traz aqui. 
- Vou direto ao assunto. Alguém pode nos ouvir? 
- Não. Pode falar. 
- Sou terráqueo e vim a mando de Isabele. 
- Se é realmente amigo de Isabele prove-nos.
Então, ele desapareceu da frente dos irmãos e em segundos reapareceu sentado em outra cadeira. 
- Isso é suficiente? 
- Claro Gastão. Amigo de Isabele, também é nosso amigo. Diga-nos como vai Isabele? 
- Bem, muito bem. Arquitetando missões de exploração e ajuda a outros Planetas. 
- Isabele contribuiu em muito, principalmente para nossas vidas, entretanto, Yron depois de sua estada tornou-se um Planeta dividido onde nossa crença no Deus Pory não é mais a mesma de outrora. Muitos são aqueles que desprovidos desta crença buscam o suicídio como forma de atenuar seus reveses, interpelou Velma. 
- Creio não ter sido bem interpretada, pois esta não era sua intenção. 
- Nós temos essa consciência, mas a maioria dos yronianos não. Portanto Gastão, por favor, melhor seria deixar as coisas como estão, pois muitos de amor passaram a sentir ódio do que ela aqui implantou. 
- Mas e os seus feitos e os avanços conquistados? 
- Nada se compara a falta de uma crença, num Deus que sempre esteve presente na alma das pessoas e que sumariamente e de forma brutal tenha sido arrancado de uma hora para outra, como uma árvore puxada deixando a mostra suas raízes. 
- Estou surpreso e confuso. Pensei não encontrar problemas, mas vejo que em Yron as coisas descambaram para o lado contrário a iniciativa de Isabele. Você disse que a maioria dos yronianos passou a sentir ódio do que ela implantou, não seria talvez um pré-julgamento pessoal? 
- Pode ser, mas antes não tínhamos notícias de suicídios. 
- Também não tinham acesso as informações, a não ser pelo boca a boca. O Jornal deve ter um papel não só de informação, como também de esclarecimento ponderando e conciliatório. -  Posso ver as publicações? 
- Você veio fiscalizar o que estamos fazendo? 
- Não, mas preciso saber o porquê das coisas não estarem indo bem aqui em Yron, afinal somos responsáveis de tão significativas mudanças nos Planetas que interagimos. 
- Alex acompanhe-o até o Jornal. 
- Obrigado Velma. 
Ao chegarem ao Jornal, Gastão reuniu uma série de publicações e usou “Magno” como escâner para os textos redigidos. Despediu-se de Alex e foi diretamente a casa-base, a mesma que Isabele havia alugado deixando o aluguel pago por dois anos, quando lá esteve. A chave estava escondida entre as plantas de um vaso velho e o único quebrado dentre os cinco que ali se encontravam no pequeno jardim. Fez uma rápida limpeza no local e sentou-se a mesa iniciando sua pesquisa. Constatou que as notícias eram tendenciosas privilegiando o Jornal sem ponderar os atos consequentes as publicações. Notícias relatavam a volta da “deusa Isabele” prometendo um emaranhado de mentiras, fato este que obviamente além de confundir os yronianos e ter venda expressiva, não esclarecia nem tão pouco compactuava com os ensinamentos deixados por Isabele. 
Gastão percebeu o quão mesquinho é o comportamento humano, não se importando em que dimensão esteja ou em que tipo de sociedade se faça inserido. De uma forma ou de outra, os irmãos vinham usando o nome de Isabele em benefício próprio, não medindo esforços na obtenção de lucros pelas informações que eram difundidas através do Jornal. 
Entrou em contato com Isabele por vídeo conferência e a notificou dos últimos acontecimentos em Yron falando de suas conclusões, com transmissão direta das páginas escaneadas para sua visualização perguntando por fim como deveria proceder. 
Isabele por sua vez, ao tomar conhecimento do que estava acontecendo em Yron mudou de planos e pediu que Gastão a aguardasse.  Depois transmitiu a Cláudio e a Ana por intermédio dos “olhos da mente”, cada qual há seu tempo, suas memórias em Yron. Pediu que se aprontassem para irem expressamente aquele Planeta e, em poucos minutos os quatro estavam reunidos na casa base e prontos para intervir naquela atroz situação. Ela pediu que seus colaboradores averiguassem as condições dos equipamentos deixados quando de sua última aparição no descampado providenciando o que fosse preciso para uma nova e definitiva aparição com o intuito de consertar o estrago. 
- Vamos nos preparar para que em dois dias possamos nos apresentar aos yronianos esclarecendo definitivamente as questões relevantes que se fazem iminentes. Antes, porém, quero estar com Velma e Alex a fim de resolver tão complicada situação. Posso contar com vocês? 
- Sabemos exatamente como proceder, não se preocupe. 
Enquanto os três partiram ao descampado, Isabele já sabia que os irmãos naquela hora estavam em casa e também partiu sem dar aviso prévio. 
Ao chegar à porta da casa dos irmãos chamou-os pelos nomes, mas um homem veio até o portão e perguntou: 
- A quem devo anunciar? 
- Diga-lhes que a “deusa Isabele” está aqui em carne e osso. 
Tão logo deu as costas, ela desapareceu e apareceu sentada na sala de estar aguardando ser atendida. Assim que o homem a viu, além de surpreso a questionou como entrou sem ser vista. Ela apenas respondeu que ficaria ali esperando. 
- Isabele, que surpresa! 
- Não acredito em surpresas Velma, mas sim em decepções. Alex! Não consigo acreditar que também faça parte deste teatro. 
- Do que você está falando? 
- Vocês sabem do que estou falando, as mentiras por vocês relatadas no Jornal, enaltecendo a deusa que nunca fui e que está prestes a voltar, com a clara intenção de tomar o lugar do Deus Pory. 
- Não era isso que queríamos, mas percebemos que este assunto nos trazia mais vendas e levamos a frente estas ideias. 
- Vejo que deu certo. Aqueles amigos que conheci eram pessoas simples e comedidas, sem características de riqueza e luxúria, mas a julgar pelas aparências, muito mudaram. 
- Não é bem assim, somos os mesmos de antes e muito temos a lhe agradecer. 
- Não vim aqui em busca de gratidão, nem tão pouco adquirir méritos ou privilégios, mas esclarecer definitivamente ao povo yroniano, questões que foram deturpadas em tão pouco espaço de tempo. - Você Velma foi à chave para as minhas aparições espetaculares em Yron forçando-me a tomar atitudes que estavam acima do grau de compreensão dos yronianos. Então, compadecida eu me desdobrei em elaborar um plano que não comprometesse a integridade moral deste povo, para agora constatar que tudo foi por água abaixo me obrigando a tomar outras providências para reverter o absurdo por vocês perpetrado. 
- Me desculpe Isabele, não sabíamos que chegaria ao ponto que chegou. 
- Mas continuam com mentiras no dia a dia do Jornal, não medindo consequências do poder que tem em mãos. Eu preciso ir. Tenho muito trabalho para realizar, mas quero que saibam que externo repulsa e indignação pelo que fizeram. Eu preciso ir! 
Ainda era o começo da noite em Yron e a música ouvida aos quatro cantos era o presságio de uma aparição no Mercado Popular surpreendendo principalmente aquelas pessoas, que na maioria já haviam presenciado suas aparições anteriormente: 
- Povo de Yron. Em dois dias estarei presente no descampado há esta mesma hora, quando lhes darei explicações pertinentes as suas vidas. Preciso que o maior número de pessoas compareça, portanto, espalhem a notícia, pois o que tenho a dizer, em muito contribuirá para a continuidade de suas valorosas vidas. Conto com todos vocês. Contem comigo. 
Ao desaparecer uma névoa tomou conta do Mercado e um feixe de luz amarela deixou escrito em yroniano os seguintes dizeres: “Em dois dias no descampado”. 
No dia seguinte, Isabele foi pessoalmente junto com seus colaboradores ao descampado e fizeram os últimos retoques daquela operação. Tudo pronto e acertado, restando apenas explanar aos seus colaboradores os detalhes de como ela queria que fosse a apresentação. Reuniram-se na casa base e entre lanches e muita conversa, finalmente estava tudo preparado. Chegado o grande dia, disfarçados estiveram no Movimento Popular por várias vezes constatando que não se falava em outro assunto se não a aparição marcada para aquela data. Entusiasmados, o movimento de pessoas e comerciantes era intenso e pelo que observaram a estimativa de público poderia superar o número de 500 mil pessoas. A partir das 17 h músicas eram tocadas pelos poderosos equipamentos lá instalados pressagiando a esperada aparição e às 18h em ponto, com o descampado totalmente tomado pelos yronianos, em cima da mesma pedra e da mesma forma como em sua última aparição, “os gigantes” ressurgem em meio a fumaça causando delírio e comoção dos surpreendidos habitantes daquele Planeta:
- Povo de Yron. 
Eu lhes apresento Gastão, Cláudio e Ana que assim como eu Isabele, estamos aqui presentes para transmitir informações que venham elucidar de uma vez por todas nossos propósitos e porque os “Deuses” não se manifestam como nós, mas que devem ser imprescindíveis em nossas existências. 
Gastão: 
- “Pory é o Deus supremo de Yron”, a quem a fé nele não deve ser olvidada e sim transmitida de geração em geração, para que esta crença se fortaleça e perdure pelo tempo que for necessário. 
Ana: - Nós não somos “deuses”, somos humanos como vocês e nossos poderes serão tão somente aquilo que as gerações no futuro de Yron, também os terão, quem sabe até em condições acima das nossas. 
Cláudio: - Somos terráqueos e nossas estaturas são compatíveis com as suas e em nada somos diferentes, apenas estamos a alguns degraus na escala evolucionária acima de vocês. 
Isabele: - Quando estive aqui pela primeira vez deixei tudo isto bem claro, mas vejo que em tão pouco tempo, correntes privilegiadas com o poder da informação deturparam meus ensinamentos, que não são de forma alguma conclusivos ou manifestações do próprio Deus Pory, mas parâmetros para o adiantamento ao estado evolutivo do povo yroniano. Interferi sim, vos dando um “Jornal, um Teatro e a Moeda”, mas notem nada proveniente de caráter religioso ou divinatório. 
Quem escreve um Jornal, manuseia uma moeda ou representa uma peça, são seres humanos, tão distantes dos Deuses como eu e vocês. Eles nos concederam o privilégio de viver e, portanto devemos ser gratos mostrando que podemos crescer e admirar suas obras e realizações compreendendo que só isto, já é um milagre e nada mais. 
O que hoje presenciam será mostrado da mesma forma em futuro próximo e no tempo certo a outros seres, pois a evolução não cabe em si e o tempo não para. Não podemos lhes mostrar de que forma procedemos isto só confundiria e atrasaria ainda mais o estado evolutivo em que hoje se encontram, entretanto afirmo depender de avanços tecnológicos que acontecerá de forma natural, assim como aconteceu em nosso Planeta, a Terra. 
Gastão: - O bem maior é e sempre será a vida e por ela não devemos medir esforços.
Cláudio: - Não caiam nas garras dos homens que usam a informação em benefício próprio, enriquecendo ilicitamente à custa dos benevolentes, aqueles de corações puros e sinceros.
Ana: - Creiam, estamos entre vocês. 
Subitamente os quatro desapareceram e mais uma vez a grande multidão fica ali por horas a fio, talvez esperando por uma nova manifestação, que logicamente não aconteceu e aos poucos começou e se dissipar do descampado, mas agora certos de um novo e claro despertar com a convicção de não mais serem enganados por promessas oriundas do próprio homem. 
Os quatro voltaram a casa base e lá Isabele externou sua indignação ao comportamento dos irmãos falando a seus novos amigos que não esperava atos de comportamentos sórdidos por parte daqueles que um dia ela os considerou como pessoas queridas. Disse também que todos se saíram bem neste primeiro teste fazendo colocações certeiras e adequadas ao que fora combinado. Assim e agora com a consciência um pouco mais leve, ela recomendou que todos se aprontassem para retornar a Terra deixando para traz o Planeta Yron ao sabor de sua sorte.
A reputação dos irmãos rapidamente caiu de prestígio e tanto o Jornal, o Teatro quanto a Casa da Moeda, de lucros, passaram a produzir prejuízos e logo estava a bancarrota ao mesmo tempo em que outras instituições consagraram-se no mercado local forçando assim a falência prematura dos mesmos. 
Capítulo 7 
Um diálogo entre verdadeiros amigos 
De volta ao apartamento em Copacabana os quatro se reúnem na sala de estar e muito chateada com o comportamento dos irmãos em Yron, Isabele chegou à conclusão que nunca entenderá as pessoas e cabisbaixa olhou para seus novos amigos e colaboradores deixando no ar a insatisfação pelo ocorrido. Cláudio, o primeiro a perceber esboçou algumas palavras: 
- Não fique assim Isabele, afinal, mesmo você tendo-os considerados amigos por longo tempo, eles continuam sendo pessoas de mundos inferiores a Terra. 
- Acha mesmo que são diferentes de nós ou de outros em outras realidades? - Humanos são humanos, mas em qualquer situação ou estado evolutivo, o poder sempre lhes sobem a cabeça. Não posso mudar isto nas pessoas, mas agora tenho como antever as progressões das circunstâncias e este é meu trunfo. Sei em quem posso confiar e até onde devo ir. Quando estive em Yron, ainda não possuía estes conhecimentos, mas agora sei exatamente como e de que maneira proceder, o que me dá enorme dianteira, junto aqueles que me são próximos, como vocês. 
- Confia em nós Isabele? - Como sabes se adiante não te trairemos? 
- Nossos laços de amizade são mais fortes que imagina Gastão. Tenho suas essências em minha memória e estou certa que entre nós não haverá traições. 
- Como pode ter nossas essências em sua memória, o que sabe a nosso respeito? 
- Diante a grande importância que dou a este projeto, não posso me cercar de pessoas onde não tenha o mínimo conhecimento de suas mais profundas raízes. Como a confiança é o elemento vital a esta realização, quando lhes passei minhas memórias vividas em Yron, extraí a de vocês, podendo assim me certificar e chegar ao ponto em que agora nos encontramos. 
- E você pretende nos passar todas as suas memórias? - Não é justo que possas saber tudo a nosso respeito e nós apenas certos fragmentos por você vivenciado, assim questionou Ana. 
- Vocês terão boa parte das minhas memórias, entretanto em doses significativas e de acordo com a relevância do momento, assim como lhes transmiti tudo a respeito do Planeta Yron. Ainda assim, somente esta clara memória já lhes mostra não só a minha essência como também meu perfil moral. Então, saibam que eu não vos escolhi a revelia e como prova de gratidão e reconhecimento, lhes transmitirei a revelação sobre a verdade e a mentira, assim poderão saber e averiguar suas dúvidas não só em relação a mim como a de qualquer outra pessoa. 
Pediu que fechassem os olhos, se concentrou no “olho da mente” e em seguida fez comunicação através do mesmo com seus companheiros. Em poucos segundos, os três adquiriram e imediatamente compreenderam que Isabele falava a verdade eximindo assim qualquer dúvida que ainda pudesse interferir naquela amizade. 
Agradecidos e encorajados mudaram o rumo da conversa questionando sua mentora sobre as diretrizes dos seus projetos. 
Cláudio se antecipa e pergunta quando poderia partir para Zywamner, Ana a Thronos e Gastão, um tanto quanto deslocado, por considerar a missão de Yron terminada, se mantém em silêncio. 
- Acho que você Cláudio deve descansar e tão logo esteja recobrado desta última viagem pode partir novamente pondo em prática o que já havíamos combinado. Quanto a Gastão e a Ana, ainda precisaremos conversar. 
- Certo Isabele. Vou para casa e logo pela manhã darei continuidade aos trabalhos. Estou de saída! - Vocês vão ficar? 
- Sim ficaremos mais um pouco com Isabele para determinar o que faremos. 
- Até mais. 
- Até mais Cláudio e boa sorte! 
Tão logo ele se retirou, os outros deram inicio a um diálogo onde a pauta do assunto era restrita ao próximo passo, no caso, o Planeta Thronos. Isabele disse que antes de passar as memórias daquele lugar e os acontecimentos sucedidos, ela começaria a falar sobre a paixão vivida com o Rei Seleno. 
- Eu tive um caso com um Rei medieval extraterrestre e por conta desta paixão e já tendo sido resolvido o maior problema entre as duas únicas Nações daquele Planeta, por bem, não acho que devo dar continuidade a este amor.
Passei longo período usando um disfarce de anciã, com pele enrugada e ensinei a seus filhos a ler e escrever. A Seleno, o Rei que era apaixonado pela matemática o básico. Ele  considerava tal ensino como avançado e foi durante estes encontros que acabamos nos apaixonando. 
- Você o amou verdadeiramente? 
- Sim eu o amei intensamente e ele também me amou. Apesar de ser uma pessoa completamente diferente dos nossos padrões, Seleno foi o homem que por intermédio dos seus olhos irradiava a clareza de um ser sincero e romântico, que se apaixonou perdidamente não pela minha aparência física, mas pelo que realmente sou, inclusive me pedindo em casamento convidando-me a ser sua Rainha. 
- E quando ele descobriu quem realmente era você o que disse? 
- Disse que se apaixonou por uma mulher velha e acabada e que agora tinha em seus braços uma jovem e bela “deusa”. Não é preciso dizer o quanto foi difícil deixar Thronos depois que me envolvi com Seleno. Em nossa última noite juntos acabamos por adormecer na grama do jardim do castelo. De certa forma e mesmo sendo implorada a não deixá-lo, algum tempo depois despertei e ali fiquei a contemplar aquele homem, um menino Rei, que apesar de sua majestade, ainda assim, possuía em seu âmago um coração terno e justo, que não deixava escapar a ignorância própria aos homens do seu tempo. Naquele momento, por algumas vezes tentei e não consegui a concentração para voltar a Terra e depois de algumas tentativas, finalmente consegui retornar deixando para traz momentos inesquecíveis em minha memória. 
- Você pretende retornar? 
- Não. Deixarei por conta de vocês a missão da continuidade em Thronos. Ana em Bacary e Gastão em Turynon, eu me juntarei a Cláudio em Zywamner. 
Agora vou lhes passar minhas memórias e intenções vividas em Tronos. Cerrou os olhos e permitiu que tais memórias fossem transmitidas através do “olho da mente” a seus colaboradores. Assim como para Cláudio, pediu que descansassem e tão logo estivessem revigorados partissem ao seu destino. 
Capítulo 8 
De volta a Zywamner 
Pela manhã bem cedinho, Isabele entra em sintonia telepática com Cláudio e avisa que também partirá a Zywamner. De certa forma, Cláudio se sentiu aliviado e prontamente dirigiu-se ao apartamento de Isabele. Lá chegando, indagou os motivos que a levaram a tomar tal decisão. Ela respondeu que sua atitude se deveu aos acontecimentos em Yron e por isso achou melhor partirem em duplas. Desta forma poderiam compartilhar de maneira mais próxima os acontecimentos daquele Planeta. Após a rápida explicação tomaram suas posições, se concentraram e partiram. Em questão de segundos, se encontravam a porta de Jean e Marcele os zyamnerianos que a acolheram quando de sua primeira estada naquele Planeta.
Cláudio comentou sobre o vendaval que Isabele enfrentou e logo a visão de Jean se fez clara em seus pensamentos. 
Bateram palmas e Marcele olha pela portinhola da varanda, ao ver Isabele, chamou por Jean e juntos foram até o portão receber sua amiga. 
- Isabele, mas que surpresa agradável! - Vamos entrem. 
Abraçaram-se demoradamente e Isabele apresentou Cláudio. 
- É o seu namorado? 
 - Não, Cláudio é um amigo e está participando das minhas missões. 
- Que saudades minha filha, pensamos não te ver mais. Estou muito feliz que esteja de volta. Sintam-se em casa! 
- Marcele, os novos móveis e a decoração ficaram ótimos. Gostei daquela tela com imagens do Universo. 
- A ideia deste quadro foi de Jean em homenagem a você minha filha. 
- Merci Jean! - E Javier como vai? 
- Você o conhece meu rapaz? 
- Não pessoalmente, mas Isabele me passou todas as suas informações e o que aqui se desenrolou. 
- Certo. 
Javier tornou-se sócio majoritário na Tetramicro e agora usufrui de muita riqueza e poder não só aqui em Urva, como em quase todo o Planeta. Ele também ficará muito feliz em te rever Isabele. 
- Certamente nos encontraremos. - Fale-me de vocês, como estão? 
- Estamos muito felizes minha filha e voltamos a viajar pelo mundo em segunda lua de mel, de carro novo e tudo isso graças a você. 
- Vou fazer um café se adiantou Marcele. 
- E Clair, está totalmente curada? 
- Sim e agora vive como adolescente longe de problemas. Não larga do pé do Dr. Michel e participa de um grupo criado pelo mesmo, com a intenção de ajudar aqueles que enfrentam esta terrível doença. 
- Estão batendo a porta. 
- Ah! Sim, deve ser o Ministro Edgar que colabora na igreja que Marcele frequenta. Uma vez por mês ele passa aqui e traz a imagem de Sião, depois faz um sermão e vai embora. 
- Marcele, o Ministro chegou. - Por favor, entre Sr. Edgar. 
- Que Sião esteja presente, bom dia a todos, Edgar Proez, muito prazer. 
- Estes são nossos amigos Isabele e Cláudio. 
- Tudo bem, como vai? 
- Também vão participar do sermão? 
Jean não sabia o que dizer e preferiu deixar a escolha de seus amigos se participariam ou não. 
- Fazemos questão Sr. Edgar, desde que possamos opinar e debater sobre o assunto em pauta. 
- Claro, assim o sermão será mais dinâmico. - Onde está Marcele? 
- Fazendo um cafezinho, aí está! 
- Sr. Edgar, que Sião esteja presente! - Chegou bem a hora do café. 
Obrigado! - Hoje eu vou lhes falar sobre uma passagem das escrituras, quando o Sr. Deus Sião desceu a Zywamner e fez várias curas milagrosas no início dos tempos: 
Naquele tempo, Sião desceu dos céus com o propósito de curar os filhos doentes. Muitas eram as doenças do nosso povo, mas a que mais atacava a população era a tuberculose. Milhares de pessoas foram banidas da sociedade sendo obrigadas a passar o resto de seus dias em isolamento largados a sua sorte em lugares onde os saudáveis não podiam transitar. Atrás dos montes áridos do lado leste de Urva, ali teria sido o lugar escolhido pelos mandatários à miserável reclusão. Compadecido e triste eis que surge do alto dos montes o Deus Sião e ao estender suas mãos Ele ordenou para que todos fossem curados e assim aconteceu. Pouco a pouco, os doentes se sentiram melhor e voltaram ao convívio dos seus parentes e amigos. “Escrituras de Sião”. 
Como podemos observar neste trecho Sião cura os homens, independente de suas crenças ou fé. Ele apenas estendeu suas mãos e curou seus filhos dando nova oportunidade de vida aquelas pessoas. 
- De acordo com meus estudos, Zywamner nesta época possuía menos de dois milhões de habitantes e como a doença era transmitida de pessoa a pessoa a cura também era quase impossível, principalmente em lugares aglomerados e pouca higiene. Sendo assim, somente um Deus para reverter tal situação. 
- Este Deus é Sião meus amigos. Nosso Deus. 
- Por outro lado e devido ao pequeno contingente humano à época, se providências não tivessem sido tomadas, a dizimação humana seria completa. Por este prisma, também podemos considerar que a interferência superior se fez necessária e contundente, uma vez que independeu de fé ou crença no próprio Deus Sião. 
- Este é mais um motivo para contemplação, pois sem esta interferência, nenhum de nós estaria aqui neste momento comentando sobre suas obras. 
- Certamente Sr. Edgar, entretanto reparou que em nenhum momento em toda a Escritura é mencionado algum dado científico, todos os fatos são espetaculares ou divinos relegando os seres humanos ao confisco religioso? 
- Mas o simples fato de nos curar e permitir nossa progressão já são motivos suficientes e deve ser considerado ato divino, pois está acima das nossas compreensões. Portanto, devemos aceitar e nos resignarmos diante a tais incompreensões. 
- Não estou duvidando dos poderes de Sião, mas me questiono quanto à forma como somos conduzidos. Tudo o que não compreendemos tratamos de forma divinatória, onde os embasamentos em fatos científicos nos são sumariamente subtraídos nos deixando ao sabor de especulações. A isto me refiro. 
 - E de que outra forma poderia pensar ou agir? 
- Não podemos duvidar dos poderes do Deus Sião e sim nos questionarmos se eventos de tal natureza foi produzido pelo próprio Deus Sião ou por um Ser com capacidade acima da compreensão daquelas pobres pessoas naquela época. 
- Então, você contesta as Escrituras? 
- As Escrituras não caíram do céu de paraquedas, homens as escreveram e, portanto, suscetíveis à interpretação dos fatos. Desde os tempos antigos o ser humano sempre acatou as informações que lhes foram ensinadas aceitando os mistérios da vida como coisas sobrenaturais ou advindas dos Deuses, porém sempre de maneira religiosa e nunca como atos provenientes de um planejamento, que seja também acima da nossa compreensão, mas oriundos de ciência e em conformidade com esses mesmos planos. 
Edgar sentiu-se contrariado com as palavras de Isabele e preferiu encerrar o sermão, antes que aquelas minhocas pudessem corroer o seu cérebro e ao se despedir deixou as palavras habituais: “que Sião esteja presente”. 
- Acho que o Ministro não gostou das suas colocações Isabele, interpelou Cláudio. 
- Me desculpe Marcele e também você Jean, mas não consigo interpretar todo e qualquer acontecimento como sendo atos divinatórios. Acredito que nem o Deus Sião encara desta forma. 
- Tem razão minha filha eu te compreendo, Marcele talvez não, pois vive rezando pelos cantos e tudo atribui a sua religião. Ela já me confidenciou acreditar que você seja uma enviada Dele. 
- Não Marcele! Eu não sou nenhuma enviada. 
- Jean, você me prometeu não falar sobre o que te confidenciei e agora falas com a própria Isabele sobre isso. Seu linguarudo! 
- Me desculpe paixão, mas não me contive, porém, acha mesmo que Isabele não sabe o que você pensa a seu próprio respeito? 
- Sim eu sei, mas podíamos pelo menos fingir. 
Jean foi o primeiro e depois todos caíram numa boa e descompromissada gargalhada.
Algum tempo depois e agora já estabelecidos com tudo arranjado na casa do casal Fleury, os terráqueos se ausentaram “viajando” para uma praia erma aos redores de Urva com a intenção de observar o entardecer à espera da marcante presença da lua do Planeta. Quando a noite chegou acompanhada da magnitude e beleza de Flow, Cláudio ficou extasiado e só acreditou no que estava presenciando, porque seus olhos puderam comprovar a consciência transmitida pelas memórias de Isabele. O brilho, a intensidade e a beleza eram indescritíveis, então, trocaram poesias e mais familiarizados, num breve instante um beijo aconteceu. Foi um beijo travesso, despretensioso, mas sucumbiu ao desejo e a forte emoção daquele momento. Afastaram seus lábios entreolhando-se e como se houvesse um consentimento mútuo, se beijaram novamente, primeiro de mansinho e depois loucamente como dois amantes apaixonados. Por alguns minutos se tocaram e se acariciaram sem nada dizer, seus corpos pareciam desfrutar daquela linguagem como se fossem conhecidos parceiros de longa data. Depois de um tempo e mais contidos, Cláudio tenta se expressar: 
- Olha Isabele, não sei explicar, mas foi como se já te conhecesse há muito tempo! 
- Não tente explicar Cláudio, também tive a mesma sensação. Acho que não precisamos nos cobrar nada e simplesmente deixar os acontecimentos decidirem por nossos sentimentos.
Ele a olhou fixamente e tomou-a em seus braços tornando a beijá-la mansamente, agora transmitindo telepaticamente os desejos mais profundos culminando aquela relação amorosa em total êxtase tendo como testemunha e cúmplice, apenas o intenso brilho e esplendor de Flow. 
Capítulo 9 
O encontro dos terráqueos com os Reis medievais
O dia amanheceu acompanhado de chuva fina e muito frio em Bacary, terra natal de Seleno, o Rei medieval. No milharal da encosta no monte do castelo, a movimentação e o trabalho árduo não se detinha e era acompanhado pelos cavaleiros de reinado, que rondavam as cercanias cumprindo as determinações do seu Rei. Ao longe se avistava a silhueta do casal que acabara de chegar pondo-se em marcha na direção do Castelo. Ana e Gastão, não sabiam exatamente o que o futuro lhes reservava, mas tinham a consciência do passado vivido por Isabele e logo se julgavam preparados aos desafios do porvir.
Dois cavaleiros interromperam sua marcha indo diretamente ao encontro dos intrusos. Argeu, o centurião os interpela: 
- Quem são vocês e o que fazem nas terras do Rei? 
- Somos Gastão e Ana da província de Alboin e temos uma mensagem da professora Isabele para o rei. 
- Subam no lombo dos cavalos, lhes levaremos a presença de Seleno. 
Argeu e Percival estenderam suas mãos e ajudaram os supostos mensageiros a montar em seus magníficos animais. Então, subiram o monte sendo observados pelos agricultores, que se perguntavam quem seriam aqueles estranhos. Ao adentrarem no castelo, os guardas os levaram a presença do Rei que assim os recebe com expressão de curiosidade. 
- Meu senhor. - Somos Gastão e Ana e temos notícias de Isabele. 
Ao ouvir o nome de Isabele, Seleno pediu que os centuriões que se retirassem e os deixassem as sós. 
- Também sois terráqueos, que notícias me trazem? 
- Somos colaboradores de suas missões e estamos aqui em caráter de observação, para averiguar e saber o que podemos fazer para dar sequência ao trabalho por ela começado. 
- Vocês estão disfarçados? 
- Somente Ana, pelos mesmos motivos que levaram Isabele a se disfarçar. 
- Sinto sua falta e meus dias são vazios. Porque ela mesma não veio para dar esta continuidade. 
- Cremos que Isabele não quis voltar por recear encontrá-lo casado com outra mulher ou talvez seus sentimentos tenham sido tão fortes a ponto de não querer deixar subentendido sua verdadeira missão. (Ana). 
- Devo acreditar em vocês? 
- Argos e Ava chegam de Turynon amanhã e somente Você e Eles além de Isabele é claro são os detentores da verdade sobre o que aconteceu em alto mar, quando a guerra era eminente. 
- Conhecem o Rei Argos? 
- Temos ciência de tudo o que aconteceu aqui em Thronos, mas não o conhecemos pessoalmente. 
- De que forma Isabele provou a rainha Ava seus poderes? 
- Entregando-lhe uma flor, única em Turynon. Mas não sem antes dizer que não era bruxa ou fazia feitiços subjugando a sua empáfia. 
- Isso já basta! - Providenciarei para que se acomodem aqui no castelo pelo tempo que for necessário. Direi que são mercadores de diamantes na província de Alboin, aqui presentes a negócios. 
- Obrigado Seleno! - Temos muito a contribuir. 
- A que te referes? 
- Ao beneficiamento das pedras preciosas, como diamantes e rubis. 
- Como podemos beneficiar os elementos naturais aqui extraídos? 
- Usando inicialmente o processo rudimentar de polimentos das pedras transformando-as em adornos reluzentes, objetos de desejo pessoal e não apenas como talismãs ou produtos de trocas. 
Primeiro vamos introduzir o polimento das facetas naturais denominando este estilo de lapidação tal qual foi chamado em nosso Planeta de “mesa e rosa”, depois passaremos informações sobre o desgaste das partes pontudas tornando a gema em objeto de desejo por seu intenso brilho e beleza. 
- Ainda não consigo imaginar como uma pedra bruta pode tornar-se reluzente. Neste momento Gastão retira de uma sacola amarrada em sua cintura à época chamada de “bolso”, um falso diamante lapidado na Terra e o mostra a Seleno que de olhos esbugalhados contempla a pequena gema e se manifesta repetidamente usando uma única expressão: Magnífico! 
- Este é falso Seleno. Se fosse verdadeiro, seu valor seria inestimável. Serve apenas de protótipo e ilustração para o que pode ser feito. 
- Entendo, mas não deixa de ser uma pedra magnífica e o devolve. 
Ana que apenas observava e via de que maneira Gastão conduzia aquela conversa se interpõe manifestando alguns princípios que deveriam ser levados em consideração para a obtenção de resultados satisfatórios: 
- Os diversos cortes na parte superior são chamados de “facetas”, que fazem parte da coroa. Logo abaixo e circundando toda a gema encontramos a “cintura”. Na parte inferior temos as “facetas do pavilhão” e finalmente a ponta, também chamada de pinhão. 
Como poderei empregar trabalhos na obtenção de resultados parecidos? 
- Parecidos sim, mas muito distantes da proximidade da gema que te mostrei. Aqui em Thronos, como bem disse Gastão, só conseguirão resultados rudimentares, mas isso não é motivo para declinar e é o começo de uma nova concepção. 
O diamante é o mais duro material de ocorrência natural que se conhece, portanto, não risca e seu brilho é eterno. Do próprio diamante será extraída a matéria prima para obter o material necessário ao polimento dos mesmos, que também é a dica para o corte que só poderá ser empregado e difundido em futuro ainda distante.
 Apesar do interesse sobre este assunto, Seleno estava também intrigado com o sotaque do casal, mas não se ateve e mudou a conversa voltando a indagar sobre Isabele:
 - Como ela está, se casou, teve filhos? 
- Não. Nada mudou e Isabele continua em missões a outros Planetas. Agora está em outro mundo e creio que sua estada naquele lugar será demorada. 
- Ela falou sobre mim? 
- Disse-me que realmente se apaixonou por Você, mas preferiu se afastar em virtude de estar comprometida com outras realizações. 
Incumbiu-nos de algumas tarefas aqui em Thronos, pelas quais nos empenharemos da melhor forma apoiados a sua colaboração. 
- Como ficastes sabendo da chegada de Argos as minhas terras? 
- Assim como Isabele temos nossos truques. 
 O reencontro dos Reis 
Era o final da tarde no dia seguinte à chegada dos terráqueos e o centurião anunciou a chegada da comitiva de Argos em Bacary. Trinta dias haviam se passado em alto mar desde a saída do Rei acompanhado de sua bela Rainha Ava e, ao chegarem ao castelo o préstito é recebido em festa no reinado. Este era o segundo encontro e os laços entre as duas Nações permanecia sólido motivados que foram pelos acontecimentos quando se encontravam a beira de uma guerra, providencialmente declinada pela intervenção de Isabele. 
- Amigos sejam bem vindos de volta a Bacary e é com imensa satisfação que ofereço as dependências do Castelo à sua estada. 
- Caro Seleno. - Nós é que nos sentimos honrados com esta calorosa recepção e de certo além de firmarmos nossa amizade, bons negócios também teremos a tratar. 
- Como vão os miúdos estão bem? 
- Fortes e sadios. - Silas o mais velho agora pesquisa as estrelas e Argeu por sua tenra idade só pensa em brincadeiras. 
- E da terráquea, tens notícias? 
- Vocês podem não acreditar, mas vou lhes apresentar outros dois, que chegaram ontem a mando de Isabele designados a novas missões aqui em Thronos. - Vamos entrem e estejam à vontade. 
Ao adentrarem no “grande salão” o banquete já estava servido. A mesa a alta cúpula da monarquia Bacaryna além de Gastão e Ana que observavam os costumes e tradições, não deixavam escapar a simpatia estampada em seus rostos. Depois do banquete, como de costume, Seleno leva seus hóspedes à varanda principal e com seu assovio característico, de pronto recebeu uma serviçal a qual lhe incumbiu à tarefa de chamar os terráqueos. Tão logo os terráqueos se mostraram e após as devidas apresentações, turbilhões de perguntas foram dirigidos aos mesmos. Uma a uma, as respostas eram respondidas com parcimônia e claro, dentro da esfera de compreensão dos mesmos. Ava por sua incredulidade conduzia o diálogo de forma a que pudessem comprovar a veracidade dos fatos através de seus dons, mas em nenhum momento houve necessidade do emprego de seus dotes na conversação, até que num determinado momento Ana perde a paciência e desaparece sem deixar vestígios. 
- Não precisamos demonstrar do que somos capazes, mas quanto às provas não se há argumentos, entretanto, estas demonstrações devem permanecer restritas entre nós e vocês, pois não queremos nossas identidades deflagradas. Isto causaria sérios danos as nossas missões. 
Assim como Isabele, quando voltou Ana trouxe consigo um bracelete que a Rainha esquecera em seus aposentos em Turynon e que a motivou a muitas reclamações durante toda a viagem. Ao ver a joia, de pronto pediu desculpas, mas com leve toque de sarcasmo no canto dos lábios tomou o bracelete colocando-o em seu pulso. 
Capítulo 10 
Enquanto isso, em Zywamner... 
Há 6.000 anos luz dali em Zywamner, Isabele e Cláudio se preparavam para uma visita a Javier Russeole, agora sócio majoritário da Tetramicro. Com o advento da Internet naquele Planeta, ali chamado de Zywamnet, a configuração da rede mundial de computadores estava praticamente concluída. Javier conseguiu suplantar a extensa rede tornando-se o homem mais poderoso e conhecido daquele mundo. Isabele pode notar as diferenças entre o antes e o depois a partir da vista do imenso arranha céu no centro de Urva mostrando a grandiosidade da Empresa.
O esquema de segurança, no entanto, agora era muito mais rígido e exigia a identidade dos visitantes. Por este motivo, Isabele havia solicitado a Jean para que informasse a Javier da sua presença e de seu companheiro. 
Javier autorizou a entrada do casal sem que suas identidades fossem apresentadas. Há 440 metros do solo e acima dos 103 andares ficava a cobertura onde diariamente Javier se encontrava e deliberava o comando da Tetramicro. Aquele espaço tinha aproximadamente uns 300 m², um heliporto e um salão com os equipamentos de última geração, sem deixar de mencionar o requinte e a exuberante vista de toda a cidade.
Três ou quatro minutos depois Javier recebe os terráqueos. 
- Isabele, que prazer em te rever e quem é este rapaz? 
- Claudio Raiso Farid, muito prazer Sr. Javier. 
- Uma bebida, um café ou água? 
- Água! - Estou surpresa e ao mesmo tempo feliz em ver seu crescimento e também o poderio da Tetramicro. Você fez um belo trabalho! 
- Obrigado menina, mas se não fosse por você, talvez nada tivéssemos feito. A secretária traz os copos com água, põe sobre a mesa e se retira. 
- Mas a que devo sua prazerosa visita? 
- Vim visitar meus amigos e claro, saber como vão às coisas aqui em Zywamner. 
- Aqui estamos bem, a expansão da empresa depois do advento da Zywamnet não para de crescer. Hoje temos a tecnologia das fibras óticas e a banda larga de alta velocidade...
Neste momento a conversa foi interrompida por homens encapuzados e fortemente armados que invadiram o recinto ameaçando atirar caso alguém fizesse algum movimento brusco. 
- Onde está e qual é a senha do cofre? 
- Ali, atrás do quadro naquela parede, mas eu não tenho a senha. 
Um deles arrancou e quebrou o quadro. Deu uma coronhada em Javier e apontou o fuzil para sua cabeça assim falando em tom solene: 
- Você tem dez segundos para me dizer à senha e começou a contar... 
- Por favor, eu não sei qual é a senha. 
Constatando através de seu “olho da mente” que aqueles homens eram funcionários da Tetramicro, Isabele tenta uma cartada arriscada e interrompe a contagem do indivíduo. Sei quem são vocês e posso garantir que ele não tem a senha do cofre. 
- Se você sabe quem somos nós então, irá morrer... 
E mesmo antes de terminar a frase, ela usa dos poderes adquiridos em Segoy I e desapareceu levando junto seus amigos para fora da sala. Trancou os malfeitores naquela cobertura, que mesmo não compreendendo a situação atiravam em vão em todas as direções. Ela não se deu conta, mas um tiro a atingiu na perna e segundos depois uma dor lancinante seguida de ardência agora lhe assaltavam o membro inferior direito fazendo com que perdesse os sentidos. 
Os bandidos foram cercados por seguranças e policiais que se faziam presentes e, após intensa troca de tiros, dois foram mortos e os outros três presos e levados à zona distrital de Urva, onde certamente cumprirão as duríssimas penas regidas por aquela sociedade. 
Ao despertar, Isabele estava num hospital e ainda convalescendo levou a mão ao ouvido e percebeu que o chip não estava em seu poder. Sua calça estava rasgada até a cintura e ao que tudo indicava, o projétil havia sido retirado e o ferimento costurado deixando a mostra quatro pontos da pequena cirurgia. 
- Boa tarde, sou o Dr. Enzo Palani. - Você teve muita sorte, por pouco a veia safena interna não foi atingida. A bala foi extraída e em poucos dias estará recuperada. 
- Obrigada Doutor! - Meus amigos estão lá fora? 
- Sim, tem algumas pessoas ansiosas por te ver aguardando no saguão do hospital. Disseram que você se chama Isabele, mas não encontramos documentos que comprovassem sua identidade e precisamos deles para te registrar e fazer os trâmites de ocorrência ambulatoriais. 
- Não me lembro, mas acho que os perdi durante o assalto. 
- Sem problemas. Você deve ficar internada por pelo menos dois dias e enquanto isso, seus amigos poderão providenciar os mesmos junto aos órgãos competentes. - Vou permitir que seus amigos a vejam, se precisarem de alguma assistência é só tocar a campainha. 
- Merci, merci! 
Cláudio, Javier, Jean e Marcele rodearam o leito e preocupados a bombardeavam de perguntas, ela permaneceu calada e quando silenciaram respondeu simplesmente que não ouvia muito bem, pois perdera seu aparelho auditivo. Cláudio entendendo a preocupação com o chip põe a mão no bolso e o entrega dizendo que viu na hora que caiu e o guardou. Ela o recoloca no ouvido e agradece dando uma piscadela a Cláudio e se diz bem explicando a situação a respeito de seus documentos aos amigos. Jean diz que pode providenciar e pede para que não se preocupe com as burocracias, mas sabe que o corpo médico não a liberará antes de uma semana ou pelo menos antes da retirada dos pontos. 
- O quê, uma semana? - Quero sair daqui ainda hoje! 
- Calma minha filha! Vai passar rápido. Pronunciou-se Jean. 
- Não amigos uma semana é uma vida. - Deixem-me sozinha com Cláudio e, por favor, não façam perguntas, em casa conversaremos. Agora vão! 
Já conhecendo Isabele, os três se retiraram sem questionamentos e tão logo saíram inicia-se uma conversa telepática. Os dois acordaram em usar a “medicina quântica” empregada no Século XXVII, onde a cicatrização do ferimento desapareceria em poucos minutos. Cláudio trancou a porta por dentro e assim iniciaram a irradiação de cura. O processo através das vibrações mentais e pronunciadas as palavras de ordem começaram a surtir efeito positivo e em menos de três minutos, dessa forma ela retira os pontos. Os dois se olharam e estalaram um beijo. Cláudio destrancou a porta, se concentraram e desapareceram. Ao chegarem à casa dos Fleury sentaram-se no sofá da sala de estar e trocaram algumas ideias, até que uma chave girou pelo buraco da fechadura na porta principal. 
Espantados, não só o casal, como também Javier entreolharam-se intrigados, mas não fizeram objeções.. 
- Não perguntaremos nada, mas podemos ver o ferimento? 
Ela empurrou o que sobrou da sua calça para o lado e os quatro constataram não haver mais o ferimento, apenas pequenos sulcos onde os pontos haviam sido dados. 
- Venha minha filha. Tome um banho e troque suas roupas, assim as pupilas dilatadas de Jean, Javier e Cláudio, talvez voltem a se comportar. 
- Mulheres! 
Capítulo 11 
Conversa entre Reis e Deuses 
Passado o momento de especulações e provas, os terráqueos são indagados a esmiuçar a missão que ora estavam incumbidos. Prontamente Gastão sugeriu o amadurecimento das relações entre as duas Nações promovendo o beneficiamento das pedras preciosas dos bacarynos, enquanto Ana, o aprimoramento do cultivo e moendas para os grãos dos turynosenses. Ambos retiraram de suas sacolas pergaminhos com esquemas e desenhos de máquinas rudimentares, mas com eficiência preteritamente comprovada, lhes passaram os ensinamentos de outrora utilizados de forma iniciativa na Terra. Não obstante ao que Gastão já havia conversado com Seleno, Ana sugere à Argos o plantio de diversos outros grãos, como soja, café e cevada a fim de expandir o comércio entre as duas Nações. Maravilhados com as novas possibilidades, os Reis agradeceram e firmaram novos acordos atribuindo estes feitos a vontade divina de seus Deuses. 
No dia seguinte, logo pela manhã, preparam-se para uma cavalgada pelas terras do reinado. Os cinco desceram o monte atravessando o milharal até chegarem à beira de um esplendoroso riacho, que ficava no lado oeste do castelo contornado por densa floresta de frondosas árvores nativas que rebrilhavam os raios de Deneb, Sol de Thronos. Ali pararam para descansar e beber daquela água cristalina. Sentaram-se em troncos convenientemente cortados e preparados para este fim e, então, iniciam uma nova prosa puxada por Gastão: 
- Como pretendem contar suas histórias as gerações futuras? 
- Desde a vinda de Isabele, estou escrevendo um livro onde aponto a mesma como sendo “filha das estrelas”, que desceu do céu, sendo por mim considerado uma deusa, que veio a Thronos mostrar-me o amor e ao mesmo tempo interferir na relação que temos com Turynon. 
 - Eu ainda não estou escrevendo, mas pretendo registrar não só a vinda de Isabele, como também a de vocês, como sendo “filhos de Aton” nosso Deus, para que no futuro nosso povo saiba desta interferência, haja vista tal obra ser requisitada por nosso Criador. 
- Temos ciência e já provamos não sermos Deuses ou filhos Deles, mas também sabemos que por falta de compreensão o homem precisa se apoiar em forças divinas, relegando quaisquer circunstâncias a estes Deuses. Entretanto, e de forma homeopática ficaríamos mais felizes se as razões centrais tivessem pelo menos evidências e o cunho de nossas feitorias. Não para nos engrandecer ou prestigiar, mas para que pudessem interpretar de forma plausível as intervenções do próprio homem, que se faz presente e cambiada por todo Universo. 
- As pessoas nunca acreditariam em nós e por este motivo seríamos considerados Reis mentirosos e hereges achincalhados para todo o sempre. Por que vocês mesmos não assumem este papel e modificam a forma como eles pensam? 
- Por que o homem desde sempre precisou desse apoio divino e somente depois de muitos estágios evolutivos poderá compreender-se e aceitar-se como parte integrante desse “Todo”, onde seus feitos são ilimitados. Por isso espalhamos algumas sementes. Por várias gerações ainda passarão até a descoberta do que podem realizar, porém sem estarem presos, alienados ou subjugados as vontades divinas. O percurso é longo, definitivamente verossímil e contundente, mas se fazem obrigatórios os estágios de crescimento e distinção, entre o discernimento e as dúvidas pueris a que todos somos sumariamente eclipsados. 
-Existe uma maneira de se adiantar nesta senda? 
- Desde sempre, mas o véu da ignorância se estende além dos limitados sentidos em que estamos encerrados. 
- E de que maneira podemos nos desvencilhar deste véu? 
- Com sentimentos de equilíbrio e sintonia com as manifestações das Leis Universais. Amor profundo, determinação, humildade e principalmente desejo e vontade. 
Ava levantou-se e dirigiu-se a uma árvore arrancando um fruto muito parecido com a maçã. Esfregou-o em sua roupa e cravou os dentes ruidosamente, não mostrando o menor interesse naquela conversa. Argos com olhar de reprovação observou por alguns instantes, mas percebendo que de nada adiantaria algum ato de censura voltou a compenetrar-se na conversa. 
- Creio nestas palavras e até procuro pensar desta maneira, mas nada diferente acontece, questionou Seleno. 
- Você que pensa! - Na verdade esta é uma sintonia invisível, mas muito poderosa e que reverbera por todo o Cosmos produzindo efeitos que ecoam contra ou a favor aos pensamentos elaborados. Portanto, é de suma importância se manter com sentimentos puros e sinceros, para que o retorno esteja de acordo com as melhores manifestações. Interpelou Ana. 
- É verdade. - Lembro-me perfeitamente quando estávamos na iminência da provável guerra entre nossas Nações, no meu mais profundo íntimo não era o que eu queria e como num passe de mágica, pela intervenção de Isabele a embate não aconteceu. Ditou Seleno. 
- O Universo conspira sobre nossos pensamentos, independente de serem eles bons ou ruins, portanto, repito: Havemos de cuidar sobre e o que pensamos. 
Capítulo 12 
O dom da telepatia
A noite estava escaldante em Urva e a temperatura se aproximava dos 40º. Terráqueos e zywamnerianos comentavam sobre o assalto e Javier não conseguia parar de pensar numa maneira mais eficaz de proteger a Tetramicro, afinal os meliantes eram funcionários da empresa e atitudes parecidas poderiam acontecer novamente. Usando do “olho da mente”, Isabele resgata estes pensamentos e lhe dá coordenadas do que pode ser feito para minimizar estas investidas. Ao ouvir aquelas palavras, Jean diz que precisa se acostumar com a leitura telepática de sua hóspede, foi quando ela teve a ideia de transmitir a seus amigos o dom da telepatia, assim como fizera com os irmãos em Yron. Pediu que todos dessem as mãos e iniciou a contagem que da mesma forma, antes mesmo de chegar ao número cinco todos ouviram o restante em suas mentes. A partir daquele momento todos puderam comunicar-se telepaticamente, mas a Javier foi concedido uma fração superior aos demais que permitia ao mesmo tempo resgatar intenções e os desejos mais profundos podendo desta forma fazer a leitura correta daqueles em quem poderia confiar. Após a transmissão, todos se sentiram gratos e para comemorar, Jean foi buscar um espumante fazendo um brinde especial a Isabele, pois na verdade além desta transmissão ela teve a sorte do tiro não ter sido fatal. 
Diante aos acontecimentos, Javier pediu a ajuda de Isabele para uma reunião com todos os funcionários da empresa, com o propósito de verificar no grande contingente, aqueles em quem poderia realmente confiar. Como ele não possuía recursos telepáticos estendidos como o de Isabele deixou por conta da terráquea estas avaliações. No grande salão de reuniões estavam presentes mais de 1200 funcionários, que enquanto aguardavam o pronunciamento, intenso burburinho de conversas desencontradas ecoava por todo ambiente. 
Ao adentrar no salão acompanhado de Isabele foram diminuindo a conversa, como se alguém estivesse abaixando o volume de uma TV, até que estivessem mudos e Javier começa seu pronunciamento: 
- Como todos sabem, a Tetramicro sofreu um ataque não de pessoas estranhas, mas de funcionários e por este motivo a partir de hoje todos serão reavaliados e recadastrados. Enquanto Javier “discursava”, Isabele se utilizava do “olho da mente” rastreando no público pela procura de funcionários suspeitos. Sem que pudessem ao menos suspeitar do por que daquela mulher estar ali presente, ela colheu os dados dos treze elementos que constatou não possuírem boa índole ou antecedentes limpos. Javier definiu algumas diretrizes e encerrou a reunião. 
Os dois partiram para a cobertura e telepaticamente as informações dos suspeitos são transmitidas e relatadas mostrando os motivos pelos quais Isabele escolhera apenas essas treze pessoas. Ele enviou um e-mail ao Departamento de Pessoal, constando apenas o nome e matrícula dos envolvidos e solicitou a demissão sumária dos mesmos sem nenhuma justificativa. 
Javier se declara a Isabele, mas não é correspondido.
Após os acertos e correções funcionais, Javier iniciou uma conversa no mínimo um tanto constrangedora aos ouvidos de Isabele: 
- Estou viúvo há quase três anos. Não tenho como te esconder meus sentimentos. Como me sinto jovem, principalmente depois de você haver me concedido este fabuloso rejuvenescimento, eu gostaria de te pedir que fique em Zywamner e viva comigo, juntos transformaremos este mundo. O que você acha? 
- Estou lisonjeada, mas não posso e nem devo aceitar seu convite. Não pertenço a este mundo e nossas diferenças vão além das esferas de uma simples união. Este mundo já está transformado para o que lhe cabe, mas ainda muito distante do verdadeiro sentido da própria vida. 
- A que sentido te refere? 
- Ao amor verdadeiro, ao desprendimento de interesses e da ganância que ainda vos assola pelos caminhos que ainda insistem em trilhar. Longe de te menosprezar Javier, você alcançou patamares de poder e riqueza que poucos conhecem, mas tua essência é pobre e desafortunada. Nada, considerado na natureza humana pode ser perfeito ou imperfeito. Mas quando souber que os acontecimentos da vida se desdobram na observação de uma lei eterna, que são fixas na natureza, então, saberá que nossas fraquezas não permitem alcançar esta ordem pelo conhecimento, entretanto, sua natureza será mais firme que esta atual. Sabedor desta ordem sentir-se-á incitado a procurar por meios que te conduzam a perfeição, a isso entendo como o verdadeiro bem, que só quando conseguimos passar aos outros este sentido, a comunhão entre dois seres poderá ser plena e constante. 
- O amor vem com o tempo! 
- Mas a essência é eterna e sem ela, nada somos ou podemos expressar. 
Considero-te um bom amigo, nada mais que isso e prezo por esta amizade, portanto, te peço que não alimente esperança e nem guarde rancor. 
- Mas eu sempre te desejei, desde o primeiro momento que te vi. 
- Teu desejo é fortuito e fugaz. Tornou-se um homem de negócios e nunca trabalhou em seu âmago o verdadeiro sentimento do amor, aliás, não se ama nem a si próprio, como pode doar-se se ainda é um escravo em teu acanhado mundo próprio? - Não Javier, tua jornada nos caminhos do amor, ainda atravessa por ruas escuras e sombrias, te impedindo de desfrutar do verdadeiro bem, o próprio Amor. 
Embora não esperasse tua declaração, estou deixando registrado em sua mente, alguns fundamentos teóricos relativos à expansão do sistema integrado de rede, iniciados na época que da mesma forma vivenciamos no meu Planeta e em circunstâncias parelhas ao que Zywamner hoje presencia. Admito possuírem embasamento suficiente para colocá-los em prática. 
- Então vou me resignar, quem sabe um dia eu possa mudar e você encontrará um homem de coração e peito aberto mais próximo da tua realidade. 
 -... Quem sabe um dia! - Adeus Javier. 
No finzinho da tarde, Isabele vai para as cercanias da praia e caminha pela areia macia absorta em seus pensamentos. De todo, os últimos acontecimentos não se deram da forma como esperava: Levou um tiro, nada havia feito em prol dos zywamnerianos e precisou de muito traquejo para se desvencilhar de um homem que em seu conceito o considerava um grande amigo, mas que fora tomado por um impulso impensado melindrando o que sentia pelo mesmo. 
Diante as circunstâncias fez contato com Cláudio e solicitou que viesse até a praia ao seu encontro. Em poucos minutos, Cláudio se apresentou acompanhado de Flow que se levantava mansamente na linha do horizonte. Sentaram a beira do Mar e permitiram que as pequenas marolas banhassem seus pés, enquanto silenciosamente acompanhavam o desabrochar da surpreendente Lua. Aos poucos o contorno da noite levou consigo os últimos guinchares das gaivotas que se recolhiam depois de mais um fim do dia, permitindo que os terráqueos pudessem trocar ideias.
- Acredito que não temos mais nada a fazer por aqui. 
- Mas nada fizemos! - Sem querer te questionar Isabele, por ventura aconteceu alguma coisa? 
- Não, mas algo me diz para irmos embora. - Quero estar com o Dr. Michel Appolon e depois partiremos. 
- Certo! O que você determinar. 
Cláudio tentou lhe fazer carinho e ela simplesmente disse não estar disposta. 
- Hoje não Cláudio! Não estou em um bom dia. Vamos voltar. 
O reencontro com o Dr. Michel Appolon 
Assim os dois se concentram e voltam à casa dos Fleury. Ao chegarem, o jantar estava servido. Marcele preparou um lombo assado acompanhado de batatas assadas, comida preferida de Jean, mas que fora também apreciada pelos terráqueos. Depois do Jantar a hóspede comunica a seus amigos a intenção de ir embora, assim que fizesse contato com o Dr. Michel. Surpresos, mas sem cogitar os motivos, acataram sua decisão e disseram que as portas da sua casa sempre estariam abertas ao casal. 
No dia seguinte ela se apresentou no hospital onde o Dr. Michel trabalhava e da portaria ele então foi avisado: 
- Dr. Michel, a senhorita Isabele Constantine está aqui na portaria. 
- Por favor, peça que ela suba, eu estou no ambulatório número cinco. 
- Isabele! Como vai, o que te traz aqui? 
Trocaram dois beijos no rosto e se abraçaram afetuosamente. 
- Estou bem e vim aqui te passar algumas informações antes de partir. 
- Estou ao seu inteiro dispor. 
- Vou direto ao assunto. 
 Pediu que ele lhe estendesse suas mãos e usando seu “olho da mente” estabeleceu ligação imediata resgatando suas memórias podendo assim constatar todos os acontecimentos durante o tempo em que esteve fora das jurisdições daquele Planeta. Ele estudou e trabalhou arduamente conseguindo se tornar a maior personalidade em oncologia salvando centenas de pessoas através dos dons que recebera de Isabele, portanto, sendo considerado o único médico capaz de tratar o câncer através da hipnose. Viu também que Michel havia se modificado deixando de ser um homem orgulhoso e egocêntrico, para se tornar afável e gentil diante a seus semelhantes. 
- Muito bem Michel! Vejo que muito mudou e várias curas se deveram a partir de suas intervenções, me sinto gratificada em saber que vem realizando um excelente trabalho, não trai sua mulher e já é papai. 
- Sempre fico surpreso com você, mas aprendi e lhe sou muito grato por ter entrado em minha vida. 
- Fiz uma varredura em sua mente e te deixei a base da física quântica, para que estude e possa dar continuidade ao que aqui foi iniciado, entretanto, quero te pedir que passe adiante estes conhecimentos dividindo com outros colegas de profissão mais este aprendizado, assim contribuindo com a disseminação desta moléstia. 
- Assim o farei minha cara. Quer jantar comigo e minha família esta noite? - Podemos ir naquele mesmo restaurante! 
- Obrigado pelo convite, mas estou de partida. 
- Estou muito feliz em te rever e espero que possamos nos ver outras vezes. Estarei sempre aqui, conte comigo. 
- Ao revoir Michel! 
- Ao revoir Isabele! 
Ao retornar à casa dos amigos encontra-os jogando dominó, Abraça Jean pelas costas, lhe dá um beijo na calva e com o peculiar sorriso de sempre olhou para Marcele e falou: 
- Amigos! Estou partindo. Muito obrigado por tudo e fiquem sempre bem. 
- Espere pelo almoço ou ao menos terminarmos o jogo. 
- Sim Isabele! Espere ao menos o fim do jogo. 
- Termine o jogo Cláudio e amanhã nos falamos. Sabem que não gosto de despedidas, prefiro agir desta forma. Contornou a mesa, abraçou e deu dois beijos em Marcele, se afastou e olhando para Jean e desapareceu... 
- Mas o que será que deu nessa menina gente? 
- Assim como vocês, eu a conheço há pouco tempo e nada posso dizer. Mas sei que vai ficar bem, não se preocupem. 
- Formei o carroção! - Fim de jogo para você Cláudio! Ganhei mais uma. 
- Pura sorte, mas tudo bem! - Amigos, não interpretem mal, mas sem Isabele aqui, também devo ir. Agradeço de coração a vocês e espero em breve nos encontrarmos novamente. 
- Compreendemos Cláudio, mesmo estando entre nós por tão pouco tempo sentiremos saudades. Cláudio abraçou seus novos amigos e olhou-os com profunda admiração desaparecendo daquele lugar.
 Assim que o casal terminou o almoço recebeu de surpresa a visita de Javier: 
- Jean, Marcele, tudo bem? - Desculpe vir sem avisar, mas preciso falar com Isabele. 
- Ela partiu a cerca de uma hora Javier e voltou para a Terra. Ela não se despediu de você? 
- Não! - Esteve no escritório ontem e deixou-me algumas informações, depois de uma breve conversa foi embora. Mas eu não podia imaginar que voltaria para a Terra, tão repentinamente. Ela falou os motivos de sua partida? 
- Então, não conhece Isabele! Aparece e some sem deixar vestígios, sem dar explicações. - Nos agradeceu, não esperou nem o namorado e partiu. 
- Cláudio e Isabele estão namorando? 
- Eles nada comentaram, mas acredito que Flow deve ter testemunhado grandes momentos. - Seus olhos rebrilhavam durante nossas conversas, além do mais, os jovens não costumam perder as oportunidades de amor e prazer que a eles se apresentam. Comentou Marcele. 
- Então foi por isso?... 
- Foi por isso o que? 
- Não! Nada, não foi nada Jean. 
- Javier, Javier. Eu te conheço. O que você está nos escondendo? 
- Tá bom! Eu vou falar. - Eu me declarei a ela, pedi que ficasse aqui em Zywamner comigo. 
- Como é que é? 
- Agi por impulso, me aproveitei do rejuvenescimento e lhe pedi que ficasse partilhando da minha riqueza. Como sou estúpido, por um momento pensei que minha fortuna pudesse comprá-la ou fosse motivo suficiente que a encantasse. Percebi em suas palavras certa decepção e por isso vim me desculpar. 
- Chegou tarde e também demorou muito em rever teus conceitos. Por este motivo, acredito que não voltará mais por aqui. - Onde estava com a cabeça? - Você é egoísta Javier, em nenhum momento pensou em nós? - De certa forma, querendo ou não, também nos privou de sua companhia. 
- Agora eu sei e por isso vim me desculpar. Ela nunca vai saber e agora só posso me desculpar com vocês e espero que sinceramente aceitem. 
- De novo só está pensando em você. Suas desculpas Javier, não a trarão de volta e para nós, o sentimento desta perda é muito próximo à perda de outra filha. 
- Nada mudará estes sentimentos e só o tempo nos dará uma resposta.
O que os zywamnerianos não podiam sequer imaginar era que Isabele havia deixado um “feijão” escondido na sala fazendo a gravação das conversas. Assim, o sentimento de perda de Jean e Marcele fora constatado de maneira que, ao ficar sabendo, imediatamente providenciou para amenizar os corações dos seus amigos.
Tão logo Javier foi embora, Jean ligou a TV e ela entrou em circuito fechado fazendo desta forma a vídeo conferência com eles. 
- Amigos! Por um tempo não voltarei a Zywamner, mas quero que saibam que minha estima e consideração por vocês e até mesmo a Javier, em nada mudou. 
- Isabele, sentimos muito pelo que aconteceu e ficamos tristes por Javier ter estremecido nossa amizade. Ele acabou de sair dizendo que veio se desculpar, mas nada podemos fazer para remendar tal situação. Queremos que saiba que as circunstâncias às vezes nos tomam de assalto e... 
- Eu sei o que estão sentindo, mas não se preocupem, realmente nada mudou entre mim e vocês. 
- Então, porque foi embora repentinamente? 
 - Tenho outras missões e Zywamner deve seguir seu próprio curso sem mais interferências, minha partida foi mera coincidência, portanto, não tomem culpa pelo o que não fizeram. Como sempre digo, o mais importante é que sejam felizes e aproveitem desta vida. 
 - Poderemos ao menos, vez por outra nos comunicarmos desta forma? 
- Sim, sempre que a saudade apertar eu saberei e entrarei em contato. Fiquem na paz! 
- Ao revoir Isabele. 
Capítulo 13 
Colaboradores prontos para serem livres
Por intermédio de “Magno”, Isabele fica sabendo dos procedimentos levados a cabo por Gastão e Ana no Planeta Thronos. Ela os enalteceu e pediu que encerrassem a missão retornando se possível ainda hoje a Terra.
Estabeleceu comunicação telepática com Cláudio e marcou um encontro nos arredores de Copacabana. Por Volta das três horas da tarde, eles se encontraram e trocaram beijos. Sentam-se no banco de uma praça e alguns pontos foram abordados. 
- O que achou desta experiência? 
- A viagem a outro mundo é fascinante, mas te confesso que ficar contigo foi excepcional. 
-Também gostei! - Foi romântico e muito divertido. 
- Mas? 
- Não quero me prender a ninguém. 
- Compreendo! 
- Pedi a Gastão e Ana que encerrassem a missão. - Amanhã pretendo nos reunir e delinear novos procedimentos. 
- Pode me adiantar alguma coisa? 
- Não, apenas que daremos continuidade. Nada, além disso. 
- Quer jantar comigo esta noite? 
- Não vai dar Cláudio. Preciso preparar e providenciar as bases para a reunião de amanhã. Espero-te lá em casa às nove horas. 
- Está certo. Até mais! 
- Até mais! 
Na manhã seguinte, os quatro se reuniram no apartamento de Isabele, debateram sobre os Planetas visitados e os fatos ocorridos tanto em Thronos como em Zywamner. Levando em consideração o fato de ter levado um tiro, ela se antecipou em determinar que imprevistos pudessem acontecer e que em quaisquer circunstâncias seus colaboradores deveriam permanecer sempre atentos preservando impreterivelmente por suas integridades. Na sequência expos os motivos pelos quais determinou o encerramento daquelas missões, uma vez entender que milhares de Planetas necessitam de atribuições preliminares da mesma forma que os três já conhecidos, onde suas interferências surtiram os efeitos por ela desejados. Assim, se diz satisfeita pelos trabalhos realizados e a ajuda de seus colaboradores cientificando-lhes que doravante estariam livres para dar continuidade a tais missões compreendendo que suas aptidões determinariam suas próprias investidas se assim o quisesse bastando se concentrar e partir para os mundos que estivessem dispostos em auxiliar. Concomitantemente, as novas determinações esclareceram algumas dúvidas e ela, se diz tranquila por saber que a rotina de tais intervenções os levaria aos mais variados mundos, mas sempre daqueles em estado evolutivo inferior a Terra. Esboçou as características dos mundos mais elevados falando da sua experiência vivida no Planeta Segoy I e mostrou serem contraproducentes estas intenções. 
- E você Isabele, o que pretende fazer? 
- O mesmo que vocês. Continuarei intervindo nos mundos que julgar serem necessárias tais intervenções. - Não quero dizer com isto que não nos veremos mais, mas estaremos livres para tomarmos as decisões que julgarmos satisfatórias as nossas atribuições. Os seus livres arbítrios serão os juízes de seus atos e caberá a cada um de vocês o discernimento sobre as suas atitudes. Trabalhem sós ou em grupo, mas saibam que suas diretrizes ou intervenções, por menor que sejam sempre e de qualquer forma modificarão sobremaneira o estado evolutivo dos Planetas visitados. Além disso, eu tenho outras questões particulares ainda por resolver, então, vão e tornem suas missões em atos prazerosos, não deixando de aproveitar suas próprias vidas.
Ela os abraçou, um a um dizendo-lhes agora possuírem os poderes dos Deuses e apenas isso, se constitui na maior responsabilidade já atribuída aos homens. 
Fim.
Olá caro (a) leitor (a) amigo (a).
Sim! - Eu já o considero como amigo. Afinal estamos juntos nesta aventura há um bom tempo e me sinto muito feliz por sua presença, paciência e dedicação.
Muito Obrigado!
Antonio Bencardino
Capítulos de Segoy I:
Capítulo 1 - “O olho da mente”
Capítulo 2 - Um emaranhado de vidas 
Capítulo 3 - A primeira viagem no tempo 
Capítulo 4 - O Planeta Segoy I 
Capítulo 5 - Os adeptos as suas estratégias 
Capítulo 6 - Desordem em Yron 
Capítulo 7 - Um diálogo entre verdadeiros amigos 
Capítulo 8 - De volta a Zywamner 
Capítulo 9 - O encontro dos terráqueos com os Reis medievais
Capítulo 10 - Enquanto isso, em Zywamner... 
Capítulo 11 - Conversa entre Reis e Deuses 
Capítulo 12 - O dom da telepatia
Capítulo 13 - Colaboradores prontos para serem livres




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